REFLEXÃO SEMANAL:
UMA MISSÃO INADIÁVEL
As inolvidáveis parábolas do Homão da Galileia, nosso adorado Irmão Libertador, deveriam ser lidas, relidas, reinterpretadas e seguidas sempre à luz de uma contemporaneidade que está atormentando pelas diferenciadas conjunturas, umas involucionárias, outras trágicas, com milhões de inocentes vitimados, todos convivendo com esperanças, desilusões, construções incompletas e desconstruções comunitárias inconsequentes.
Um dos mais oportunos balizamentos comportamentais da era atual advém de um educador pernambucano que muito admiro: “Não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança. A matriz da esperança é a mesma da educabilidade do ser humano: o inacabamento de seu ser de que se tornou consciente. Seria uma agressiva contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, o ser humano não se inserisse num permanente processo de esperançosa busca” (Paulo Freire). E o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, já sentenciava sem apelação: “O Espiritismo falharia se se isolasse.”
O já muito turbulento século 21, de futuro ainda muito pouco delineado, está a exigir reinterpretações analíticas de inúmeros fatos e feitos passados, físicos e psíquicos, exigindo melhores compreensões e explicitações causais sobre fatos que possuem configurações diferenciadas da atual pós-modernidade. E uma estudiosa kardecista, Dora Incontri, percebeu amplamente tal necessidade, quando escreveu: “Desde o início do século XX, ensaia-se uma interpretação dialética do espiritismo ou o entendimento de que o espiritismo é necessariamente dialético, primeiro com Manuel Porteiro, depois com Humberto Mariotti e Herculano Pires. Kardec, em nenhum momento de sua obra, citou o termo, nem mesmo mencionou o conceito. Mas, seguem esses autores aquilo mesmo que ele recomendou: que o espírito deveria caminhar com a ciência, em seus avanços, e deveria estar em diálogo com a cultura, como ele mesmo fazia em seus ensaios na Revista Espírita.” (A construção do Reino. O pensamento de J. Herculano Pires, p. 25).
Diante do acima exposto, parabenizo entusiasticamente o articulista Adauto Santos, do Distrito Federal, pelo seu excelente texto Os Caminhos do Movimento Espírita Brasileiro, publicado na Revista Internacional de Espiritismo, outubro 2025. No seu escrito, ele alerta para o distanciamento do Movimento Espírita Brasileiro de uma efetiva ação conscientizadora contra as atuais condições precárias de milhões de brasileiros, distância tornada cúmplice de um silêncio nada evangélico, diante das inúmeras urgências humanas atuais, desligado de um balizamento legitimamente kardecista ainda muito pouco assimilado pelos irmãos espiritistas: “O Cristo não desampara a Terra, mas nos convida a ser seus braços. Que honremos o legado de Chico e Bezerra, não com saudosismo, mas com ações que falem mais alto que palavras.” E o articulista citado ressalta em seu artigo, algumas urgências do Movimento Espírita Brasileiro:
– Retomar à disseminação analítica das obras de Allan Kardec;
– Formar lideranças comprometidas com uma caridade reestruturadora;
– Analisar a obra de Allan Kardec com olhos críticos contemporâneos;
– Dialogar com todas as ciências e os diferenciados movimentos sociais;
– Enaltecer mais efetivamente a Parábola do Bom Samaritano, conscientizando povos e nações através do narrado em Mateus 25,14-30.
Que o Movimento Espírita Brasileiro rejeite os fundamentalismos anestésicos, supere os distanciamentos com os movimentos sociais e torne-se cada vez mais um farol de esperança, consolo e edificação de amanhãs libertários, onde todos possam ter vida plena e abundante, a refletir a humanidade ideacional do Nazareno, nosso sempre amado Jesus Cristo, o maior revolucionário de todas as eras planetárias.