INICIATIVA OURO DE LEI


No Livro dos Médiuns, também denominado Guia dos médiuns e dos evocadores, editado em Paris em janeiro de 1861, Allan Kardec explicita no Capítulo III (Método) da Primeira Parte (Noções Preliminares), itens 34/35: “Em dez pessoas completamente novatas no assunto, que assistam a uma sessão de experimentação, ainda que das mais satisfatórias na opinião dos adeptos, nove sairão sem estar convencidas e algumas mais incrédulas do que antes, porque as experiências não corresponderam ao que esperavam. Dar-se-á o inverso com as que puderem compreender os fatos, mediante conhecimento teórico antecipado. … Aos que quiserem essas noções preliminares, pela leitura das nossas obras, aconselhamos que as leiam nesta ordem: 1ª. O que é espiritismo- Uma brochura de uma centena de páginas, uma exposição sumária dos princípios da Doutrina Espírita, uma visão geral que permite ao leitor abranger o conjunto dentro de um quadro restrito. Em poucas palavras, ele percebe o seu objetivo e pode julgar o seu alcance. Aí se encontram respostas às principais questões ou objeções que os novatos costumam fazer; 2ª. O livro dos Espíritos – Contendo a doutrina completa, tal como a ditaram os próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas consequências morais. Quem o lê compreende que o Espiritismo tem um fim sério, que não constitui frívolo passatempo; 3ª. O livro dos médiuns- Destinado a guiar os que queiram entregar-se à prática das manifestações, dando-lhes o conhecimento dos meios mais aprimorados para se comunicarem com os Espíritos. É um guia, tanto para os médiuns, como para os evocadores, e o complemento de O livro dos Espíritos; 4ª. Revista Espírita – Variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e de trechos isolados, que completam o que se encontra nas duas obra precedentes, e que representam, de certo modo, a sua aplicação. Sua leitura pode ser feita ao mesmo tempo que a daquelas obras, porém será mais proveitosa e, sobretudo, mais inteligível, se for depois de O livro dos Espíritos.” E Kardec complementa com a sensatez de sempre: “Não nos cabe ser juiz e parte e não alimentamos a ridícula pretensão de ser o único distribuir da luz. Compete ao leitor separar o bom do mau, o verdadeiro do falso.”

Alguns esclarecimentos históricos se fazem indispensáveis, expostos na orelha da primeira coletânea em Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos Ano 1958, pela primeira vez publicada no Brasil, em julho de 2016, pela Edicel Editora, tradução do francês de Júlio Abreu Filho: “Um ano após a publicação de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec sentiu a necessidade de publicar o conteúdo dos seus estudos, pesquisas, correspondências e mensagens que continuavam a surgir: ‘Apressei-me, diz Allan Kardec, em redigir o primeiro número, que fiz publicar em 1º. de janeiro de 1858, sem ter dito nada a ninguém. Não havia nenhum assinante, nem financiador algum. A publicação foi feita, portanto, por minha conta e risco, mas não tive por que me arrepender, pois o sucesso ultrapassou a minha expectativa. A partir dessa data, os números saíram sem interrupção e, como tinha previsto o Espírito, a revista tornou-se para mim eficiente auxiliar. … Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder a causa inteligente está em razão da magnitude do efeito’”.

Na contra capa: “Durante onze anos e quatro meses de trabalho intensivo, de janeiro de 1958 a março de 1869, Kardec ofereceu-nos mensalmente toda a História do Espiritismo, no processo de seu desenvolvimento e sua propagação no século dezenove… A coleção da Revista Espírita é a mais prodigiosa fonte de instruções doutrinárias e informações sobre o Espiritismo.”

A Editora Cultura Espírita – EDICEL resolveu fazer história no campo editorial do Espiritismo no Brasil, lançando a coleção completa da Revista Espírita, bastando acessar o site www.boanova.net. E logo no primeiro volume, jan-dez de 1858, observarão a intenção maior da publicação: ‘Nossa Revista será, assim, uma tribuna, na qual, entretanto, a discussão jamais deverá afastar-se das normas das mais estritas conveniências. Numa palavra, discutiremos, mas não disputaremos. As inconveniências de linguagem jamais foram boas razões aos olhos da gente sensata: é a arma daqueles que não possuem algo melhor, e que se volta contra quem a maneja.”

Na Introdução apresentada na primeira revista, publicada em janeiro de 1858, justifica-se a necessidade de editar uma revista de tamanha importância histórica: “Largo espaço será reservado às comunicações escritas ou verbais dos Espíritos, desde que tenham um fim útil, assim como às evocações de personagens antigas ou atuais, conhecidas ou obscuras, sem desprezar as evocações íntimas que, muitas vezes, nem por isso são menos instrutivas. Numa palavra: abarcaremos todas as fases das manifestações materiais e inteligentes do mundo incorpóreo.”

A coleção da Revista Espírita é a mais prodigiosa fonte de instruções doutrinárias e informações sobre 0 Espiritismo. Uma iniciativa editorial que merece entusiásticos aplausos!

(Publicado em 16.01.2017 no site do Jornal da Besta Fubana e no site www.fernandogoncalves.pro.br)
Fernando Antônio Gonçalves