UMA HISTÓRIA DE AMOR
Recentemente, uma senhora de 98 anos, Irena Sendler, eternizou-se. Sua trajetória existencial me foi contada por Rosanna Gorenstein, uma amiga querida e madrinha de casamento. Neste canto de site permito-me contar uma notável história de amor, para servir de exemplo e restauração para todos aqueles que, mentes cabisbaixas, se imaginam para sempre derrotados.
Na Segundo Guerra Mundial, Irena Sendler conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações, embora seu planejamento fosse mais humanamente ambicioso, pois tinha conhecimento das intenções assassinas nazistas para com os judeus, no que era totalmente contrária, embora alemã.
Durante suas atividades profissionais, Irene transportava crianças escondidas no fundo da sua caixa de ferramenta, as mais taludas num saco situado na parte de tràs da sua caminhoeta, levando-as para lugares seguros. Na sua atividade profissional, conseguiu salvar mais de 2500 crianças.
Sendo flagrada em sua atividade solidária, Irene Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a prosão de Paeiak, onde foi brutalmente torturada. Dias após sua chegada, Irene descobriu, debaixo do colchão de palha onde dormia, uma pequena estampa de Jesus Misericordioso, com a inscrição “Jesus, em Vós confio”. Ela conservou consigo tal estampa, até 1979, quando a ofereceu ao papa João Paulo II.
Sabedora dos nomes e endereços das crianças por ela socorridas, Irene Sendler suportou terríveis torturas, tendo sido quebrados ossos dos seus pés e pernas, mas jamais revelou qualquer informação.
Recuperada das fraturas, foi condenada à morte. Enquanto esperava pela execução, um soldadao alemão levou-a para um “interrogatório adicional”. Ao sair, gritou-lhe em polaco: “Corra!”. Correndo por uma porta lateral, escondeu-se nos becos cobertos de neve, até ter a certeza de não ser mais perseguida. Já abrigada em casa de amigos, Irene leu, no dia seguinte, a lista de polacos executados, onde seu nome estava incluso.
Os membros da organização Zegota (“Resgate”) tinham conseguido deter a execução de Irena subornando os alemães, ela continuando sua solidariedade com uma identidade falsa. Ela mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, guardado num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore do seu jardim.
Em 2006 foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz, não tendo sido a eleita, Al Gore sendo agraciado por sua campanha sobre o Aquecimento Global.
A atuação de Irena Sendler retrata fielmente o que existe de solidário no caminhar do ser humano. Sua reflexão acerca dos seus atos de bravura não deve ser esquecida: “A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade.”
Agora, mais do que nunca, com o recrudescimento do racismo, da discriminação e os massacres de milhões civis em conflitos e guerras sem fim em todos os continentes, é imperativo assegurar que o Mundo nunca esqueça de uma notabilíssima história de amor. Gente como Irena Sendler, que salvou milhares de vidas praticamente sozinha, jamais deverá ser esquecida.
Esta História de Amor está sendo enviada por e-mail para todo os meus endereços eletrônicos. Encareço aos leitores o reenvio deste exemplo de solidariedade aos seus amigos. Sem identificar autoria. Como uma homenagem a uma mulher que reagiu diante da sanha assassina nazista, cumprindo o seu papel de cidadã, possuindo as duas mãos e o sentimento do mundo.
Viva Irena Sendler!! Viva a solidariedade humana!
(Publicada em 30/04/2012, no Portal da Revista ALGOMAIS, Recife – PE)
Fernando Antônio Gonçalves