VIVA GERMANO!


Se fosse escolher um tipo inesquecível da minha vida universitária, elegeria o professor Germano Coelho, que também foi paraninfo da minha turma Economistas 1966 da UNICAP, eleito por esmagadora maioria dos concluintes.

Como se poderia definir Germano Coelho? Como idealizador das Semanas Nacionais de Estudos Jurídicos da Faculdade de Direito da então Universidade do Recife, 1956? Como aluno laureado da Faculdade de Direitos do Recife, 1950? Como PhD pela Faculdade de Direito da Universidade de Paris, 1953? Como fundador e primeiro presidente do Movimento de Cultura Popular, 1960? Como Secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco, 1963? Como fundador e primeiro presidente do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco, 1963? Como fundador e primeiro Superintendente do Centro de Integração Empresa Escola de Pernambuco, 1968?; Como Professor Titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, 1970? Como prefeito de Olinda, eleito em dois mandatos não consecutivos? Como membro da Academia de Artes e Letras de Pernambuco? Como autor de vários livros, portador de inúmeras condecorações, consagrado em inúmeras ocasiões por palestras memoráveis?

Peço licença para contar um fato que me marcou para toda a vida, que ressalta a inteligência privilegiada, a cultura sólida e a oratória ímpar do professor Germano Coelho. Aconteceu na minha colação, Economistas de 1966 da Universidade Católica de Pernambuco. No auditório da sede da SUDENE, na Dantas Barreto, Celso Furtado patrono e impossibilitado de comparecer por imposição da ditadura militar> Na hora marcada, eis que Germano nos comunica que apenas tinha redigido metade do discurso e que o restante da sua fala faria de improviso. Presente, entre outros familiares, um futuro cunhado, Roberto Aguiar, estudante brilhante de Direito, cego desde a infância. Neste detalhe está o brilhantismo da inteligência do paraninfo. O Roberto, apenas ouvindo, não percebeu quando o professor Germano Coelho leu a última página datilografada e continuou a falar de improviso por mais uns vinte minutos, sendo ovacionado de pé por quase todos os presentes, o “quase” ficando por conta de alguns alcaguetes de plantão, que por ignorância não tinham percebido o significado da sua fala.

Um homem encantador, o professor Germano de Vasconcelos Coelho, meu professor de Estruturas das Organizações Econômicas, Curso de Economia, UNICAP, 1966, ano de conclusão de curso. Sorrisão aberto, que torna mais acentuados sua arcada dentária> Um docente que à época era profundamente apaixonado pelos kibutzim israelenses, experiência que se tornava vitoriosa nas terras hebraicas.

As homenagens que lhe serão prestadas, no Carnaval 2012, pela Prefeitura de Olinda – leia-se prefeito Renildo Calheiros -, deverão ampliar as admirações de brasileiros de todos os matizes ideológicos por quem sempre pensa, com muito senso sócio-histórico-econômico, os amanhãs pernambucanos, nordestinos e brasileiros.

Parabéns, professor Germano Coelho, deste seu aluno que jamais o esqueceu em sua caminhada profissional! E que não esquecerá jamais desse seu jeitão de falar sorrindo, extravasando neurônios por todos os poros!!

(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 08.02.2012)
Fernando Antônio Gonçalves