PARA UM UNIVERSITÁRIO
Através de e-mail, um ex-aluno, hoje pai de família de quatro rebentos, solicita envio de pontos de reflexão para um filho acadêmico de Administração 2016. Com os votos de sucesso para o jovem, exponho alguns parágrafos preparados para papos com jovens profissionais recém contratados no mercado de trabalho:
1. Com sabedoria se diz que “a vida é curta demais para se pensar pequeno” e que “se você deseja saber se realmente consegue nadar, não perca tempo em águas rasas”, posto que “qualquer pessoa que escolhe um alvo plenamente alcançável na vida já definiu os seus próprios limites”. Uma atriz famosa já dizia: “Nunca diga nunca. Nunca é algo muito distante e incerto, e vida é rica demais em possibilidades para que seja restringida dessa forma”. Perceba-se sempre sobrepairando sobre o dia-a-dia trivial, semeando além do que já está plantado.
2. Lembre-se sempre que o ser humano foi feito para agir. Já dizia o notável Shakespeare que “nada pode resultar de nada”. A palavra trabalho não é um conceito bíblico obscuro. Ela e suas derivações aparecem mais de duzentas vezes nas Escrituras Sagradas. Há um ditado antigo que diz que “a preguiça viaja tão devagar que a pobreza logo a ultrapassa”. No mundo encontramos os que fazem as coisas e os que falam sobre fazer coisas. Molière dizia, numa das suas obras, que “todo homem é igual quanto às suas promessas. Eles se distinguem apenas pelos seus feitos”. Perceba sempre que a maioria dos nossos problemas surge quando optamos pelo nada-fazer em lugar do trabalho.
3. Nasceu cega, surda e muda, mas soube dar a volta por cima, tornando-se uma das grandes personalidades norte-americanas. Foi Helen Keller que disse, certa ocasião, numa conferência internacional: “A ciência pode ter encontrado a cura para a maioria dos males, no entanto ainda não encontrou o remédio para o pior de todos – a apatia dos seres humanos”.
4. Aviso encontrado numa Universidade Norueguesa: “Não conseguimos encontrar respostas para todos os nossos problemas. As que encontramos apenas nos levaram a formular novas questões. Sentimo-nos, hoje, tão confusos como antes. Acreditamos, entretanto, que estamos confusos num nível mais alto e sobre coisas mais importantes”.
5. Muito bem já dizia a poeta Cora Coralina, que nem tinha nível superior: “A verdade não envelhece, o caminho não tem fim, a vida sempre se renova”.
6. Todo cuidado é pouco com os seres humanos medíocres. Na definição de José Ingenieros, um médico psiquiatra argentino já eternizado, autor de O Homem Medíocre, no Brasil editado pela Juruá, “o homem medíocre é uma sombra projetada pela sociedade; é por essência imitativo e está perfeitamente adaptado para viver em rebanho, refletindo as rotinas, preconceitos e dogmatismos reconhecidamente úteis para a domesticidade. Assim como os seres inferiores herdam a “alma da espécie”, o medíocre adquire a “alma da sociedade”. Sua característica é a de imitar a quantos o rodeiam, pensar com a cabeça alheia e ser incapaz de formar ideais próprios”.
7. Reflexões de um rabino famoso, explicitadas no seu livro QUANDO TUDO NÃO É O BASTANTE, Nobel, várias edições:
a. Por que gente, com tantas razões para ser feliz sente, de maneira tão intensa, que lhe falta alguma coisa?
b. O dinheiro e o poder não satisfazem aquela fome sem nome que temos na alma.
c. O que nos frustra e rouba a alegria de nossas vidas é a ausência de significado delas.
d. A Psicologia pode nos ensinar a ser normais, mas precisamos procurar em outra fonte a ajuda de que necessitamos para sermos humanos.
e. Visualizar a vitória como objetivo da vida nos força a ver os outros como competidores ou como ameaças à nossa felicidade.
f. Se você ama uma pessoa porque ela está sempre tentando lhe agradar, e só faz o que você quer que ela faça, isto não é amor.
g. As pessoas que se sentem impotentes e frustradas são mais perigosas para a sociedade do que as que conhecem os efeitos de sua influência e sabem usá-la com sabedoria.
h. Nenhuma gota d’água sozinha é mais forte que a rocha, mas muitas delas juntas conseguem a vitória final.
i. Há ocasiões na vida em que temos que nos diminuir para nos tornamos maiores.
j. Se fôssemos perfeitos, nada poderíamos aprender, porque isto implicaria uma falha interior.
8. Era uma vez um velho que costumava meditar bem cedo, todas as manhãs, debaixo de uma grande árvore na margem do rio Ganges, na Índia. Uma manhã ele viu um escorpião boiando indefeso na correnteza do rio. De repente, o escorpião foi levado pela correnteza para perto da árvore e ficou preso entre as raízes que se estendiam para dentro do rio. Lutava desesperadamente para se libertar, mais cada vez mais se enrolava. Quando o velho viu isso, imediatamente estirou-se ao longo das raízes e procurou salvar o escorpião que se afogava. O animal virou-se e o mordeu. Instintivamente, o homem retirou a sua mão. Mas tendo retomado o equilíbrio, mas uma vez esticou-se para salvar o agonizante escorpião, e cada vez que o velho chegava perto, o escorpião o mordia tão furiosamente que as mãos do velho ficaram inchadas e ensanguentadas, e sua face se contorcia de dor. Naquele momento, alguém que passava, vendo o velho estirado sobre as raízes, lutando com o escorpião gritou: – Velho idiota, estás louco? Somente um louco arriscaria a sua vida para salvar esse animal mal-agradecido! Vagarosamente o velho virou sua cabeça e olhando calmamente bem nos olhos do estranho, disse: – Amigo, porque é da natureza do escorpião morder, devo eu abandonar a minha própria que é a de salvar?
No mais, jovem muito amado pelos seus pais, seguir adiante sem olhar para trás nostalgicamente, posto que uma velha lição aprendi com o coronel-médico Tércio Bacelar, pai da notável economista pernambucana Tânia Bacelar, talento brasileiro na sua especialidade: “Quem gosta de passado é museu!” Sucesso nos seus caminhos acadêmicos, amigo!!. Disponha sempre!!!
(Publicado em 15.02.2016, no site do Jornal da Besta Fubana – www.luizberto.com/sempreamatutar)
Fernando Antônio Gonçalves