NÃO ÀS CANALHICES


Foto de primeira página de um jornal sulista de grande circulação bem revela a dimensão do praticado por grupelho vândalo. Destruir patrimônio público nada tem a ver com posturas oposicionistas a uma determinada iniciativa governamental. É ato acanalhado de uns poucos ajumentados que se imaginam salvadores da pátria, pela via da destruição do que pertence à comunidade.
Aqueles delinqüentes seguramente jamais ouviram falar de Betinho, um dos maiores e mais lúcidos líderes das nossas áreas progressistas. Se possuíssem tino, seguramente compreenderiam a sua advertência: “O movimento popular não pode achar que o melhor caminho é o sem alternativa e retorno. Que a única solução para os conflitos é o confronto e que a melhor forma de chegar à democracia é cruzar na frente dos tanques. Que a melhor forma de fazer heróis é praticar o suicídio. Não pode também achar que uma pessoa com razão tem o direito de fazer tudo o que lhe der na cabeça e, depois, cobrar solidariedade e apoio de todos os demais. Nem pode achar que o título de esquerda confere legitimidade a todas as propostas ou que todos os miltantes do movimento popular acordam e dormem com a verdade debaixo do braço”.
Não percebem os tresloucados que, apesar de todos os pesares, o Brasil apresenta estatísticas impressionantes. Não sabem eles que o Produto Interno Bruto equivale economicamente à soma da Suécia e Espanha ou de Taiwan e Rússia ou da Dinamarca e Bélgica e Holanda. E que o IBGE informa que a classe média brasileira é 8% maior que a população da Alemanha e maior que a soma da República Tcheca, Bélgica, Hungria, Portugal, Suécia, Áustria, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Irlanda, Nova Zelândia, Luxemburgo e Islândia. Uma classe média brasileira equivalente a um terço da população dos Estados Unidos e a 72% da população do Japão.
Não compreendem os moleques interesseiros nas eleições do próximo ano, porque desvairados ideologicamente, que o Brasil já possui uma classe média que necessita estar mais eficazmente estruturada para o lado da responsabilidade social. Que abjura vandalismos e histrionices reivindicatórios politicamente débeis. Uma percepção já explicitada pelo senador Cristóvam Buarque, importante liderança do pensar crítico brasileiro: “O caminho não está em repudiar o socialismo, ou ficar na crítica ao neoliberalismo. Mas em entender a dimensão da crise, perceber a realidade da luta de interesses e oferecer alternativas que incorporem as massas, sem perder o apoio das camadas que são assalariadas, mas já participam do bem-estar do país moderno que é o Brasil”.
Temos que superar nossas mazelas, que são inúmeras. Mas tentar se aproveitar debiloidemente das manifestações reivindicatórias, num país que busca se afirmar no cenário mundial para ampliar sua competitividade no enfrentamento dos desafios da pós-crise mundial, é verdadeiramente dose para elefante.
Sou brasileiro e pugno por uma distribuição de renda bem menos vexaminosa que a atual, uma das piores do mundo. Creio que devemos muito às raças que nos estruturaram como nação, mas não posso aceitar provocações cretinas que inibam a nossa civilidade, favorecendo a emersão de poderes jamais progressistas, facistóides ou estalinistas.
Contemplar a foto da ministra Dilmna Rousseff, PhD proclamada de mentirinha, sendo “abençoada” por religiosos comandados pelo “apóstolo” Estevam Hernandes e a “bispa” Sônia Hernandes, recém libertos de um xilindró norteamericano, onde estavam por malandragens financeiras, enoja a consciência de eleitores cidadanizados. Que se encontram atônitos, para 2010, diante dos palanques da Ministra PAC, do careca auto-proclamado Pai dos Pobres, da amazonense Irmã Dulce e dos direitosos travestidos de mansos cordeiros. E de uma PEC que amplia em mais de sete mil o numero de vereadores brasileiros, mamadores do dinheiro público, de criatividade quase nula e civismo abaixo de zero.
Sejamos abertamente críticos, jamais detonadores das nossas conquistas democráticas, alcançadas a duras penas à custa da vida de milhares de brasileiros, sacrificados por que bravamente pugnaram pelo nosso amanhã soberano.