1497 – PARA UMA PREPARAÇÃO QUARESMAL


A filha mais jovem de uma vizinha muito amiga da minha saudosa mãe, a Silvinha, me informa sua pretensão de efetivar, em sua residência, reuniões de preparação quaresmal, nível além de ecumêmico, congregando espiritistas e espiritualistas das mais variadas vertentes, também participando alguns jovens que se postam como céticos e dois babalorixás pernambucanos intelectualmente apetrechados. O mote será extremamente oportuno: Como preservar a espiritualidade do ser humano em um mundo repleto de acontecimento desumanos, não solidários e intensamente fúteis.
E a Silvinha informa ainda que o grupo pautará seus debates fraternais com base numa pequena coleção de livros, previamente do conhecimento de todos, cada um devendo ainda apresentar um pequeno texto próprio, cada um sendo escolhido previamente por sorteio, ao final de cada encontro.
Apresentarei um texto que escrevi há alguns anos, adaptando-o ao momento histórico atual. Ei-lo:
UM HOMEM ALÉM DE ÓTIMO
Certa feita, numa reunião de profissionais de uma determinada área, o coordenador indagou a todos sobre a figura mais importante da História da Humanidade. A unanimidade recaiu sobre Jesus Cristo, nosso Irmão Libertador. Em seguida, ele perguntou sobre os livros que cada um tinha lido nos últimos três anos sobre tão notável personagem. Aí o curto-circuito aconteceu: apenas três dos vinte e seis presentes, todos de nível superior, haviam lido algumas páginas de livros pouco analíticos, infantilmente apologéticos, apropriados para mentes desarticuladas das exigências de uma espiritualidade que deveria ser cativante e efetivamente evolucionária, sem fobias nem vitimismos, tampouco sectarismos fundamentalistas.
O coordenador, um jovem de pouco mais de cinquenta anos, indicou alguns textos que poderiam consolidar uma compreensão mais robusta sobre o Filho de Deus.
Como na história acima, apresento ao grupo, abaixo, uma pequena lista de livros por mim já manuseados, que seguramente servirão para uma enxergância maior sobre os atuais riscos sofridos por uma fé infantilizada, edulcorada por fantasias explicitadas por oportunistas religiosos mais preocupados com os recursos financeiros arrecadados pelas suas iniciativas cênicas.
Ei-la, resguardando apenas a prioridade para a primeira indicação:
1. A ARTE DE PENSAR, Ernest Dimner, Campinas SP, Kirion, 2020, 198 p. O autor (1866-1954), sacerdote católico francês, sempre dizia que “a arte de pensar é a arte de ser eu mesmo”, dividindo seu livro em quatro partes profundamente sementeiras: O Pensamento, Obstáculos ao pensamento, Estímulos para o pensamento e Pensamento Criativo.
2. A BÍBLIA DE ÁLEF A ÔMEGA: UM GUIA PARA ENTENDER COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NÓS, Rodrigo Silva, São Paulo, Ágape, 2020, 352 p. O autor é pastor e teólogo, uma das maiores autoridades brasileiras em Bíblia Sagrada. Ele mostra como a Palavra de Deus chegou até os dias atuais e porque ela é digna de plena credibilidade. Uma leitura fascinante e sem eruditismos pernósticos.
3. A ARTE DE QUESTIONAR: A FILOSOFIA DO DIA A DIA, A. C. Grayling, São Paulo, Editora Fundamento Educacional, 2014, 320 p. O autor, através de uma série de perguntas provocativas, acredita que a vida somente tem sentido através de valores edificados para uma caminhada bem sucedida em direção à Luz Divina. Páginas que orientam como pensar o cotidiano, sempre na perspectiva criadora de novos horizontes edificantes.
4. TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE A BÍBLIA – 159 RESPOSTAS ESCLARECEDORAS, José Bortolini, São Paulo, Paulus, 2019, 220 p. Explicações amplamente didáticas, evitando-se erudições livrescas que favorecem críticas destrutivas, ensejando distanciamentos de uma espiritualidade racional amplamente binoculizadora.
5. TEOLOGIA ESPÍRITA, Lamartine Palhano Júnior, Rio de Janeiro, CELD, 2004, 508 p. Páginas excelentemente bem explicitadas para os espiritistas presentes, seis se mão me engano, recomendando-se uma leitura atenta de consolidação analítica comparativa entre as teologias Mosaica, Cristã e Espírita.
Atualmente, inúmeros crentes e descrentes estudam a notável figura histórica do Nazareno, multiplicando-se as análises sobre Ele, principalmente nos Estados Unidos, onde pesquisas amplas favorecem a fascinação das comunidades com indagações as mais diferenciadas: Foi Ele o verdadeiro fundador do Cristianismo? Será que, com o passar do tempo, alteraram Seus discursos? Será que utilizaram fraudulentamente as mensagens de amor e de fraternidade por Ele deixadas? Como Seus adeptos se multiplicaram e por que eles se dividiram? Como teria sido o ambiente histórico, cultural e político da Palestina daquele tempo? Como aconteceu o processo romano contra Ele e qual a função exercida por Pôncio Pilatos, o único personagem extra comunidade nazarena citado num Credo Apostólico? Qual o valor histórico dos apócrifos e qual a autenticidade dos textos do historiador Flávio Josefo? E o Santo Sudário teria realmente acontecido? E o Nazareno era militante essênio?
Análises sedutoras, racionais e compreensíveis, elaboradas sensatamente para apreender os fatos históricos vivenciados por um Ser Humano por quem sou integralmente apaixonado.

Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social