PONDERAÇÕES DE UM SEMPRE APRENDIZ


Para os que estão de férias, é recomendável uns instantes de meditação, para ratificar ou retificar comportamentos, na contemplação de novos horizontes. Sempre atentando para o revelado pelo salmista – Por que temer, nos dias infelizes, a malícia dos espertalhões que me cercam, e os que contam com sua fortuna e se vangloriam da sua riqueza? (Salmo 49). E redimensionando a todo instante seus níveis de cidadania, evitando sutis envenenamentos consumistas, inoportunas desatualizações culturais e desastrosos esmorecimentos espirituais, que comprometem as três pilastras do viver: a dignidade, a integridade e a auto-realização. Suportes indispensáveis para quem postula ampliar os paradigmas da existencialidade: a fé, a esperança e a caridade.
Oportuno também, num minutinho entre papos e passeios, uma releitura sobre o que disse Albert Schweitzer, ao receber o Prêmio Mundial da Paz, em Oslo, 1952: “O homem tornou-se um super-homem…Mas super-homem com poderes sobre-humanos que não atingiu o nível de razão super-humana…. Impõe-se sacudir nossa consciência ao fato de que nos tornamos tanto mais desumanos quanto mais nos convertemos em super-homens”. Palavras complementadas pela constatação feita por Erich Fromm: “Somos uma sociedade de pessoas notoriamente infelizes: solitários, ansiosos, deprimidos, destrutivos, dependentes — pessoas que ficam alegres quando matamos o tempo que tão duramente tentamos poupar”. Dois pensares que poderão auxiliar muitos na descoberta de um novo Eu, mais humanizado, mais ecológico, mais entrosado nos novos cenários empreendedores mercadologicamente dinâmicos, mais familial comunitariamente, a aldeia global sendo seu principal domicílio século XXI.
Muitos, após seus períodos de férias, perceberão que “atividade é uma conduta intencional socialmente reconhecida, que resulta em mudanças correspondentes, socialmente úteis”. E que ter maior poder cerebral será, sem dúvida alguma, o próximo desafio dos próximos anos dois mil, uma nova fronteira, com diferenciadas formas de convivialidade. Sempre usando o tempo como ferramenta, jamais como um divã, como costumava alertar o presidente John Kennedy.
Recomendaria, com a devida vênia, para os que ainda estão de papo pro ar, identificar seu melhor mentor: leituras, papos, Internet, meditação transcendental, ioga, trabalho comunitário, entre outros notáveis. Com o cuidado para não se deixar escravizar por correntes, visões, tarôs e tarados. Percebendo que o futuro chega ultra rapidamente. E que todo futuro vira hoje, para ser logo passado, numa velocidade alucinante.
Após as férias, atenção para não cuidar das coisas certas nas horas erradas, o vice-verso também sendo desagradável. Não esquecendo que a raça humana não se locomove em bandos, nem jamais duvidando que a competência é bem mais rentável que mero diploma.
Permanecer sempre no centro do seu ser, ainda é a melhor maneira de se aprender um pouquinho mais. E de apreender derredores, fatos e cenários. Vacinando-se contra a confiança em demasia, a especialização individual excessiva, a rotinização do convívio e a cegueira estrutural.
E sonhar sempre. Sempre com os pés bem plantados e o coração apaixonado, posto que a lição de T.S.Eliot continua contemporârea: “Somente quem se arrisca a ir longe fica sabendo até onde pode chegar”.
As emoções de voar principiam-se com a experiência sentida pelas ameaças do cair, eis uma lição que muitos ajuntadores de dinheiro ainda não perceberam. Quem ainda não se esborrachou, sempre se nutrindo do bom e do melhor, se abeberando dos financiamentos públicos e dos mensalões de todos os naipes, desconhece a experiência do arriscar, preferindo o ti-ti-ti da futilidade, sempre rejeitando a travessia “de lagarta a borboleta”.