ESCLARECIMENTOS VALIOSOS


Para quem dá os passos primeiros na Doutrina Espírita e deseja ampliar seus conhecimentos sobre os seus fundamentos, recomendo a leitura de um livro bastante aplaudido nos quatro cantos do país: Mediunidade – tire suas dúvidas, Luiz Gonzaga de Souza Pinheiro, Capivari (SP), Editora EME, 2016, 192 p., já na sua 16ª. reimpressão. O autor é um professor de Ciências e de Matemática da rede pública cearense, engenheiro graduado da UFCE, atuando há mais de três décadas no movimento espírita daquele estado, também sendo escritor, palestrante e dirigente de estudos doutrinários, sendo um dos fundadores do Projeto VEK, curso de Espiritismo por correspondência em quatro idiomas, com alunos matriculados no Brasil e no exterior.

Por indicação de ex-colega do Colégio Marista, a leitura do livro do Luiz Gonzaga me deixou plenamente satisfeito e apto para seguir adiante nas minhas reflexões sobre o assunto, favorecido pelas orientações recebidas dos orientadores da Casa dos Humildes, da qual sou trabalhador e que me tem proporcionado momentos de alegrias e muitas solidariedades, além de amizades sementeiras para todo o sempre.

Recentemente, tomei conhecimento do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, criado no mês de maio de 1990, em Salvador, Bahia, tendo por finalidade dar apoio e treinamento aos trabalhadores da Área Mediúnica dos Centros Espíritas brasileiros, efetivando seminários, encontros e outros eventos correlatos. Sediado no Caminho da Redenção, na Bahia, seu nome homenageia Manoel Philomeno Batista de Miranda, cujas atividades doutrinárias sempre foram direcionadas para as áreas da obsessão e da desobsessão.

No campo editorial do Projeto, deparei-me com o livro Qualidade na Prática Mediúnica, 2012, 176 p., contendo 103 indagações diversas sobre o assunto, onde respondem Espíritos, Divaldo Franco e os responsáveis pelo Projeto. Extraí do livro seis questões, expostas abaixo, que bem complementam as dúvidas esclarecidas pelo Luiz Gonzaga de Souza Pinheiro, acima citado. Tudo embasado no objetivo ditado por Allan Kardec no texto que tem como subtítulo Guia dos médiuns e dos evocadores: “Dirigimo-nos ao que veem no Espiritismo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das comunicações com o mundo invisível um passatempo”.
1. O afloramento da mediunidade tem época para acontecer? Resposta: – Espontaneamente, surge em qualquer idade, posição social, denominação religiosa ou ceticismo no qual se encontre o indivíduo.
2. Em síntese, qual o conceito chave para dignificação do compromisso mediúnico? Resposta: – A mediunidade, para ser dignificada, necessita das luzes da consciência enobrecida. Quanto maior o discernimento da consciência tanto mais amplas serão as possibilidades do intercâmbio mediúnico.
3. Qual o tempo de duração de uma prática mediúnica? Resposta: – Um tempo ideal para a prática mediúnica é de noventa minutos, incluindo-se a preparação com as leituras doutrinárias que, por princípio de disciplina, não devem ser alongadas.
4. Focalizando agora o doutrinador, quais os padrões de qualidade que deverão guiá-lo no exercício de suas funções? Resposta: – A primeira consideração é que o médium doutrinador tem um perfil próprio que o deve caracterizar. E a tônica principal dentro desse perfil deverá ser a racionalidade, o que não significa frieza, mas base na qual vai apoiar-se no caminho das ideias, para expressar o seu trabalho num clima de segurança e estabilidade emocional capaz de infundir confiança naqueles que atende. No doutrinador, o comportamento moral é essencial, a única via capaz de estabelecer a sintonia com os Mentores Espirituais e a única força capaz de infundir respeito aos espíritos rebeldes, ignorantes, primitivos, desarvorados, que são trazidos para receberem as terapias específicas. Além disso, exige-se-lhe um largo conhecimento doutrinário e do Evangelho pois que estes serão a fonte supridora de onde emanarão suas orientações.
5. Durante a doutrinação, devem-se fornecer muitas informações doutrinárias à entidade sofredora que se manifesta? Resposta: – Não. Essa é uma particularidade que devemos ter em mente. Quanto menos informações forem dadas, melhor. Os espíritas, com exceções, é claro, têm um hábito que não se coaduna com essa atividade: o de usarem vocabulário específico da Doutrina, esquecendo-se de que nem todo espírito que se comunica é um adepto do Espiritismo, capaz de conhecer os seus postulados. Por exemplo, comunica-se um espírito e se diz a ele: – Você está desencarnado. Ele não tem a menor ideia do que a pessoa está falando. Outro exemplo: – Você precisa afastar-se dos médiuns, desligar-se. Devemos nos lembrar sempre de que esse é um vocabulário específico da Doutrina Espírita que somente pode ser entendido por espíritas praticantes.

Por fim, recomendações outras são oferecidas aos doutrinadores iniciantes. Algumas delas, por demais indispensáveis:
– Usar sempre um tom fraternal, jamais piegas.
– Não pedir calma, aos primeiros estertores do espírito necessitado. A expressão “tenha calma, tenha calma…” pode inibir a explicitação de um problema.
– Não usar expressões como “venha com Deus” ou “venha na paz de Deus”, chaves que não levam a lugar nenhum.

Os dois livros acima são amplamente recomendáveis para todos aqueles que, caminhantes novos, buscam seguir a Doutrina Espírita, aprendendo mais para servir ao Senhor Jesus cada vez mais solidariamente com os menos afortunados.

(Publicado em 23.04.2018 no site do Jornal da Besta Fubana (www.luizberto.com) e em nosso site www.fernandogoncalves.pro.br)
Fernando Antônio Gonçalves