REENGENHARIA PROFISSIONAL 2017


Quando das atividades desenvolvidas Brasil afora, divulgando as linhas principais de um desenvolvimento profissional compatível com os novos e desafiadores tempos de crise mundial, tenho recomendado muito fraternalmente, aos profissionais das instituições trabalhadas, uma consistente reflexão sobre uma experiência biológica denominada A Síndrome do Sapo Fervido, frequentemente levada a cabo na área biológica. Ela tem servido para um despertar de todos para uma inadiável RPI – Reengenharia Profissional Individualizada, oportuníssima num cenário nacional cada vez mais competitivo, onde a criatividade vem se tornando fator indissociável da competência e do compromisso para com uma dinâmica institucional que objetive um casamento, o mais perfeito possível, entre Retorno positivo dos investimentos aplicados e Satisfação profissional coletiva.

A experiência é a seguinte: um sapo é colocado num recipiente, com água da sua própria lagoa, ficando estático durante todo o tempo em que a água é aquecida até ferver. O sapo não reage ao aquecimento gradual da temperatura da água, morrendo quando a água principia a ferver. O sapo morre inchadinho e feliz.

Inúmeros profissionais, alguns até com imensa folha de serviços prestados, lamentavelmente estão com um comportamento muito similar ao do Sapo Fervido. Não estão percebendo as mudanças que se estão se processando velozmente, achando sempre que tudo está bom, que a amizade com os “homens de cima” vai suprir suas deficiências de comunicação humana ou relevar suas práticas de antigamente, suas principais muletas. E por não saberem “enxergar” que a era do paternalismo já cede vez a uma época de muita profissionalidade, terminam fazendo um estrago dos diabos em suas próprias carreiras, “morrendo” inchadinhos, teimando em esconder o lixo debaixo do tapete ou não percebendo que “um pequeno buraco pode afundar um grande navio”. Ou ainda buscando tapar ingenuamente o sol com a peneira, quando o mais oportuno seria “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”, assimilando prá valer o pensar da Cora Coralina, uma mulher arretada de ótima e também poetisa, que um dia escreveu que “a verdade não envelhece, o caminho não tem fim, a vida sempre se renova”.
Que procedimentos deveriam ser adotados para que uma Reengenharia Profissional Individualizada surtisse efeitos positivos, beneficiando profissionais e organizações? Declino algumas posturas individuais que muito contribuiriam para a superação dos ibopes gerenciais negativos de cada um:
a. Comece por pequenos gestos, mas comece, enfatizando a descoberta de novos caminhos, as eternas lamentações sendo apenas um mote para novos desafios;
b. Lembre-se sempre que o valor maior está no envolvimento pessoal, no relacionamento e na influência para fazer as coisas acontecerem;
c. Jamais se deixe iludir pela sensação de ser apenas uma agulha no palheiro;
d. Uma cabeça estratégica é bem melhor que uma mente saudosista;
e. Experimente dar o primeiro passo, nem que seja para participar acanhadamente das discussões de alguma palestra, ou ler algo sobre novas posturas comportamentais, semente de criatividade;
f. Evite “gastar todo o seu gás”, matutando como fazer sua ideia tornar-se concreta, cansando-se antes de dar o primeiro passo;
g. Observe com mais atenção o que está acontecendo no seu derredor, descobrindo as potencialidades dele.
As “dicas” acima, possuem embasamento teórico em “mandamentos sagrados” deixados pelos que experimentaram na própria pele os dissabores de indesejáveis desatrelamentos, ficando para trás por negligência, desatenção, comodismo ou desprofissionalidade aguda. Refletir sobre cada um dos “mandamentos” abaixo, seguramente fortalecerá o interior profissional de cada um:
a. O que nos faz sobreviver e nos manter interessados, como espécie humana, é o hábito de aprender;
b. O segredo para uma profissionalidade contemporânea é a percepção plena de que somos eternamente inconclusos;
c. Realizam mais coisas as pessoas que aprenderam a pensar regularmente;
d. O verdadeiro aprendizado é aquele consubstanciado numa voraz curiosidade, vivenciada nas oportunidades surgidas;
e. Sozinhos jamais lidaremos com a Vida e com o Mundo;
f. É sempre muito sensato pedir as graças de Deus, posto que ELE é inteligente e sabe muito mais do que todos nós juntos;
g. Uma autoestima deficiente somente favorece o surgimento de pernósticos e pusilânimes especialistas;
h. O sucesso é um conjunto integrado de várias coisas ao nosso alcance, todas elas abordadas de maneira correta;
i. A função de toda administração é fazer com que todos sejam bem sucedidos;
j. Difícil é reconhecer de pronto um arrogante, posto que ele não mostra esse tipo de comportamento para aqueles que são importantes para ele, principalmente os superiores hierárquicos.
Finalmente, para não torrar miolos, alguns princípios pessoais ajudam a refletir melhor sobre procedimentos profissionais, num dia-a-dia cada vez mais desafiador:
a. Manter sempre uma atitude crítica;
b. Entender em definitivo que só aprende quem tem dúvidas;
c. Desconfiar positivamente dos seus atos e princípios, para contínuas ultrapassagens;
d. Estar seguro de que quanto mais preparado, mais claras são as ideias;
f. Buscar aprender com outras pessoas, comprovando possuir inteligência;
g. Perceber que só desinformados e tolos caem no conto da varinha mágica;
i. Desconfiar, mas desconfiar mesmo, dos donos da verdade, dos que se imaginam saber tudo.
j. E jamais esquecer que uma das melhores formas de aprender é errar.
No mais, é continuar seguindo adiante, injetando sempre anticorpos nos estilos pessoais de aprender e desaprender para reaprender. E como o volume dos conhecimentos está duplicando a cada quatro anos, profissional é aquele que aprende a desaprender com facilidade, para aprender um pouco mais, usando sua intuição criadora para promover o crescimento da organização, das pessoas que nela trabalham e dele próprio, o seu melhor amigo, logo abaixo do Criador.

(Publicado em 04.09.2017 no site do Jornal da Besta Fubana (www.luizberto.com) e em nosso site www.fernandogoncalves.pro.br.)
Fernando Antônio Gonçalves