EXERCÍCIO DE IMAGINAÇÃO


Fiquei a conceber mentalmente, outro dia, após minhas leituras noturnas diárias, uma visita que o Allan Kardec faria ao Congresso Nacional do Brasil, buscando classificar os políticos que ali atuam nas diferenciadas agremiações partidárias com base no que foi por ele mesmo delineado no Livro dos Espíritos, 3ª. edição comemorativa do sesquicentenário da primeira edição, Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, página 116 e seguintes.

Segundo explicita o Codificador da Doutrina Espírita, há três ordens principais de espíritos, com suas respectivas classes. Apresento uma síntese dessas ordens e classes, das ordens inferiores às mais elevadas, encarecendo aos leitores deste site muito aplaudido em todos os recantos latino-americanos o “enquadramento” dos parlamentares dos seus estados, ensejando favorecer uma maior enxergância cidadanizadora dos seus derredores comunitários nas próximas eleições.

Na Terceira Ordem, a dos espíritos menos adiantados, se encontram os espíritos imperfeitos. Principais características: predominância da matéria sobre o espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que lhe são consequentes. Nela, cinco classes principais são identificadas, a partir das menos evoluídas.

Na Décima Classe da Terceira Ordem, a última, se encontram os espíritos impuros, aqueles que dão conselhos pérfidos, insuflam a discórdia e a desconfiança, mascarando-se de todas as formas possíveis para melhor enganar. Apegam-se às pessoas de frágil caráter, induzindo-as à perdição. Suas expressões são triviais e grosseiras, revelando a baixeza dos seus pendores, não conseguindo sustentar seus argumentos por muito tempo, traindo sempre suas origens.

Na Nona Classe se agrupam os espíritos levianos, ignorantes, maliciosos, inconsequentes e zombeteiros. Intrometem-se em tudo, sem qualquer preocupação com a verdade. Alegram-se em proporcionar pequenos desgostos, induzindo maliciosamente muitos ao erro, utilizando mistificações e espertezas. São designados de duendes, trasgos, gnomos e diabretes. Utilizam-se de linguagens pouco profundas, sempre explorando o lado ridículo dos seres humanos, retratando-os em traços mordazes e satíricos. Utilizam-se de nomes fictícios, mais por malícia que por maldade.

Na Oitava Classe estão os espíritos pseudo sábios. Acreditam saber mais do que realmente sabem. Utilizam-se de linguagem aparentemente séria que muitas vezes não passa de um reflexo dos seus preconceitos, que não conseguem camuflar presunção, orgulho, ciúme e obstinação.

Na Sétima Classe situam-se os espíritos neutros. Não são bastante bons para fazerem o bem, nem bastante mal para fazerem o mal, jamais se elevando acima da condição vulgar da Humanidade, quer em moral, quer em inteligência. Sempre apegados às coisas miúdas do cotidiano.

Na Sexta Classe posicionam-se os espíritos batedores e perturbadores. Podendo pertencer a todas as demais classes da Terceira Ordem, se explicitam através de pancadas, deslocamentos anormais, agitação do ar, parecendo ser os agentes principais das vicissitudes comunitárias.

Na Segunda Ordem, surgem os Espíritos Bons, cada vez mais adiantados, sempre aliando saber às qualidades morais. Não são movidos pelo orgulho, nem pelo egoísmo, tampouco pela ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme, sempre fazendo o bem pelo bem. Nesta Segunda Ordem, quatro classe são identificadas. Na Quinta Classe, os espíritos benévolos, os que sentem prazer em prestar serviços aos seres humanos, sempre os protegendo através dos seus ainda limitados conhecimentos. Na Quarta Classe estão os espíritos de ciência, reconhecidos pela amplitude de seus conhecimentos. Preocupam-se com as questões morais, só encarando a Ciência pelo prisma da utilidade, nunca sendo dominados pelas paixões peculiares dos espíritos imperfeitos. Na Terceira Classe atuam os espíritos de sabedoria, com suas elevadas qualidades morais, não sendo possuidores de conhecimentos ilimitados, embora dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo reto sobre homens e acontecimentos. Na Segunda Classe pontificam os espíritos superiores, amalgamando sempre Ciência, Sabedoria e Bondade. Utilizam uma linguagem que exala benevolência, comunicando-se de bom grado com os que os procuram de boa fé, afastando-se dos que apenas ensejam satisfazer curiosidade, influenciados por apenas matéria.

Finalmente na Primeira Ordem, os espíritos puros, situados numa classe única, a primeira. São infinitamente felizes, muito distanciados das ociosidades monótonas vivenciadas em contínuas contemplações. São tidos e admirados como mensageiros e ministros de Deus, sempre executando ordens que fortaleçam a harmonia universal. São designados planetariamente pelos nomes de anjos, arcanjos e serafins.

A partir do acima exposto, propomos aos queridos leitores um exercício grupal de imaginação. Possuindo a relação dos parlamentares do Congresso Nacional, busquem classificá-los, favorecendo uma escolha mais cidadã nas próximas eleições municipais e estaduais. Qual o objetivo do exercício grupal feito? A redução do nível abestalhacional do próprio grupo, inserido às vezes numa classe ironicamente denominada de “classe me(r)dia” por alguns gaiatos da mídia brasileira, que urge ser radicalmente reduzida nas próximas legislaturas, quando a área educacional deverá sofrer uma reestruturação sistêmica de grande porte, tornando-se qualitativamente muito acima das atuais “coisas” instrucionais públicas e particulares, que apenas desejam obter ganhos por cima de paus e pedras, independentemente de sonhos e aspirações dos advindos de áreas financeiramente sofríveis.

O Congresso Nacional é celeiro de todos os tipos de espíritos acima definidos, principalmente os da Terceira Ordem. Só inexistindo lá os de Primeira Ordem, celeiro de personalidades que muito honram a Dignidade Mundial de todos os tempos, não sendo o caso daquela casa onde pululam 299 picaretas, um deles já tendo se retirado tempos atrás, atraído por palestras bem rendosas.

Mãos à obra, leitores cidadanizados deste site muito ótimo do escritor Luiz Berto, na eleição ou defenestração dos políticos da sua região!!

(Publicado em 02.05.2016, no site do Jornal da Besta Fubana – www.luizberto.com/sempreamatutar)
Fernando Antônio Gonçalves