DEPOIS DO MENSALÃO


Uma parábola judaica exemplifica bem como se pode sair do atual bulício nacional. Servirá para os portadores de anéis e dedos que se encontram tonteados, sem saber por onde começar: um homem de classe média, profissional liberal, remediado, temente a Deus mais por covardia que por princípio, saiu para uma caminhada na floresta e nela se perdeu. Vagueou horas sem fio, tentando encontrar a saída. Para onde ia, nada encontrava. De repente, deparou-se com um outro. E perguntou: “Você pode me mostrar o caminho de volta à cidade?” A resposta do outro: “Também estou perdido. Mas podemos juntos ajudar um ao outro”. E a conclusão, recheada de esperança: “Vamos agir em conjunto. Cada um pode dizer ao outro os rumos que já tentou e que não deram certo. Certamente isto nos ajudará a encontrar o caminho correto”.

Afoito-me a declinar posturas que contribuiriam para que o país suplantasse seus ibopes negativos, elevando seus níveis de cidadania e competitividade: 1. Comece pequeno, mas comece, enfatizando a descoberta de novos caminhos, as eternas lamentações servindo de mote para novos desafios; 2. Lembre-se sempre que o valor maior está no envolvimento pessoal, no relacionamento e na influência para fazer as coisas acontecerem; 3. Jamais se deixe influenciar pela sensação de ser apenas uma agulha no palheiro; 4. Uma cabeça estratégica é bem melhor que uma mente saudosista; 5. Experimente dar o primeiro passo, nem que seja para visitar uma escola pública, ou promover um encontro com as famílias dos empregados, ou participar das discussões de algum seminário, direta ou indiretamente relacionado com o tema Educação; 6. Evite “gastar todo o seu gás”, pesquisando como fazer sua ideia tornar-se concreta, cansando-se antes do primeiro passo; 7. Observe com mais atenção o que está acontecendo no seu derredor social, analisando as potencialidades dele; 8. E siga a recomendação do médico Augusto Cury, também psicoterapeuta, cientista e escritor: “Eu não me curvaria diante de uma celebridade ou autoridade política, mas curvo-me diante dos educadores, especialmente dos professores de história e sociologia, que sabem que uma sociedade que não conhece sua história está condenada a repetir seus erros no presente e expandi-los no futuro”.

Certa feita, o pesquisador Cláudio de Moura Castro, renomado especialista da área de recursos humanos, explicitou em seu livro Educação Brasileira – Consertos e Remendos, pérolas altamente provocadoras: “Quem tropeçou na educação, murchou no crescimento”…”O modelo industrial brasileiro baseou-se em tecnologia moderna e em uma dosagem a conta-gotas dos recursos humanos para manejá-la”…”A organização piramidal, típica do exército, nem no exército moderno funciona mais”…”O único prodígio do Brasil é haver chegado tão longe com uma educaçào tão ruim”…”Na conversa e nos discursos somos imbatíveis”…”Governo moderno não é o que faz, mas o que faz acontecer”…”Um professor correto, um bom livro e seus alunos: quando isso falha, falham também os remendos”.

Tenho uma forte admiração pelos que sabem como ultrapassar os narcisismos dos semi-deuses. E pelos que possuem criatividade, posto que portadores de uma ímpar invulgaridade. E que desconhecem que é a jornada, jamais a chegada, que importa, devendo-se nela embarcar todos aqueles que, sabendo fazer a hora, nunca esperam acontecer.
PS Aos novos prefeitos e vereadores municipais brasileiros, os votos de muito trabalho em prol de um contexto nacional que necessita sobressair-se melhor, no cenário mundial, no quesito dignidade comportamental política.

(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 27.12.2012)
Fernando Antônio Gonçalves