UM CENTRO DE GESTÃO ESCOLAR PARA PERNAMBUCO
Merecem aplausos as Escolas Profissionalizantes implantadas no Estado de Pernambuco, com capacitações voltadas para uma trabalhabilidade coerente com as novas estratégias empreendedoras da região.
E o título acima se fez sonho em meu interior de pernambucanizado quando da leitura de um livro excepcionalmente sementeiro que me chegou às mãos, semana passada, remetido pela pesquisadora educacional Lenice Moura, mente privilegiada e minha colega numa pós-graduação efetivada na PUC do Rio de Janeiro, anos setenta.
Nos Bastidores da Educação Brasileira, a Gestão Vista por Dentro, Artmed, 2010, é composto de colaborações notáveis, prefaciadas pelo pernambucano Cristovam Buarque, hoje figura exponencial do Senado Federal, representando o Distrito Federal. Que ressalta a urgente necessidade da criação de um Centro de Gestão Escolar em cada estado da federação, interligados em rede, trabalhando com dois grandes conceitos, “microgestão educacional” e “macrogestão educacional”, atentos às mudanças paradigmáticas, tecnológicas e pedagógicas que estão emergindo nos mais variados pontos do planeta, a partir de uma consistente educação de base, o alicerce mais significativo de uma escolaridade compatível com o binômio cidadania x mercado de trabalho.
No prefácio, o senador Cristovam Buarque expõe reflexões irretorquíveis: “O baixo desempenho de cada unidade universitária decorre muito mais do baixo desempenho do conjunto da educação nos níveis anteriores à universidade, do que em ineficiências dentro do ensino universitário. O problema micro está no problema macro”; “sem o setor público de qualidade, as instituições de ensino superior perderão milhões de jovens impedidos de estudar por falta de renda familiar”. E defende um novo entendimento para o que seria ensino público e ensino privado: “Uma instituição superior tem caráter público, mesmo se for particular, caso seus profissionais sejam formados com qualidade e sirvam às necessidades do país e da coletividade” e “mesmo quando a propriedade for estatal, são privados os cursos que não tem qualidade ou aqueles que formam para atender ao interesse pessoal, sem uma função também social”. E acrescenta: “formar professores qualificados para a educação de base é um muito relevante serviço público, mesmo que a instituição seja de propriedade particular”.
O livro Nos Bastidores da Educação Brasileira, a Gestão Vista por Dentro deveria estar nas prateleiras das estantes dos gabinetes dos dirigentes universitários de todo o país, orientando a melhor maneira de efetivar uma gestão de qualidade, a fortalecer procedimentos sementeiros na busca de uma oferta de talentos capaz de proporcionar retornos positivos para todos os segmentos sociais, públicos e empresariais.
Num dos textos se encontra uma advertência de Peter Drucker, o guru da gestão moderna: “o conhecimento é diferente de todos os outros recursos. Ele torna-se constantemente obsoleto; assim, o conhecimento avançado de hoje é a ignorância de amanhã. … A produtividade do conhecimento e dos trabalhadores do conhecimento não será o único fator competitivo na economia mundial. Mas é provável que ela se torne fator decisivo, ao menos para a maior parte das iniciativas nos países desenvolvidos”.
Os temas tratados no livro são os mais variados, todos interdependentes: Onde se situará a universidade do futuro?; Como consolidar uma imagem institucional?; Gestão e Qualidade de Ensino; Sustentabilidade financeira e capacidade de autofinanciamento; Avaliação do Ensino Superior; Política de Avaliação da Educação Básica; Desafios da Gestão Financeira; Captação de Recursos nas Instituições de Ensino; Financiamento da Educação; Gestão e Responsabilidade Social; Gestão da Educação a Distância; As especificidades de uma gestão democrática e participativa nas instituições de ensino básico. Temas que poderão servir para lastrear seminários vários sobre como com mais efetividade se deve implementar uma gestão escolar com compromisso comunitário.
Líderes dotados de responsabilidade social e bem capacitados em gestão escolar, seguramente múltiplos benefícios proporcionarão às gerações que anseiam por oportunidades no mercado de trabalho, a favorecer uma pernambucanidade verdadeiramente leão do norte.
(Portal da Globo Nordeste, 28.05.2010, Blog BATE & REBATE)
Fernando Antônio Gonçalves