SABER, DESENVOLVIMENTO, AGENDA 2019
Atualmente, somente os débeis não reconhecem que o conhecimento está situado como fator propulsor das engrenagens processuais de todo crescimento econômico. A partir de estudos desenvolvidos na Universidade de Chicago, anunciados preliminarmente quando de uma aula magna do professor Robert Lucas, na Universidade de Cambridge, postula-se, hoje, como hipótese comprovada, que a fonte primordial do crescimento econômico de qualquer país são “os efeitos que os grupos ou instituições têm sobre a produtividade dos indivíduos, através das interações conhecidas por todos como as vivenciadas em família, em universidades, em cidades, em regiões e em empregos”.
Tais processos, segundo o próprio Lucas, geram externalidades, a principal delas advinda da área educacional e dos procedimentos políticos da formação de capital humano. O conhecimento possibilita rendimentos de escala aos que o detêm, tornando-se infinitamente mais dificultoso para os ainda não iniciados.
O mundo em desenvolvimento está convencido que todo processo de crescimento econômico a longo prazo, dada a velocidade atual dos acontecimentos históricos, é energizado pela acumulação de conhecimentos comunitários, que maximizam as oportunidades surgidas, reduzindo a mínimos insignificantes os obstáculos emergentes. Atualmente em mais rápida evolução pelas redes sociais, através da internet e das telecomunicações.
Hoje, o segmento especializado em desenvolvimento econômico-social reconhece como essenciais pré-requisitos dois vetores: educação básica e instituições indutoras. Quanto mais educação básica de qualidade, maiores os embornais cognitivos amealhados. E quanto maior o embornal e mais eficaz a indução provocada pelas instituições, maiores os níveis de cidadania, menores os índices de analfabetismo funcional, melhores os níveis políticos, mais acentuadas as tesões coletivas na busca de um lugar ao sol para todos os seres humanos.
O professor Álvaro Antônio Zini Jr., área de Administração da USP e, até bem pouco tempo atrás pesquisador-visitante na Universidade de Harvard, não deixa por menos o seu alerta: “não se pode deixar a universidade no Brasil no seu estado de semi-abandono atual”. E mais: “a universidade é considerada por segmentos relevantes das elites brasileiras como quase dispensável, pouco digna de maior atenção e pouco merecedora de maiores verbas, isenta, por conta disso, de maiores cobranças”. Pode-se dizer, afoitamente e já prevenido contra algumas “dentadas”, que a Universidade Brasileira necessita reeducar-se politicamente para o social, sem partidarizações pedantes nem ideologizações esquerdozas, muito pouco dialéticas, messiânicas a grande maioria. Uma reeducação para tornar-se eficaz para todos, mormente para os que ministrarão conteúdos pedagógicos aos docentes de educação básica.
A questão universitária, no Brasil foi “fotografada” pelo Cláudio de Moura Castro sob um ângulo muito sincero: “O ensino superior brasileiro é confuso e variado. Há cursos bons e cursos péssimos. Os cursos bons são prejudicados por serem tratados de cambulhada com os péssimos. E os péssimos não podem ser consertados com o remédio dos bons. Pior, há cursos que poderiam ser bons se fossem tratados como precisam. Há imensa diversidade no ensino superior, daí a grande necessidade de um tratamento diferenciado, em vez de fingir que são todos iguais”.
Enfrentar uma realidade universitária com maneirismos populistas e cestas básicas é conversa pra boi dormir ou esperteza de quem está tão somente em busca de se consagrar em novos e paritários escrutínios.
Diante do quadro acima, estou convicto de que a uma Agenda 2019 se faz amplamente urgente, certamente gerará valiosos subsídios para o Governo Federal e o Congresso Nacional, eleitos pelas urnas de outubro para um novo mandato, a partir de janeiro corrente.
Agenda deve ser entendida como porta-bandeira de um movimento de reação dos segmentos produtores e comunitários, ameaçados por uma crescente asfixia diante dos cada vez mais ampliados distanciamentos do país dos níveis socioeconômicos minimamente aceitáveis.
Um desenvolvimento eficaz dos seus Recursos Humanos será o principal indicador que evidenciará o Brasil, nos próximos anos, perante a comunidade internacional. E os líderes públicos e empresariais das regiões principiam a perceber que pessoas são o único fator de produção que continuará insubstituível nos futuros amanhãs. Apesar dos avanços extraordinários da informática e da robotização, ambas jamais se desprenderão dos neurônios da raça humana.
A empresa moderna necessita ser flexível às mudanças velocíssimas que se estão processando mundo afora, através de uma capacitação profissional consistente e contemporânea, desenvolvida por uma área de Recursos Humanos comprometida com uma competitividade indutora, que promova a empresa através de gerenciamentos empreendedores, adeptos da teoria do “quanto melhor, melhor”, positiva, jamais mimética, voltada para um amanhã menos desigual para todos. A observar minuciosamente o setor informal, recheado de lições mais que multiplicadoras
Num contexto de radicais mudanças, a promoção revitalizadora do Ser Humano se torna uma questão de sobrevivência societária. Muito furos acima da ampliação dos níveis de escolaridade, exige-se dos novos gestores talento e sensibilidade, compromisso e compreensão, visão futura e o dever de jamais tornar rotina o que vem sofrendo alterações cenariais contínuas, a ninguém sendo permitido esconder-se por detrás de passados que não mais retornarão.
Analisar os novos horizontes potenciais da cognitividade é prova de fidelidade a um futuro que já se aboletou entre nós, tal fato somente não enxergando quem teima em continuar abulicamente vivendo na idade da pedra lascada, ainda que portando telefone celular e dirigindo motores importados e computadores. Tal e qual aqueles que nos tentam remeter para novo Planeta dos Macacos…
Um Agenda 2019 para empresários e setor público estabelecerem um caminhar estratégico para fins “sobrevivenciais”, eis a razão maior da iniciativa. Os primeiros, dos micros aos macros, ampliando a capacidade de andar com as próprias pernas, o segundo, sem paternalismos nostálgicos, buscando integrar mais qualitativamente a máquina pública aos interesses comunitários brasileiros mais legítimos.
Fernando Antônio Gonçalves
(Publicada em 07.01.2019, no Jornal da Besta Fubana e no site www.fernandogoncalves.pro.br.)