ANÉIS ANTES DOS DEDOS
Um debate se processa nestes tempos de algazarra social, posto que “o que tem causado fissuras no contrato social é o fato de os vencedores estarem passando pela linha de chegada em barcos a motor, enquanto a maioria rema desesperadamente atrás”. Em outras palavras: “Os ricos passam pelas melhores escolas e garantem os postos de trabalho que mais pagam; os pobres têm um ensino de pior qualidade e acabam brigando pelos empregos que sobram”.
As duas frases acima estão inseridas na revista Exame, de 11/6/2014, que ostenta uma capa com uma pergunta que está a requerer estratégias políticas sobrevivenciais: “Por que o capitalismo é tão injusto?” Com duas constatações: a distância entre pobres e ricos no mundo só aumenta, por isso é um mal e o que se pode fazer; e cresce o número de empresários que defendem a reforma do capitalismo para combater a desigualdade. Com uma pesquisa inquestionável: para 99% dos americanos (EEUU), há algo de errado com a fatia do 1% mais rico!
Também no Brasil, um ponto é praticamente indiscutível: o país é exceção por ter reduzido os seus níveis de pobreza e a disparidade de renda, muito embora esteja classificado entre os países mais injustos do mundo.
Se no século passado, o comunismo soviético não comprovou sua viabilidade, em 70 anos não produzindo nenhum produto de consumo, ao século XXI cabe ao capitalismo instituir a exequibilidade da renda gerada menos vexatória, buscando resposta para a questão: “Por que perseguimos há mais de 200 anos o ideal de uma sociedade menos desigual – e continuamos falhando miseravelmente?”
Um livro recentemente lançado pode proporcionar níveis esclarecedores capazes de gerar iniciativas menos excludentes, não humilhantes, mais solidárias, buscando equalizar as chances de sucesso, favorecendo uma elevação, entre os menos favorecidos, de uma educação de qualidade, a gerar benefícios sociais e desenvolvimento econômico, nunca apenas progresso para bem poucos. Intitulado Nazismo e Guerra, de Richard Bessel, professor de História do Século XX da Universidade de York.
Quando a ultradireita se agiganta na Europa, o texto do Bessel analisa com perspicácia a ideologia nazista, sob duas vertentes: a crença na guerra e na raça. Que “começa com a construção de mitos após 1918, avança gradualmente pela década de 1920 e pela tomada do poder pelos nazistas até a expansão econômica, o rearmamento maciço e o antissemitismo pelo governo na década de 1930; e então o início da Segunda Guerra Mundial”.
Em tempos de crise econômica como a dos tempos de agora, desde 2008, um ditado se faz presente: “pior do que não conseguir o que quer é conseguir”. Urge a hora de um repensar brasileiro sem histeria, sem democratices nem populismos desvairados. Objetivando sempre o Brasil acima de tudo.
(Divulgado em 23.05.2016, no www.fernandogoncalves.pro.br)