PROFETA DA DEMOCRACIA


O país já aprofunda sadios conflitos eleitorais, às vésperas de 2014, quando poderemos renovar o cenário político brasileiro, expurgando duas barbaridades ideológicas: uma parte da extrema direita, majoritariamente dinossáurica, com a enxergância voltada para ontens que não mais retornarão e sem um mínimo de oxigênio criativo. Do outro lado, uma parte da esquerda que é pura safadagem, deliquente por índole bandida, buscando o poder para ampliar suas ganâncias pessoais, nem que por isso assuma “providencialmente” uma gerência de estabelecimento hoteleiro na capital federal do país.

Recomendo aos candidatos novatos, bem como aos antigos ainda em formação, a leitura de Alexis de Tocqueville (1805-1859), um escritor, pensador político e historiador francês. Sua obra de referência é o livro “Democracia na América” (1835). É considerado um dos autores mais influentes do liberalismo no ocidente, junto a Adam Smith, Friedrich Hayek, Joseph Schumpeter e Raymond Aron.

Alexis Henri Charles Clérel de Tocqueville veio de família aristocrática pertencente à pequena nobreza do antigo regime, anterior à revolução francesa. Em 1830, com a chegada de Luís Felipe ao poder, Tocqueville prestou juramento de fidelidade, embora continuasse filiado ao partido legitimalista de Carlos X, que visava restabelecer um regime contrário às reformas liberais depois de 1789. Em 1831, resolveu empreender viagem aos Estados Unidos a fim de realizar uma pesquisa sobre o código penal americano. Porém, suas intenções tomaram outro rumo quando escreveu o esboço do que seria sua obra-prima, o livro ”Democracia na América”.

A primeira parte do livro foi publicada em 1835, onde ele refletiu sobre as instituições e a sociedade americana e sua tradição política. A segunda parte, publicada em 1840, trata das questões sobre igualdade e de que forma esse conceito poderia prejudicar a liberdade dos indivíduos.

Depois da experiência nos Estados Unidos, Tocqueville afirmou ser contrário aos movimentos revolucionários acontecidos em seu próprio país, a França, por achar que a ideologia da igualdade era opressora da liberdade individual, sendo a revolução americana mais genuína no sentido de atender os anseios do povo.

Tocqueville foi colaborador da segunda constituição francesa na segunda república. Também foi ministro das Relações Exteriores do governo de Luís Napoleão. Ele ainda publicou os livros “O Antigo Regime e a Revolução” (1856) e “Lembranças de 1848” (1893). É um dos autores de maior influência das ideias liberais no ocidente.

Como sobremesa oportuníssima, Gracias a la vida – memórias de um militante, de Cid Benjamin, José Olympio, 2013. Memórias de um articulador do sequestro de embaixador, excepcional analista do marasmo que assola os últimos 20 anos de uma vida brasileira fingidamente republicana.

(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 13.121.2013
Fernando Antônio Gonçalves