1625 – OPORTUNOS BALIZAMENTOS ECUMÊNICOS


Há livros que provocam releituras várias, tamanha a sua densidade didática explicitada em páginas merecedoras de múltiplos elogios. Um dos mais relidos por mim nos últimos 20 anos: ENTREVISTAS COM JESUS: REFLEXÕES ECUMÊNICAS, José Pinheiro de Souza. Fortaleza CE, Imprensa Universitária, 2005, 364 p. Um livro escrito por um cearense para lá de muito inteligente, professor universitário aposentado que, em 1995, com 57 anos, após comprar as obras de Allan Kardec, principiou a enxergar duas modalidades de cristianismo. A primeira seria o Cristianismo de Jesus Cristo, um código de moral universal integrado totalmente na lei do amor, pluralista, unificador, no dizer de Allan Kardec “o terreno onde todos os cultos podem se reencontrar, a bandeira sob a qual todos podem se abrigar, quaisquer que sejam suas crenças, porque jamais foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda parte levantadas pelas questões de dogma.” A segunda modalidade seria o Cristianismo dos Cristãos, caracterizado por um conjunto de dogmas exclusivistas e divisionistas, fragmentado em centenas de igrejas e seitas, objeto de inúmeras controvérsias e de numerosos conflitos ao longo da História.

Optando pelo Cristianismo de Jesus, nas primeiras páginas do livro acima citado, o autor relata uma historieta radicalmente oportuna, repleta de muita Luz. Ei-la:

Um homem passava por uma estrada e encontrou um preto-velho enrolando seu cigarro de palha e cumprimentando a todos que por ali passavam, dizendo:

– Deus te abençoe, meu filho! Deus te acompanhe! Deus te guie! Deus te proteja!

O homem, um tanto curioso, perguntou-lhe:

– – O senhor sabe onde Deus está?

E o preto-velho respondeu-lhe:

– O senhor sabe onde Ele não está?

O homem, não satisfeito com a resposta, retrucou:

– O senhor deve ser muito religioso! Qual é a sua religião?

E o preto-velho respondeu-lhe:

– Quando vou levar trigo à cidade, posso ir pela rodovia, pela montanha ou pela estrada do rio, mas quando chego lá, o patrão não quer saber por onde vim. Ele quer saber se o trigo é de boa qualidade.”

Moral dessa história: Quando formos prestar contas a Deus de nossa vida, Ele não vai querer saber se professamos a Religião A, B ou C, mas se nossas obras foram de boa qualidade! Ou seja, para Deus, não importa a religião que se processa. E nem importa o caminho, mas o amor que se pratica!!

Com base na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 13, o notável espiritista cearense redigiu um pós-moderno Credo Macroecumênico. Ei-lo abaixo, sem tirar nem pôr:

Cremos que somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai. Cremos no amor universal, ensinado por Jesus e por todos os mensageiros da paz, enviados por Deus ao longo da história humana. Cremos que , somente vivendo no amor, evitando qualquer ato de violência e discriminação contra quem quer que seja, poderemos construir um mundo melhor, de paz e fraternidade. Cremos que não importa o caminho, isto é, que todas as religiões são caminhos válidos na busca da verdade, da perfeição e do crescimento espiritual. Cremos que todo reino dividido perecerá. Cremos no diálogo fraterno como meio de esclarecimento e de busca comum da verdade religiosa, para que todos sejamos um. Amém.”

Que seja instituída breve uma dinâmica COMIR – Confederação Mundial de Instituições Religiosas, potencializando uma espiritualidade mundial fraternal, onde ninguém seja maior que ninguém, todos se postando e sendo respeitado como filhos amados de um Criador de Tudo.