UM 2015 CONSCIENTE
Abraço fraternalmente os leitores deste JC premiado sob a batuta do Ivanildo Sampaio, desejando um 2015 mais cidadanizador, recordando aqui palavras do Jarbas Vasconcelos, agora deputado federal, em discurso pronunciado em março do ano findado: “Uma educação pública em tempo integral e de qualidade, especialmente no ensino fundamental, que permita a todos os brasileiros terem a convicção de que não é ‘babaquice’ desejar que o metrô os deixe na porta de um grande estádio de futebol ou no centro da cidade onde trabalham”. Na Câmara, o Jarbas Vasconcelos saberá bem ocupar a tribuna deixada pelo também muito bravo Pedro Simon.
Sonho alto, e aqui explicito, os Dez Mandamentos de um caminhar na direção da implementação eficaz de uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o Nordeste: 1. Não ser revolucionário morto; 2. Não confiar nos que pensam ter esboços mágicos e respostas definitivas; 3. Não temer, em momento algum, discutir, discordar, debater e projetar cenários-amanhãs; 4. Não fingir dialogar, transparecendo espírito amargo e dogmático; 5. Respeitar as instituições legislativas e judiciárias, jamais permitindo, pela omissão, que elas resvalem para a classificação “coisas bolorentas e inúteis”; 6. Entender que o recrudescimento do ativismo de aparentes minorias é reflexo das necessidades de um novo sistema de produção; 7. Difundir sempre que os conflitos na sociedade são mais que necessários, são desejáveis, posto que despertadores para futuros menos injustos; 8. Incentivar acordos e convenções mais imaginosos, sensíveis às necessidades em rápida evolução das minorias mutantes e em expansão, legitimando a diversidade; 9. Jamais menosprezar as ainda tênues influências populares, impossibilitando sempre que algumas minorias tiranizem as demais. 10. Compreender e difundir que nem toda descentralização política é garantidora de salutar prática democrática.
Lamento profundamente o diagnóstico contundente do chileno José Miguel Vivanco, diretor-executivo da divisão América da ONG Human Rights Watch: o Brasil está atrasado e precisa ter coragem para julgar os acusados, de ambos os lados, de crimes durante a ditadura militar 1964-1985. E aqui reverencio, representando os mortos do lado não analisado, a memória do poeta Edson Regis e do almirante Nelson Gomes Fernandes, assassinatos em julho de 1966, e do executivo da Souza Cruz, morto por simplesmente trabalhar numa multinacional.
Os anéis e os dedos de todos estão a depender da vontade política de participar de todos. O ditado “pimenta no abre-te-sésamo dos outros é refresco” está pairando sobre gregos e troianos. A hora é de muito refletir para um agir rápido e consistente, solidário e não-suicida.
Sejamos, em 2015, mais leitores do verso e do reverso, rejeitando sectários e apocalípticos, manés que lambem botas e os alisa-ovos dos detentores de um poder cada vez mais provisório. Leiamos muito para nos desabestalharmos mais!! Recordando Paulo Freire: “Cuidado para os oprimidos não se tornarem opressores”. Até sempre, como proclamava o Dom!!
(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 02.01.2015)
Fernando Antônio Gonçalves