POSTURAS SEMENTEIRAS


Em Gana, fundada em 2008, o Meltwater Empresarial Escola Superior de Tecnologia (MEST), juntamente com o programa MEST Incubadora, fornece treinamento, investimento e mentoring para aspirantes a empreendedores de tecnologia, objetivando a criação de empresas de sucesso mundial, criadoras de riquezas e postos de trabalho no próprio continente africano. Além disso, o MEST oferece, a cada doze meses, programa de tempo integral intensivo, capacitando os melhores alunos formados em Gana e Nigéria, favorecendo a construção de empresas de tecnologia bem sucedidas, envolvendo programação de computadores, desenvolvimento de software, gestão de produtos, finanças, marketing e práticas de liderança.
Desde a sua criação, MEST já treinou mais de 200 empresários nigerianos e ganenses e investiu US$ 15 milhões em programa de treinamento e incubação. O MEST foi recentemente reconhecido pela Fast Company como uma das 10 Empresas Mais Inovadoras da África.

Uma das lideranças africanas, Ashok Bhanault, um nascido em 1943 em Mombasa, Quênia, fez a introdução do livro O Futuro de Deus – ética, religião e espiritualidade na nova ordem mundial, de Adjiedj Bakas & Minne Buwalda, editado no Brasil pela editora Girafa, em 2011. Segundo ele, “no livro, eles escrevem sobre as tendências na religião, ética e espiritualidade no século 21, proporcionando uma leitura essencial para pais e filhos, professores e alunos, políticos e policiais, órgãos de governo e instituições de ciências sociais. Ler e absorver essas tendências é muito importante, para que cada pessoa, instituição, organização ou até mesmo governo possa considerar as implicações de tantas transformações em suas políticas e estilos de vida. … O século 21 vai testemunhar o surgimento de ideais e filosofias manifestadas por várias crenças, assumindo um papel importante como doutrinas da conectividade global.”

Quais são, segundo os autores, as megatendências atuais? São sete: 1. Individualização da religião num cenário religioso multiforme; 2. Novas ortodoxias e a politização da religião; 3. Comercialização da religião e à midiatização de Deus; 4. Ascensão do Deus Verde; 5. Mercado crescente de crenças apocalípticas e o desenvolvimento de uma consciência mais elevada; 6. Deslocamento do foco da doutrina religiosa para a experiência religiosa; 7. Existência de religiões influenciadas por superpotências multiculturais e de ascensão do moralismo.

Dois outros livros, além do acima citado, um editado em 2013 e outro no ano passado, podem servir de sólida complementação, favorecendo uma compreensão mais consistente sobre os amanhãs que nos esperam, onde uma espiritualidade se consolida a olhos vistos, o ser humano contemporâneo há muito já percebendo que todas as denominações religiosas possuem visões e revelações, inclusive o próprio Cristianismo, com seus santos portadores de ampla mediunidade, conforme comprovações efetivadas pela Doutrina Kardecista.

O primeiro deles, o mais recente, é Homo Deus uma breve história do amanhã, Yuval Noah Narari, São Paulo, Companhia das Letras, 2016, 444 p. Uma combinação monumental de ciência, história e filosofia, numa tessitura capaz de esclarecer os mais renitentes na compreensão de quem fomos, somos e seremos nos amanhãs que nos aguardam.

Tido e havido por muitos analistas como o melhor livro escrito sobre a história da humanidade, comprovando que a guerra está se tornando obsoleta, a fome se encontra em declínio e a morte tornou-se tão somente um problema técnico, apesar dos múltiplos sinais desanimadores que disseminam desesperos, depressões e suicídios entre jovens. Será ainda que as modificações genéticas estarão à disposição de todos ou apenas disponíveis para uma elite biológica capaz de dominar uma Inteligência artificial que saiba coordenar os aspectos mais relevantes da vida e da sociedade? Tudo analisado e estruturado a partir de uma visão incrivelmente original de nossos ontens, sempre mesclando com maestria pesquisas de ponta e estupendas análises de redescoberta de quem fomos e do que seremos.

Um segundo livro, editado em novembro de 2016 pela Companhia das Letras, Editora Globo, 848 p., é de autoria de Thomas Mann, escrito em 1924, e intitula-se A Montanha Mágica. Narra a história de Hans Castorp, um jovem e promissor engenheiro naval, acometido de tuberculose, internado num sanatório situado nos Alpes suíços. No internamento, o paciente se relaciona com inúmeros personagens enfermos, portadores de um sem-número de conflitos espirituais e ideológicos antecessores da Primeira Guerra Mundial. Considerado a obra-prima do premiado escritor alemão, o texto trata de temas os mais variados: estados doentios e corpóreos, a arte, o amor, a natureza do tempo e da morte, o embate entre democracia e totalitarismo. O autor ressalta que desenvolverá seu texto “pormenorizadamente, com exatidão e minúcia – pois desde quando a natureza cativante, ou enfadonha de uma história depende do espaço ou do tempo que exige? Sem medo de sermos acusados de meticulosidade, inclinamo-nos, pelo contrário, a opinar que realmente interessante só é aquilo que tem bases sólidas.” Uma leitura que não ser feita de afogadilho, muito pelo contrário. Necessita de tempo disponível para meditar sobre uma época que jamais retornará.

Leituras sementeiras, certamente amplamente cidadanizadoras, para finais estágios mentais paulinos (1Co 13,11).
(Publicado em 09.01.2017 no site do Jornal da Besta Fubana e no site www.fernandogoncalves.pro.br)
Fernando Antônio Gonçalves