GRANDES RELIGIÕES


Ganhei, num Natal passado, do amigo muito querido padre João Pubben, hoje na Holanda, um livro pra lá de oportuno para aqueles que buscam minimizar sua deficiência cognitiva em áreas religiosas. Da editora portuguesa Texto & Grafia, As Grandes Religiões do Mundo – Cronologia, História e Doutrinas, Henri Tincq (coordenador), 2010, 446 p., o livro foi estruturado sob três abordagens: a observação, a convicção e a pedagogia.

A observação decorre de uma constatação: a espiritualidade emerge cada vez mais nos quatro rincões do mundo, reconhecida inclusive por aqueles que não pertencem a qualquer denominação ou que declaram não ter religião. Além das crescentes informações na mídia – ebulição do islamismo, atividades desenvolvidas pelo papa Francisco, escalada da direita religiosa nos Estados Unidos, influência do budismo no Ocidente, os textos de Chico Xavier e Divaldo Franco –, os modos considerados clássicos de transmissão dos conhecimentos religiosos (escola, família e catequese) já não possuem a mesma efetividade dos tempos pretéritos. Em 1955, o escritor francês André Malraux já anunciava: “o principal problema do fim de século será o problema religioso”, acrescentando a necessidade de reintegração do divino diante das terríveis ameaças que pairavam e ainda pairam sobre a humanidade, principalmente de um Humanismo sem Deus.

A convicção advém de uma constatação histórica: o fato religioso, nas sociedades modernas, não deixou de exercer influência nas mentalidades, nos comportamentos e nos sistemas políticos, a religião continuando a ser fonte inspiradora para mais de três quartas partes da humanidade, ampliando-se a curiosidade religiosa de milhões, a exigir respostas que reduzam drasticamente a ignorância, mãe de todos os integrismos e materialismos.

O projeto pedagógico se prende à necessidade de se ter um ensino cultural do fato religioso. Um projeto que, sem erudições excessivas, preocupe-se em oferecer ao público de todas as idades uma ferramenta indispensável de orientação balizadora. Uma exposição baseada em seis grandes vertentes: a. A História dos textos originais, dos fundadores e da sua expansão; b. Os dogmas e as doutrinas características de cada religião; c. Os ritos e as práticas; d. As instituições e seus sistemas de autoridade; e. O mapa mundial das crenças e sua evolução através dos tempos; f. A visão de cada religião sobre o homem e o mundo; g. As grandes heranças da Humanidade.

O sumário do livro está assim caracterizado: as religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo), as tradições orientais (hinduísmo, budismo e demais filosofias e sabedorias), e as manifestações situadas à margem das religiões, como o animismo, os sincretismos e os sectarismos. Inclusos no livro uma cronologia e um glossário, além de uma bibliografia e um índice remissivo.

Alguns acadêmicos que estudam o assunto têm dividido as religiões em três categorias amplas: religiões mundiais, um termo que se refere à crenças transculturais e internacionais; religiões indígenas, que se referem a grupos religiosos menores, oriundos de uma cultura ou nação específica; e o novo movimento religioso, que se relaciona a crenças recentemente desenvolvidas. Uma teoria acadêmica sobre a religião, o construtivismo social, diz que a religião é um conceito moderno que sugere que toda a prática espiritual e adoração segue um modelo semelhante ao das religiões abraâmicas, como um sistema de orientação que ajuda a interpretar a realidade e definir os seres humanos, muito embora tal conceituação venha sendo aplicada de forma inadequada para culturas não-ocidentais que não estão baseadas naquele sistema, edificados sob uma construção substancialmente mais simples.

As religiões que afirmam a existência de deuses podem ser classificadas em dois tipos: monoteísta ou politeísta. As religiões monoteístas (monoteísmo) admitem somente a existência de um único deus, um ser supremo. As religiões politeístas (politeísmo) admitem a existência de mais de um deus. Atualmente, as religiões monoteístas são dominantes no mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo, juntos, agregam mais da metade dos seres humanos e quase a totalidade do mundo ocidental. Além destas, o zoroastrismo, a fé bahá’i, o espiritismo e bnei noah são religiões monoteístas.

Os filósofos têm examinado a verdade e a justificação racional para as alegações, e têm explorado os fenômenos religiosos interessantes como a fé, a experiência religiosa, e os traços distintivos do discurso religioso. A segunda metade do século XX foi um período especialmente frutífero, com os filósofos que utilizam novos desenvolvimentos em lógica e da epistemologia para montar as suas defesas sofisticadas, e ou os ataques às afirmações religiosas.

A expressão “filosofia da religião” não entrou em uso geral até o século XIX, quando foi empregada para se referir à articulação e crítica da consciência religiosa da humanidade e suas expressões culturais em pensamento, linguagem, sentindo e prática. Historicamente, a reflexão filosófica sobre temas religiosos teve dois focos:, atitudes, sentimentos e práticas que se acreditava em primeiro lugar, Deus ou Brahma ou Nirvana ou qualquer outra coisa que seria o objeto do pensamento religioso, e, em segundo lugar, o tema religioso humano, isto é, os pensamentos, atitudes, sentimentos e as práticas.

Um livro esclarecedor por derradeiro. Por exemplo, você sabia que Siddhartha Gautama foi aclamado como Buda, que em sânscrito significa O Desperto?

PS. Creio que o mundo tornar-se-ia bem mais integradamente solidário e seguidor do Homão da Galileia se a Doutrina Espírita fosse melhor estudada, principalmente por todos aqueles que, sem preconceitos, analisam as religiões através da razão e da lógica experimental, percebendo todas como um modo de caminhar para a Luz Eterna.

(Divulgado em 08.08.2016, nos sites www.luizberto.com e www.fernandogoncalves.pro.br)
Fernando Antônio Gonçalves