IDEIAS SOLTAS, AFOITAS E SEM RABO


Recebo mensagem enviada por professora da rede estadual, aqui não identificada para evitar implicâncias gerenciais: “Professor, explicite ideias afoitas para nossos gestores. Já perto da aposentadoria, ainda conservo a esperança e a fé nos amanhãs do libertário Leão do Norte, que amamos de paixão”. Sensibilizado, envio para ela, via Jornal da Besta Fubana, que de abiscoitado não tem nadinha, todo já antenado para as eleições deste ano, algumas opiniões e sugestões que bem poderiam ser implementadas numa gestão educacional democraticamente reestruturadora, paulofreireanamente empreendedora. Sempre de olho no futuro desta terra de altos coqueiros, de Frei Caneca a Paulo Cavalcanti, passando pelas mulheres de Tejucupapo, Gilberto Freyre, Gregório Bezerra, Mauro Mota, Nayde Teodósio e muitos outros notáveis já eternizados:

1. A qualidade da rede privada no Ensino Profissionalizante necessita ser melhor fiscalizada pela SE, fortalecendo profissionalidades compatíveis com os desafios futuros. É preciso separar o joio do trigo, favorecendo as iniciativas criativas e inovadoras de escolas públicas e particulares de todos os níveis de ensino, fiscalizando “ad nauseam” as instituições vigaristas, inclusive as fingidamente religiosas, que desejam apenas levar vantagens financeiras, os fingidamente educados que se virem pela vida afora, com suas incompetências encruadas, sem mais possibilidade de remendo ou ultrapassagem.

2. Seminários estratégicos com os gestores regionais de educação muito favoreceriam binoculizações efetivas e uma maior articulação com os poderes municipais e a Universidade de Pernambuco, evitando desperdícios de recursos públicos e iniciativas para inglês ver, cheias de blá-blá-blás e nenhuma consequência efetiva.

3. Formação continuada de professores, gestores e técnicos, ampliando o senso crítico e a formulação de propostas de médio prazo imbricadas com a realidade social, eis o desafio para gestores destartarugadores.

4. Sensibilidade para com uma continuada atualização dos cursos e currículos das escolas públicas, tarefa relevante focada para os dois primeiros níveis de ensino.

5. Favorecimento nunca pontual de articulações estratégicas com as demais secretarias estaduais e órgãos como SENAI e SENAC, garantindo agilidade no repasse dos recursos para sequenciamento das iniciativas conjuntas.

6. Consolidação do Ensino Fundamental, através de escolas de tempo integral e material didático estruturado e confeccionado nas áreas estaduais públicas e empresariais, favorecendo uma editoração regional e uma necessária complementação com o todo nacional.

7. Estímulo às iniciativas relacionadas com o Ensino a Distância, não titubeando nas erradicações das práticas espuriamente mercantilistas, engabeladoras por derradeiro, ilusionistas para os desatentos da capital e do interior.

8. Reestruturação do Conselho Estadual de Educação, ampliando suas vagas para 20, num sistema paritário, cabendo à Universidade de Pernambuco assento permanente naquele colegiado.

9. Estruturação de debates sobre a avaliação no Ensino Profissionalizante, diante das alterações paradigmáticas acontecidas nos últimos tempos. Atualmente, apenas o SENAI já é possuidor de atualizações consistentes nessa área de ensino.

10. Construção, ampliação e atualização permanentes de bibliotecas, laboratórios de informática, laboratórios de ciências e quadras esportivas, evitando a depredação das instituições e as obsolescências tecnológicas.

11. Atenção redobrada para uma comprovação gritante: baixos salários afastam da carreira os melhores quadros e são um desestímulo para aperfeiçoamentos profissionais. Quando chegará o dia, como na Finlândia, onde somente os 10% melhores do Ensino Médio podem concorrer a uma vaga dos cursos superiores de Pedagogia?

12. Na área da Educação, inclusive gestora, uma reflexão do Albert Einstein deveria estar fixada como paradigma: “A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao tamanho normal”.

13. Na Cidade da Copa, onde se efetivará futuramente o campus da UPE, com residências estudantis suficientes e adequadas, uma oportunidade se descortina: a implementação de um Instituto Superior de Gestão, Pesquisa e Avaliação em Educação, focado nos diferenciados níveis de ensino, inclusive o semipresencial e o a distância. E na identificação dos mais talentosos, que merecem tratamento diferenciado.

14. Reforço de disciplinas específicas oferecido aos sábados para alunos cotistas dos cursos da UPE, fortalecendo os níveis de aprendizado para melhor cumprimento do currículo acadêmico. Uma iniciativa amplamente vitoriosa em algumas unidades de ensino superior.

15. Cautela permanente com um sintoma autofágico por derradeiro: a perda da prioridade pública nas políticas educacionais, resvalando-se para modelos puramente mercantis, nunca relegando a batalha cotidiana por uma escola pública de qualidade.

16. Alertar sempre os recém ingressados nos cursos superiores e os que estão se diplomando também: o futuro já chegou desde ontem, num mundo irrequieto e turbulento, repleto de desorientações e medos. O profissional de um amanhã que já se encontra devidamente instalado em nosso derredor, além dos saberes específicos, necessita ter um nível cultural bastante ampliado, uma visão holística, um nível ético consistente e uma férrea disciplina, qualidades capazes para reoxigenações continuamente indispensáveis.

No mais, sempre acompanhar Pitágoras: “Educar as crianças para que não seja necessário punir o adulto”.

(Publicada em 17.02.2014, no Jornal da Besta Fubana, Recife, Pernambuco)
Fernando Antônio Gonçalves