CÉLULAS IMAGINAIS


Se alguém não assistiu o filme O Voo da Fênix, recomendaria com entusiasmo dar uma “espiadinha” nesse épico, que parece retratar conflitos, soluções, desafios, mudanças, 7 x 1 com humilhação, farolagens, enriquecimentos ilícitos, impunidades e demagogias mil às vésperas de mais uma eleição, onde tudo pode acontecer, inclusive não acontecer bulhufas, tudo ficando como dantes, no quartel de Abrantes, com a CBF continuando a ser comandada por descarados vigaristas e a FIFA por ladravazes reconhecidos mundialmente, que por aqui vendiam ingressos por debaixo do pano – com lucratividade espantosa, sob as barbas da polícia.

Num mundo repleto de mil e trocentas patifarias, tudo faz crer que células imaginais estão se multiplicando geometricamente. Para quem necessita de explicações, células imaginais são “células ávidas por mudanças, cujas mentes ativam a imaginação para materializar uma nova realidade”. Elas se aglutinam, pelos processos eletrônicos modernos, para a constituição de novos planos de criação, para a edificação de uma estrutura nova, a partir dos destroços restantes da situação anterior. Com uma mente programada para novas aprendizagens capazes de conhecer melhor a si mesma, sempre aberta a novas possibilidades de desconstuções-reconstruções aptas para alterar o atual estado de coisas, hoje descontrolado por quatro motores que teimam em não se ajustar, evitando o suicídio coletivo: ciência, técnica, economia e lucro.

As células imaginais ratificam o pensar da antropóloga Margaret Mead: “Não duvidemos jamais que um pequeno grupo de indivíduos conscientes e engajados possa mudar o mundo. Foi exatamente dessa forma que isso sempre aconteceu”.

O notável físico Alberto Einstein dizia frequentemente que “um problema não pode ser resolvido com o mesmo padrão de raciocínio do momento em que ele foi criado”. E mais disseram os autores do livro Evolução Espontânea, Bruce H. Lipton e Steve Bhaerman, SP, Butterfly Editora, 2013, uma leitura que oferece um balizamento animador sobre os amanhãs da humanidade: “Quando dizemos amor, não estamos nos referindo àquele sentimento pegajoso e piegas, mas a um grande aglutinador vibracional que ajudará a construir a nova e maravilhosa máquina voadora da humanidade, ajudará a manifestar nosso destino, ou melhor, a transformar em realidade nosso ‘destino humanifesto’.”

Estamos permanentemente distraídos com informações e vícios diversos, que nos tornam passivos e preocupados com pormenores ínfimos, os espaços sendo ocupados por religiosos que prometem enriquecimentos rápidos, os primeiros sendo eles, sempre distanciados de uma realidade embaçada por um mundo aparente, repleto de truques que escamoteiam uma crise de proporções devastadoras. Como se armas trouxessem paz, presídios reduzissem os índices de criminalidade, a Medicina mais cara deixasse as pessoas mais saudáveis e as doses maciças de informações tornassem mais sábios os seus consumidores.

É chegada a hora de acelerar o evoluir da evolução, através das nossas células imaginais. Sentindo a primavera renascer, antes que seja tarde demais.
(Publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, 16.08.2014
Fernando Antônio Gonçalves