CIDADANIA, NÃO-VIOLÊNCIA SEMPRE!
Aos pais e mães que possuem filhos(as) crianças e adolescentes, está sendo enviado por organizações especializadas um documento onde se explicita os seguintes trechos: “Não-violência não é mesmo que pacifismo. O pacifismo é passivo, mas a não-violência é ativa. … Quando Jesus Cristo disse que uma vítima devia dar a outra face, estava pregando o pacifismo. Mas quando ele disse que um inimigo deve ser vencido por meio do poder do amor, estava pregando a não-violência. A não-violência, como a violência, é um meio de persuasão, uma técnica de ativismo político, uma receita para prevalecer. Formas de persuasão que não usam força física, não causam sofrimento, são mais eficazes”.
Por que está se pedindo aos pais e mães que reflitam sobre o trechos acima, de Mark Kurlansky, autor de Não-violência, a história de uma ideia perigosa, editora Objetiva, 2013? Para que eles evitem as práticas das palmadas, cascudos, puxões de orelha, chibatadas, bofetadas, chineladas, cinturãozadas e outras “carícias” que nem para animais são recomendadas e estão previstas em lei, como crime.
O outro lado da moeda também deve merecer atenções preventivas: a permissividade. Pais e mães que, por irresponsabilidade, comodismo, ignorância, hedonismo, conveniência ou conivência, transferem para a escola as atribuições das exclusivas responsabilidades deles. Animalizando crianças e adolescentes e rejeitando práticas dialogais não impositivas, eles impossibilitam uma cidadanização ajustada aos tempos de agora, negando aos seus filhos uma convivialidade solidária libertadora por derradeiro, agigantando uma criminalidade juvenil, ampliando o consumo de drogas e favorecendo uma gravidez precoce, além de ampliar hipocrisias, cinismos e fundamentalismos religiosos rasteiros, quando não ideologias idiotizantes dos mais variados quilates.
No Nordeste, palco de um sem-número de machões dinossáuricos, ainda se vê expressões desajustadas ao tempos de agora: “homem que é homem não chora”, “apanhou na rua, apanha em casa”, “meus bodinhos estão soltos, as cabritinhas que se cuidem”, “empregada é para ser comida mesmo”, “mulher é inferior ao homem”, “tem que levar vantagem em tudo”, entre mil e uma baboseiras bestiais, que terminam direcionando crianças e adolescentes para posturas incompatíveis com um viver harmonioso em sociedade. Tudo sendo agravado por uma mídia televisiva repleta de eventos chulos, destinados a imbecilizar mais os abestados e alienados.
Para os que imaginam de público ser a não-violência uma prática para frouxos, vale a pena repetir a frase de Gandhi, por demais esclarecedora: “O ser humano que abraça a não-violência completa não seria um santo. Ele apenas se torna um verdadeiro homem”. Um pensar que bem complementa o que disse, em 1853, Pierre-Joseph Proudhon, fundador do movimento anarquista: “Nascemos aperfeiçoáveis, mas nunca seremos perfeitos”.
Na atual conjuntura educacional brasileira, onde a reprovação nos exames da OAB alcançam percentuais acima de 80% (oitenta por cento!) e exames realizados pelo CR de Medicina de São Paulo, mesmo sem caráter reprobatório, avaliou a incompetência para o exercício da profissão dos concluintes dos Cursos de Medicina, que estão contra tal iniciativa, além da estreiteza cultural que asfixia promissoras profissionalidades por todo território nacional, um alerta deve servir de mantra: a não-violência nunca deve vir da fraqueza! Nem tampouco do cinismo praticado pelos que sempre “lavam as mãos”, imaginando-se isentos de quaisquer responsabilidades. Como uma recente ex-autoridade máxima da nossa sereníssima República, ainda recheada de fichas-sujas, que de nada tinha conhecimento, ignorando as bandalheiras que campeavam ao seu derredor.
Em inúmeras famílias brasileiras persistem ainda influências perniciosas de parentes os mais diferenciados, alguns até desprovidos de caráter e dignidade, que se aprimoram nas futricas, fuxicos, maldades e invencionices, sem correlações algumas com as patologias inerentes às terceiras e quartas idades.
Somente com a responsabilização de famílias, em estreita colaboração do sistema de Justiça e Segurança com escolas públicas e privadas, poder-se-á minimizar os atuais índices de violência, um amálgama de desassistencialismo, bandalheira populista, oportunismo de pais e mães, cafajestismo parental , malandragem comunitária, eleitoralismos boçais, e impunidade social.
PS. Ontem comemorou-se o Dia das Mães. Muitas festividades e poucos compromissos, que nos estão encaminhando para amanhãs bastante deploráveis.
(Publicada em 13.05.2013, no Jornal da Besta Fubana, Recife, Pernambuco)
Fernando Antônio Gonçalves