GALHOS DE MESMA ÁRVORE


Um fato transformou radicalmente a vida, o pensar e o agir de um amigo meu de longa data, de Colégio Marista, Universidade Católica e Diretas Já. E a história foi por ele lida no livro A Bênção da Torá – Revelando o Mistério, Liberando o Milagres, de Larry Huch, Bello Publicações.

O pastor Huch, cristão judeu e fundador de um ministério com mais de trinta anos de atividade, é o personagem principal do fato acontecido quando da sua primeira viagem a Israel, há quase quinze anos.

O acontecido foi mais ou menos assim: ao visitar, em Israel, as ruínas da casa de Pedro, uma das atrações turísiticas do país, foi alertado por um amigo de nome Joseph para uma antiga sinagoga, também em ruínas, situada logo à direita, que trazia uma inscrição no batente da porta, informando que ela fora erigida pelos netos dos apóstolos de Jesus. Intrigado, ouviu uma explicação que mudaria por completo seus modos de enxergar o passado:

– Larry, a igreja e a sinagoga foram sinônimas durante trezentos e vinte e cinco anos depois da ressurreição de Cristo. Jesus nunca pretendeu que Seus seguidores se separassem de Israel, do povo de Deus, ou da Torá. Como cristãos, era para sermos ‘enxertados’, ‘transplantados’. Jesus era um judeu, um judeu praticante, que guardava os ensinamentos. Não apenas isso, mas Seus Discípulos e seguidores eram judeus praticantes”.

E o meu amigo, depois de um baita “clique” no seu caminhar cristão, tornou-se sedento pelos conhecimentos de suas raízes judaicas, convicto de que era galho de uma mesma árvore. De pronto, adquiriu uma Bíblia Judaica Completa – Tanak (AT) + B’rit Hadashah (NT), publicação da editora Nova Vida, e O Comentário Judaico do Novo Testamento, de David Stern, editora Atos, o mesmo que traduziu a Bíblia citada do original hebraico para o inglês. E iniciou uma leitura desses livros sob o ponto de vista judaico, não mais da doutrina influenciada por gregos e romanos, assimilando definitivamente uma verdade histórica incontestável: Jesus e Seus Discípulos não foram judeus convertidos, mas sim judeus praticantes, guardadores da Torá.

A leitura do livro do pastor Huch provocou no amigo uma mudança de paradigmas, pela análise consciente e também pela advertência contida numa página pré-prefácio: “Este livro não se destina a fornecer diagnóstico médico ou a substituir o diagnóstico e tratamento médico indicados por seu médico particular”. Advertência plenamente cabível: Huch já foi traficante de droga e viciado.

Ressalta o texto do pastor Huch uma das principais razões pelas quais uma pessoa falha: as diferenças e complexidades da língua ou da tradução. E cita um exemplo aparentemente trivial. Quando ele visitava, certa feita, uma residência de amigo pastor, na Austrália, encareceu permissão para usar o banheiro. Foi indicado o local, onde só encontrou pia, banheira e chuveiro. Constrangido, relatou a situação ao anfitrião, que imediatamente o encaminhou para o WC. Banheiro é sala de banho, WC é vaso sanitário. Explicação dele: “dependendo da sua criação, experiência e cultura, a interpretação pode variar”.

Leitura indispensável para se erradicar dos nossos interiores, preconceitos e discriminações contra um povo, o israelita, que nos proporcionou os ensinamentos de um homem muito diferenciado, o Homão da Galileia, nosso Irmão Libertador.

(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 27.07.2011)
Fernando Antônio Gonçalves