DARWIN, 200 ANOS


Resolvi ler mais sobre Darwin, no ano do bicentenário do seu nascimento. Na Livraria Cultura, indago do maior vendedor de lá, o Cláudio Rocha, acerca de algum lançamento recente sobre quem tanto contribuiu para o desenvolvimento da genética, da neurociência, da psicologia e do desenvolvimento sustentável. Algum lançamento que me proporcionasse respostas para algumas indagações: “Como uma teoria tão simples pode abranger tantas áreas do conhecimento? Como lidar com nossas próprias barreiras de crenças e costumes? Seremos nós apenas grandes primatas? E nossos comportamentos serão apenas resultado de transmissão genética? O que nos aproxima ou nos distingue de nossos semelhantes?”. Respostas que se distanciassem das mentes tridentinas e dinossáuricas que não estão querendo arribar dos tablados recifenses, hoje mundialmente referenciada como uma capital onde a Inquisição, que de santa nunca teve patavina, persiste em manifestar-se ridicularmente, ainda que metendo menos medo que a história da “perna cabeluda”, aquela peraltice muito bem divulgada pelo Geraldo Freire, uma inteligência radiofônica que dá um orgulho danado na gente.
Foi na Cultura que tomei contato com o livro Charles Darwin – em um futuro não tão distante, organizado por Maria Isabel Landim e Cristiano Rangel Moreira. Editado pelo Instituto Sangari, 2009, uma organização fundada em 1993, na Inglaterra, por Antoni Sangari, contando com uma representação em São Paulo. Uma leitura muito recomendada para quem deseja ser profissional e pesquisador, indispensável para todo bolsista de Iniciação Científica.
Tomei conhecimento que o Instituto Sangari tinha realizado um exposição intinerante sobre Charles Darwin, ano passado, beneficiando as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia e Curitiba, alcançando memoráveis aplausos.
Como as comemorações do Ano de Darwin estão muito longe de serem concluídas, seria interessante que as áreas culturais pernambucanas procurassem estabelecer contato com o Instituto Sangari, consultando sobre as possibilidades de trazer para nossa capital a exposição acima citada, também comemorando os 150 anos da Origem das espécies, o livro seu mais conhecido. Que muito complementaria as informações contidas no livro dos professores Maria Isabel Landim e Cristiano Rangel Moreira.
Segundo material de divulgação, “a verdade é que qualquer leigo inteligente é capaz de entender ao menos o essencial de uma dada teoria científica, mas para isso ele precisa de um “vocabulário” ou “alfabeto” básico da área — mais ou menos como as pessoas precisam saber o que são átomos e moléculas para conseguir entender química. O grande mérito do livro, produzido pelo Instituto Sangari, reconhecido por suas ações na área de divulgação científica, é trazer para o leitor esse vocabulário, com textos curtos, objetivos e precisos”.
Que os nossos gestores públicos percebam: quem sabe adquirir conhecimento está ciente que ele jamais se tornará findo, o mundo sendo propriedade de todos, dos mais debilitados inclusive. Que exigem ser amparados na sua dignificação terrestre, para que as nações tornem-se pacíficas, sob ares mais distributivistas, cidadanizadas sem esmorecimentos nem nostalgias, iluminando escuros, fortalecendo uma crescente solidariedade universal, no silêncio redentor de cada amanhecer em Deus. Creio que a primeira finalidade do ensino definida por Montaigne – “mais vale uma cabeça bem-feita que uma cabeça bem cheia” – continua válida, num mundo incerto e inseguro, onde o preparo deve se consolidar no sentido contrário ao de um ceticismo contagioso.
Que a juventude, incentivadas pelos gestores públicos e empresariais, sem moralismos nem puritanismos vexaminosos, saiba assimilar os ensinamentos germinais dos notáveis da Ciência, separando o joio do trigo, menosprezando o chulo, rejeitando a mediocridade travestida de evento cultural, percebendo-se construtora legítima dos amanhãs nacionais soberanamente edificados.