CIDADANIA E COMPETÊNCIA


A observação “o futuro, agora, pertence às sociedades que conseguirem se organizar para aprender” tornou-se mote para gestores públicos e empresariais que convergem para dois pontos indissociáveis: a importância estratégica da educação básica, como pilastra do desenvolvimento nacional, e a reformatação do processo de aprendizagem, abandonando-se o apenas modernoso para concentrar-se num soro caseiro lê-escreve-conta-e-pensa, fortalecendo o binômio cidadania-profissionalidade, interdependente por derradeiro.

Lamentavelmente, em 2001, o então presidente FHC vetou, no I PNE, o artigo que estabelecia investimento de 7% do PIB em educação. Um grande protesto foi efetivada pelo PT de então, muito embora, posteriormente, o governo Lula tenha se negado a derrubar o veto. O senador Cristovam Buarque proclama que “é possível imaginar que nada mudará na educação de base, sem uma reestruturação de todo sistema educacional. De nada adianta elevar gastos sem prever como o dinheiro será gasto. Gastar 8% ou 10% do PIB no atual sistema educacional será jogar dinheiro fora. Pior ainda, inviabilizará correções no futuro”.

O cidadão século 21, consciente das emersões tecnológicas, sociais e econômicas dos últimos vinte anos, percebe que um aprender-desaprender-reaprender contínuo é indispensável estratégia para um consistente desenvolvimento profissional. Que muito o auxiliará, tornando-o menos perplexo num contexto admiravelmente novo, aparentemente mais destrambelhado, a necessitar de mais efetiva justiça social.

Segundo consagrados especialistas em desenvolvimento profissional, no final desta década só existirão dois tipos de profissionais: os rápidos e os mortos. Quem deseja manter sua trabalhabilidade afiada, reconhece que a permanência e a mutação são contrários inseparáveis, como já apregoava Confúcio, nascido 551 a.C., que apontava cinco qualidades para quem desejasse ser bom profissional: gentil sem aceitar subornos, trabalhar ao lado do povo sem dar motivos para ressentimentos, possuir ambições sem ser avarento, ter dignidade sem orgulho indevido e inspirar respeito sem exercitar a crueldade. Com tais predicados, todo ser humano deveria, segundo o sábio, “estudar como se jamais fosse aprender, como se tivesse medo de perder o que deseja aprender”.

No mais, é perceber com maior nitidez a lição do Miguel Falabella, ator e autor: “De uns tempos para cá, comecei a perceber que há uma geografia fascinante no outro. Sempre. A gente não dá muita atenção, porque não temos tempo, não abrimos mão de certas prioridades, não paramos para olhar no espelho, que dirá o olho do próximo! Mas é, igualmente, um jogo fascinante, esse de descobrir gente e seus universos. Amar as pessoas e suas diferenças – esse é o jogo que venho jogando de uns tempos para cá e, acreditem, tenho gostado cada vez mais das descobertas, porque há gentes que são continentes e uma promessa de terra para o navegador solitário”.
Assino embaixo, sem pestanejar.

(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 16.05.2012
Fernando Antônio Gonçalves