TALENTO PERNAMBUCANO


O nome de Pernambuco está ressoando bem alto na área musical internacional. Porque o mais celebrado instrumentista de corda de todos os tempos, o título foi simplesmente atribuído pela Folha de São Paulo, é um pernambucano de 52 anos, radicado na Suíça, recentemente operado com sucesso do pulso direito, que resolveu botar no papel a história da sua trajetória artística até os dias atuais.

O nome do talento pernambucano é Antônio Menezes. Contando com o auxílio de dois jornalistas, ele resolveu contar as coisas importantes que lhe aconteceram, ressaltando não ser uma simples biografia. Segundo ele, “o livro é uma mistura de memórias pessoais e reflexões sobre a música”, revelando na primeira parte episódios como a sua vitória no Concurso Tchaikovski de Moscou, as gravações com a Filarmônica de Berlim, as apresentações com o regente Herbet von Karajan, além do período vivenciado no Beaux Arts Trio, o trio de piano mais famoso de todos os tempos. A segunda é dedicada ao violoncelo e suas aplicações nas atividades pedagógicas por ele desenvolvidas.

Para Meneses, a ideia de escrever um livro surgiu ao final de 2009, diante da possibilidade de operar um tumor que incomodava seu pulso direito. A sugestão partiu de Rosana Lanzelotte, cravista e sua parceira musical. O livro deverá ser lançado no próximo mês de outubro, quando Meneses se apresentará na Sala São Paulo, com a Orquestra Sinfônica daquele estado.

Para quem aprecia boa música, o Meneses estará atuando no Festival de Inverno de Campos de Jordão, em duo com a pianista portuguesa Maria João Pires, quando também lançará um disco gravado com a orquestra britânica Northern Sinfonia.

Antonio Meneses nasceu em 1957 no Recife, de uma família de músicos, onde o pai, João Jerônimo de Meneses, foi 1º. Trompa da Ópera do Rio de Janeiro. Começou a estudar violoncelo aos 10 anos de idade, aos 16 conheceu o violoncelista italiano Antonio Janigro, que o convidou para frequentar suas aulas em Düsseldorf e mais tarde em Stuttgart. Com 20 anos, ganhou o 1º Prémio no ARD Concurso Internacional de Munique, conquistando em 1982, aos 25 anos, o 1º Prémio e Medalha de Ouro no Concurso Tchaikovsky, Moscou.

Violoncelista, apresenta-se regularmente com as mais importantes orquestras do mundo: a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres, a Sinfônica da BBC, a Orquestra do Concertgebouw de Armsterdã, a Sinfônica de Viena, a Filarmônica Checa, a Filarmônica de Moscou, a Filarmônica de São Petersburgo, a Filarmônica de Israel, a Orchestre de La Suisse Romande, a Orquestra da Rádio da Baviera, a Filarmônica de Nova Iorque, a National Symphony Orchestra (Washington D.C.) e a Sinfônica NHK de Tóquio, entre outras.

Antonio Meneses é convidado constante em importantes festivais de música, incluindo os de Porto Rico (Festival Pablo Casals), Salzburgo, Lucerna, Viena, Berlim, Praga (Festival de Primavera), Nova Iorque (Mostly Mozart), la Grange de Meslay (festival de Sviatoslav Richter na França) e Colmar (festival de Vladimir Spivakov na França). Apresenta-se também regularmente em recitais de música de câmara, tendo colaborado com os quartetos Emerson, Vermeer, Amati e Carmina. Desde Outubro de 1998, é membro do Beaux-Arts Trio.

Para além da sua agenda de concertos, Antonio Meneses orienta cursos de aperfeiçoamento na Europa, nas Américas e no Japão, tendo assumido, a partir de outubro de 2007, as funções de professor de violoncelo no Consevatório de Berna, Suíça, sempre portando um violoncelo de Alessandro Gagliano, fabricado em Nápoles, por volta de 1730.

Antônio Meneses se dedica predominantemente ao repertório tradicional escrito para o violoncelo. Um músico consagrado internacionalmente e que bem merece um carinho especial dos seus conterrâneos. Um recifense que magnificamente representa Pernambuco no cenário musical planetário, um estado que se encaminha celeremente para amanhãs esplendorosos.

Jornal do Commercio, 25.08.2010
Fernando Antônio Gonçalves