DIVALDO FRANCO, IRMÃO SEMEADOR


Na última sexta-feira passada, no Centro de Convenções de Pernambuco, aconteceu a abertura do 12º SIMESPE – Simpósio de Estudos e Práticas Espíritas de Pernambuco, sob o lema Conviver com as diferenças. Sem tolerância e amor não haverá paz. Mais uma realização vitoriosa do Grupo Espírita Seara de Deus, sediado em Paulista, www.searadedeus.org.br.

E o palestrante primeiro, tecendo análises fecundantes sobre o tema central do Simpósio, foi o notável médium baiano Divaldo Franco, Divaldo Pereira Franco seu nome completo, recentemente nonagenário, internacionalmente conhecido, nascido em Feira de Santana em 5 de maio de 1927, a 108 quilômetros da capital baiana. Fundador da Mansão do Caminho, na periferia de Salvador, juntamente com Nilson de Souza Pereira, uma instituição que ajuda diariamente cerca de seis mil pessoas, abriga mais de três mil, centenas delas registradas como filhos adotivos. Os direitos autorais dos seus mais de 250 livros psicografados foram doados em cartório para as instituições filantrópicas sob sua orientação. Considerado o “Paulo de Tarso do Espiritismo”, já percorreu mais de 50 países divulgando o kardecismo em palestras de assistências numerosas.

Acompanhado da Rejane, minha companheiras inseparável de todos os atuais instantes de caminhada, adquiri, na imensa exposição de livros espíritas, dois livros da médium mineira Suely Caldas Schubert, pesquisadora de renome internacional, especialista em mente, obsessão, psiquismo, fenômenos espíritas, comportamentos e evangelizações, também sendo fundadora e dirigente da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Os dois livros: O Semeador de Estrelas, 8ª. ed., Salvador, LEAL, 2016, 320 p. e Divaldo Franco, uma vida com os Espíritos, 1ª. ed., Salvador, LEAL, 2017, 400 p.

Dois livros que se complementam magistralmente. No primeiro, editado pela vez primeira em 1989, a autora define as três principais tarefas iluminadoras de Divaldo Franco: praticar a ciência, como médium, à luz do Espiritismo; dar ênfase, como orador, à filosofia espírita; e vivenciar o evangelho, como pessoa humana, cumprindo a Doutrina Espírita. Outro famoso médium brasileiro, Chico Xavier, disse certa feira que Divaldo Franco tem uma estrela na boca.

No primeiro livro, Suely Caldas Schubert explicita, em cada capítulo, textos de Divaldo, narrando ainda acontecidos com ele pelos quatro cantos do mundo, efetuando esclarecimentos ou explicando mais detalhadamente os ocorridos. E sobre as manifestações do notável médium baiano, a autora dá testemunho: “A mediunidade de Divaldo apresenta uma riqueza de aptidões, havendo, como é natural, algumas características predominantes: a psicofonia, a psicografia mecânica, a vidência e a vista dupla, a audiência, o desdobramento, mas também a de efeitos físicos, ectoplasmia, a transfiguração, a cura, a psicometria de ambientes e de objetos, a xenoglossia – está última é a psicografia em idiomas que o médium desconhece, sendo que nesya propriedade a psicografia pode ser especulativa, isto é, o texto só pode ser lido quando colocado diante de um espelho.”

No capítulo 18, por exemplo, intitulado “A felicidade de Bezerra de Menezes”, narra o psicografado por Divaldo Franco, aqui reproduzido na íntegra:
“Um dia perguntei ao Dr. Bezerra de Menezes qual foi a sua maior felicidade quando chegou ao Plano Espiritual. Ele respondeu-me:
– A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo, e, tocando-me, falou, suavemente:
– Bezerra, acorde, Bezerra!
Abri os olhos e vi-a, bela e radiosa.
– Minha filha, é você, Celina?!
– Sim, sou eu, meu amigo. A mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já se encontrava na Vida maior, havendo atravessado a porta da imortalidade. Agora, Bezerra, desperte feliz.

Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que me vinham saudar. Mas eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora. Então, Celina me disse:

– Venha ver, Bezerra.

Ajudando-me a erguer-me do leito, amparou-me até uma sacada e eu vi, meu filho, uma multidão que me acenava, com ternura e lagrimas nos olhos.

– Quem são, Celina? – perguntei-lhe. Não conheço ninguém. Quem são?

– São aqueles a quem você consolou sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles Espíritos atormentados, que chegaram às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da Terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar no pórtico da eternidade…

E o Dr. Bezerra concluiu:
– A felicidade sem lindes (limites) existe, meu filho, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que enxugamos, das palavras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorreremos.”

Após tal fato contado, Suely Caldas Schubert ressalta que o diálogo acima leva-a a recordar alguns momentos da vida deste grande Bezerra de Menezes, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira no ano de 1895, fundada em 1884 por Augusto Elias da Silva e que congregava personalidades expressivas e respeitáveis do meio espírita, um celeiro de iluminados, embora divididos em várias correntes, sobressaindo-se a dos “místicos” e a dos “científicos”. Recorda a Caldas Schubert uma sessão mediúnica acontecida em Brasília, na sede da Federação Espírita Brasileira, quando da reunião do Conselho Federativo Nacional, novembro de 1985, ela presente como médium, quando a dicotomia outrora existente, científicos e místicos, tenta provocar a cizânia no Movimento Espírita. Um dos espíritos conciliadores presentes era o próprio Bezerra de Menezes, atuando através de Divaldo Franco, que contornou as querelas e promoveu uma maior fraternidade entre os diversos segmentos presentes.

E o capítulo 18 é assim concluído: “A estrada é aspérrima, todavia, as bênçãos alcançadas transformam-se em felicidade indescritível que transcende ao nosso – por enquanto – estreito entendimento.”

Aplaudido de pé, no Centro de Convenções de Pernambuco, Divaldo Franco ratificou o título do livro da Suely Caldas Schubert. Um muito amado semeador de estrelas.
PS. O segundo livro? Apaixonante, melhor ainda que o primeiro!!

(Publicado em 07.08.2017 no site do Jornal da Besta Fubana (www.luizberto.com) e em nosso site www.fernandogoncalves.pro.br.)