PRESENTE SURPRESA


Numa solidariedade não identificada, deixaram na portaria uma BKJ – Bíblia King James, letra grande, edição de estudo, publicada no Brasil em setembro do ano passado, em comemoração aos 400 anos da primeira edição, Londres 1611. Numa tradução acurada, a BKJ “prima por um texto tão claro quanto elegante, ao mesmo tempo requintado e acessível, rigoroso na precisão exegética e hermenêutica, transposta para o nosso idioma com extrema erudição e sensibilidade”, a partir dos manuscritos sagrados das línguas originais.

Agradeço o envio da BJK que muito auxiliará minhas reflexões e orações, já efetivadas no NT da BJK tornado público em 2007, pela Abba Press. E sublinhei no presente recebido o que já tinha ressaltado no NT, um balizamento diário agora mais que nunca indispensável para minha reta final de existência: “Não andeis ansiosos por motivo algum; pelo contrário, sejam todas as vossas solicitações declaradas na presença de Deus por meio de orações e súplicas com ações de graça” (Fp. 4,6).

Na edição de estudos AT/NT, o poeta Castro Alves é relembrado: “Oh! Bendito o que semeia livros… livros à mão cheia, e manda o povo pensar. O livro caindo n’alma é gérmen que faz a palma. É chuva que faz o mar…” E no prefácio, o Dr. Lisânias Moura, pastor sênior da Igreja Batista do Morumbi, mestre em teologia pelo Dallas Theological Seminary, EUA, traz uma explicação sobre a origem da BKJ, resultado do trabalho conjunto de 50 notáveis exegetas e biblistas britânicos: “Planejada inicialmente, a pedido do rei James, por volta de 1607, para ser um trabalho criterioso de revisão de alguns excessos doutrinários observados na conhecida versão da Bíblia de Genebra, a obra ganhou força e iluminação espiritual incontroláveis; e daquele trabalho apenas corretivo produzido pelos mais brilhantes estudiosos de toda as denominações cristãs britânicas reunidas na Universidade de Oxford, surgiu a mais lida e amada das Escrituras Sagradas desde 1611 até nossos dias em todo mundo”.

A BKJ atualizada, minuciosamente revista, contém os mais recentes relatórios arqueológicos elaborados com base nos Rolos do Mar Morto, bem como os Textos Críticos alemãs, trabalhos de exegese dos antigos manuscritos bíblicos nas línguas originais (hebraico, aramaico e grego).

A tradução inglesa da BKJ, efetivada em benefício da Igreja Anglicana, causou um profundo impacto na literatura britânica como um todo, sua versão tendo influenciado autores como John Bunyan, John Milton, Herman Melville, John Dryden e William Wordsworth, entre outros. Alguns historiadores relacionam, inclusive, o papel que ela exerceu nas próprias revoluções inglesas do século XVII, dada sua farta distribuição por todas as camadas sociais da época.

Até hoje a BKJ é respeitada por cristãos das mais variadas denominações, existindo segmentos que a consideram a melhor tradução já feita das Sagradas Escrituras. Confesso que as leituras do AT muito me cativaram, bem com os esclarecimentos que favoreceram a minha pobre enxergância de militante.

(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 1º.12.2013
Fernando Antônio Gonçalves