1613 – CONVICÇÕES E ESPERANÇAS


Como cristão espiritista, paulino, mariano, helderista e pluriecumênico, possuo uma convicção radical: creio que o judeu Yeshua, descendente de Abraão, Isaque e Jacó, foi crucificado pelo poderio romano da época, não pelo seu ideário religioso, mas pela sua militância em prol da libertação do seu povo da dominação política de então. Daí, minha convicção: quem entendeu integralmente os propósitos do Nazareno foi Saulo de Tarso, após sua conversão na Estrado de Damasco.

Nos primeiros tempos d.C., judeus e cristãos se reuniam em locais que acolhiam, sem discriminações, as duas modalidades, salvo as resistências e ressentimentos dos que receavam melindrar o poder no Sinédrio.

Com o tempo, graças às ações envolventes dos apóstolos, apoiadas por forças populares cada vez participativas, bem como por uma classe média que sabia analisar os acontecidos, o poder judaico iniciou uma oposição sistemática ao Cristianismo Primitivo, ocasionando separações que resultaram em odiosidades recíprocas, disseminadas ao longo dos séculos.

Em decorrência das divergências e escaramuças interpretativas, Bart O. Ehrman, considerado o maior biblista do mundo contemporâneo, afirma que a Bíblia Sagrada sofreu mais de 400.000 alterações, fato explicitado inclusive em livros do próprio Ehrman, já editados no Brasil sob título O QUE JESUS DISSE? O QUE JESUS NÃO DISSE? QUEM MUDOU A BÍBLIA E POR QUÊ? São Paulo, Editora Prestígio, 2006, 145 p.

Já em Atos 20,29-30, o Apóstolo Paulo já proclamava: “Eu sei que, depois da minha partida, surgirão entre vós lobos ferozes, que não pouparão o rebanho. Além disso, do vosso próprio meio, aparecerão homens com doutrinas perversas, que arrastarão discípulos atrás de si.” Posteriormente, na Segunda Carta aos Coríntios 2,17, ele voltaria a advertir: “Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando algum lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus.”

Estou convencido que muitos textos foram inseridos nas Sagradas Escrituras para satisfazer ideários próprios, enaltecer preconceitos e disseminar opiniões anti-mulher, anti-ciência, pró-violência, pró-escravidão, além de muitos outros absurdos que eram visceralmente contrários aos pensamentos advindos do Alto e proclamados pelo Nazareno muito amado por todos nós, filhos do Criador.

E também me encontro plenamente convicto de que, todos, judeus e cristãos, estarão um dia unidos sob a uma mesma bandeira, a da Ressurreição, tal e qual proclamou o cristão hebreu Frederic C. Gilbert, num livro recentemente à venda nas principais livrarias brasileiras: DESCOBRINDO O MESSIAS: MINHA JORNADA DE FÉ COMO UM CRISTÃO HEBREU, Tatuí SP, Casa Publicadora Brasileira, 2025, 187 p.

Por fim, uma recomendação fraterna: ajamos sempre de peito aberto, sinceros, como proclamou Paulo, em uma das suas cartas: “Procure apresentar-se , como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” (2Timóteo 2,15).

Percebamo-nos todos integrantes de uma mesma família, cumprindo tarefas em compartimentos diferenciados, embora mantidos sob o mesmo Teto de Luz!


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social