1623 – COMBATENDO A ERA DA INSENSATEZ
Estamos presenciando, nos quatro cantos do mundo, uma era repleta de fobias trágicas. Em nosso Brasil amado, milícias assassinas, sectarismos políticos, deseducação crescente, analfabetismos dos mais variados quilates – funcionais, religiosos, políticos, militares, sindicais, comunitários, educacionais, televisivos e familiares – potencializam um gigantesco clima de ansiedades, sofrimentos e desesperanças, que se multiplica através das manadas de bípedes se postando de fingidos seres humanos racionais.
Confesso publicamente que vislumbro poucas saídas, uma delas fundamental: uma baita reestruturação do Sistema Educacional Brasileiro, em todos os níveis, sendo obrigatória a adoção da disciplina Introdução ao Pensar, favorecendo ações criativas, novos empreendimentos sadios e uma convivialidade social onde o diálogo construtivo se situe muito acima das querelas batebocais extremadas que a nada conduzem senão a odiosidades que mutilam, ofendem e matam.
Três setores, no meu conceito, deveriam ser considerados basicamente estruturadores para um desenvolvimento socioeconômico menos degenerativo que o atualmente em vigência no Brasil: o Educacional, o da Saúde e o da Segurança Pública. O primeiro deles sendo o alavancador dos outros dois, acarretando procedimentos inovadores nos demais, estruturando uma harmonia social não fingida, tampouco populista, radicalmente solidária, sempre evolucionária.
Como social-democrata não estatal e nunca liberal, anseio por um Sistema Educacional, público e empresarial em amplo nível intercomplementar, utilizando horários de televisão para induzir ambientes coniventes com uma IA – Inteligência Artificial que deveria ter como objetivo primordial fomentar uma futuridade mais humanizada e menos hedonista, evitando que o mundo se torne cada vez mais encharcado de informações mercadológicas e cada vez menos dotada de uma salutar convivialidade crítico-construtiva, proporcionando mais clareza sobre fatos, feitos e caminhares futuros. Tudo bem dotado de sadios hábitos de consumo e amplo domínio sobre as fragilidades mentais e espirituais, sem consumismos fóbicos, estresses trabalhistas, fundamentalismos tóxicos e exibicionismos que negativam infâncias e adolescências, ampliando desesperanças, desilusões, desatenções e tragédias entre os mais jovens.
Que sejam rejeitadas as mesmices, o acato mental automático de fake news, evitando a falência das expertises, as recusas de construções de novas bibliotecas públicas com tecnologia eletrônica moderna, promotoras da ampliação do discernimento crítico social, da paciência reflexiva e da redução das posturas nulamente civilizatórias.
Que os executivos conservadores e progressistas – federais, estaduais e municipais – ponham de lado suas divergências improdutivas e se irmanem num combate bem planejado contra os diversos analfabetismos acima citados, com objetividade, seriedade e sinceridade, permitindo suas próprias sobrevivências políticas. E percebendo todos que um agir com sapiência, promove sempre uma contínua sobrevivência. Sempre incentivando pais que educam, professores que ensinam, experiências que favorecem ciências, sempre com uma convivialidade que amplia a maturidade.
Um fato deve ser amplamente divulgado: o empanturramento de informações, sem a devida análise crítica, está proporcionando uma série de negativismos mentais e atrofias espirituais.
O momento brasileiro exige uma ampla civilidade, com racional espiritualidade e densa maturidade, sem a qual não alcançaremos uma consistente mínima felicidade.
Sabendo ler mais para pensar melhor, jamais ficaremos pior!
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social
