VIVAS E VAIAS


Durante a semana, costumo recortar notícias que me entusiasmam e outras que reduzem meu nível de confiança num mundo menos indigesto, mais humanamente solidário. Abaixo, exponho algumas delas, caracterizadas, aqui, em duas categorias, a dos vivas e a das vaias.

1. Aplausos entusiásticos para as senhoras nordestinas que resolveram proporcionar a ampliação da auto-estima através de fotografias sensuais muito bem produzidas, iguais às da reportagem publicada no último número da revista ALGOMAIS. Mulheres quarentonas, cinquentonas, sessentonas, posando para ensaios de duas profissionais que entendem do riscado, favorecendo um viver melhor e uma sensualidade que estava entocada por inibições, complexos e outros abobamentos desnecessários. Da reportagem, apenas um senão para o título anunciado: Mulheres comuns viram capa de revista, nunca! Mulheres bravias viram capa de revista, sim! Mulheres que perceberam chegada a hora de apresentar ao mundo uma postura que se encontrava sufocada por motivos os mais diferenciados. Uma disposição que certamente estará sendo devidamente complementada por um aprimoramento cultural adequado, através de leituras e bate-papos com gente que saber fazer acontecer, com metodologia apropriada. Nunca abandonando o mente sã em corpo sadio apregoado pelos antenados de todos os tempos históricos. Nesta segunda-feira, salve o Dia Internacional da Mulher!!

2. A letra de Roubolation, uma paródia que faz um estupendo sucesso na Internet, bem que poderia ser inserida na propaganda eleitoral deste ano. Para minimizar as alienações e abestalhamentos dos eleitores que se vendem ou são engabelados por marginais candidatos, que prometem mundos e fundos, deixando esfolados os fundos de milhares de eleitores trouxas. Nas eleições deste ano vamos promover o Defenestration dos sabidões e safadões, os roubolíticos do Poder Legislativo.

3. A constatação, na ALGOMAIS, do poeta danado de bom e também arquiteto Jessier Quirino emerge em boa hora, num dos momentos encruzilhadais mais significativos da nossa história: “Vejo, com muita tristeza, gerações inteiras perderem as boas referência e se embriagarem num mar de mediocridade”. Uma opinião de quem bem conhece a alma brasileira, principalmente a nordestina, onde a sabedoria do matuto sobre políticos – “essa turma ensina rato a subir de costas em garrafa e, se vendesse cavalo, arranjava um jeito de ficar com o galope” -, cuja grande maioria merecia “um esfregar de urtiga nos seus vícios”, e rabos, aprimorando o caminhar da Democracia Brasileira.

4. Viva Leonardo Boff !!: “Ao analisar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), temos a impressão de ser devolvidos ao século XIX”. Boff sabe muito bem o que está dizendo.

5. Um escárnio ao contribuinte brasileiro: segundo a Vara de Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, sete em cada dez ex-menores deixam de cumprir a determinação de, estando em liberdade vigiada, dormir todas as noites numa instituição credenciada, sem que um padre-nosso aconteça de penitência. Segundo o psicanalista Renato Mezan, “o Estado brasileiro não sabe controlar a violência da sociedade civil de modo a desestabilizá-la. Ora é demasiado brutal, ora injusto com os mais fracos,ora complacente com os poderosos”.

6. Lamentavelmente, o premiado filme A Fita Branca “reduz o nazismo a um problema de autoestima. Não conheço maior insulto à inteligência dos presentes e à memória dos ausentes”. E com um alerta que deve ser sempre relembrado: “a ideia de um nazista como vítima da violência inata e orgânica da sociedade alemã pré-1914 é uma forma perversa, ainda que involuntária, de absolver qualquer criminoso de todos os seus atos mais nefandos”. Escreveu João Pereira Coutinho, na Folha de São Paulo,

7. Não dá pra fingir que nada se sabe, quando o noticiário internacional retrata a greve de fome de Guillermo Fariñas, um antigo fiel ao regime comunista, também combatente em Angola, que rebelou-se contra os abusos do poder instalado na Ilha. Tal e qual a do pedreiro Orlando Zapata, falecido há duas semanas, que também lutava pela libertação de presos políticos cubanos.

8. Se o Ciro Gomes estiver com a razão – “O José Serra é a Dilma do Fernando Henrique Cardoso” -, o João Silvino da Conceição provavelmente se decidirá pela não-cara-de-fantasma. E se o vice da Dilma for Henrique Meireles, ele se convencerá de vez. E mais porque “na era fernandiana, a carga tributária cresceu 6 pontos porcentuais. Sob Lula, 4 pontos”. E o PIB expandiu-se mais a partir de 2003.

9. Não intervir no DF é desperdiçar uma oportunidade ímpar de melhor embelezar politicamente uma das capitais mais lindas do planeta. Livrando-se dos mais de quarenta ladrões do Ali, Arruda para os mais íntimos. Que deverão ser trancafiados na Papuda.

10. Considero a homossexualidade um tipo de sexualidade, continuando hétero sem qualquer complexo de superioridade. Mas prostituição, seja ela de que tipo for, merece combate sistemático. Principalmente se for administrada de dentro do Vaticano por um dos Cavalheiros de Sua Santidade, de nome Ângelo Balducci, no mais recente escândalo da Santa Sé. O Ângelo possuía, além das suas atribuições de “intermediário proxenético”, a de carregar o caixão em funerais papais.

(Portal da Revista ALGOMAIS, 08/03/2010, Recife – PE)
Fernando Antônio Gonçalves