1592 – UM TALENTO DO SÉCULO XX
O mundialmente conhecido fundador da Terceira Escola de Viena de Psicologia, mais conhecida como Logoterapia, necessita ser mais lido e estudado nas áreas comportamentais brasileiras. Principalmente pelos escritos que não estão inseridos em seus textos especializados. Um resumo da sua caminhada:
Viktor Emil Frankl (Viena, 1905 — Viena, 1997) foi um neuropsiquiatra austríaco, fundador da Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, a Logoterapia e Análise Existencial. Ele ficou mundialmente conhecido depois de descrever a sua experiência dramática em quatro campos de concentração nazistas, em seu best-seller internacional Em Busca de Sentido, já editado no Brasil pela Sinodal/Vozes, já em 63ª. edição.
Para quem deseja melhor se inteirar das suas ideias, um livro recente oferece excelentes subsídios: O HOMEM E A BUSCA DE SENTIDO: UM GUIA PARA ENTENDER VIKTOR FRANKL, Heloísa Reis Marino, Ivo Studart Pereira, Luís Henrique Carmelo e Helena Carolina de Castro (orgs), Campinas SP, Editora Auster, 2024, 136 p.
Viktor Frankl foi conferencista e professor convidado em dezenas de universidades, incluindo a Harvard University. Recebeu vinte e nove títulos de Doctor Honoris Causa (incluindo um conferido pela Universidade de Brasília). E também ganhou o prêmio Medicus Magnus e a Estrela-de-Ouro Internacional, por serviços prestados à humanidade. O pesquisador Oswald Schwarz afirma que a Logoterapia teria, nas ciências psicológicas, o mesmo destaque que a Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant, obteve na Filosofia.
Na década de 1920, ainda jovem, Frankl passou a se corresponder com Sigmund Freud. Em 1921, deu sua primeira conferência, sobre o tema A respeito do sentido da vida. A seguir, Frankl tornou-se membro ativo de organizações de trabalhadores socialistas jovens.
Em 1925, como estudante de medicina, Frankl encontra-se pessoalmente com Freud e se aproxima do círculo intelectual liderado por Alfred Adler. No ano seguinte, ele é excluído da Association de Psychologie Individuelle, em razão de suas divergências com Adler.
De 1933 a 1936, Frankl é diretor do pavilhão das mulheres suicidas do hospital psiquiátrico de Viena. Quando os nazistas tomam o poder na Áustria, Frankl, correndo risco de perder a vida, sabota as ordens recebidas de provocar a eutanásia nos doentes mentais sob seus cuidados.
Em setembro de 1942, Viktor, sua mulher grávida e demais familiares – que são judeus – são deportados para diferentes campos de concentração, tendo ele recebido a tatuagem de prisioneiro nº 119 104.
Libertado somente no final da guerra, Frankl toma conhecimento de que sua mulher morrera de esgotamento, por ocasião da liberação do campo de Bergen-Belsen. Perdeu além dela, seus pais e irmão no Holocausto nazista.
Tal experiência pessoal será marcante em sua obra terapêutica e em seus escritos, tendo sido capaz de manter, em tamanha situação desumanizadora, a liberdade do espírito.
Nos 25 anos subsequentes à guerra, Frankl será o diretor da policlínica de neurologia de Viena.
Em 1948, obtém seu PhD em Filosofia com a tese “O Deus inconsciente“. Em 1955, torna-se Professor de Neurologia da Universidade de Viena.
Em 1970, em San Diego, Califórnia (em cuja universidade passara a lecionar), é fundado o primeiro instituto de logoterapia do mundo.
Foi nos Estados Unidos – país em que também lecionou como professor visitante nas Universidades de Harvard, Dallas e Pittsburgh – que a figura de Frankl atingiu notoriedade mundial, a despeito de suas teses contrariarem as correntes psicanalíticas tradicionais e dominantes.
Ao longo de sua vida, os livros de Viktor Frankl foram traduzidos em mais de 30 idiomas.
Frankl também recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil.
Como conferencista, Frankl visitou muitos países ao longo de sua vida, tendo passado pelo Brasil em 1984 (Porto Alegre), 1986 (Rio de Janeiro) e 1987 (Brasília).
Seu livro O QUE NÃO ESTÁ ESCRITO NOS MEUS LIVROS: MEMÓRIAS, Editora É Realizações, reimpresso em 2024, merece ser lido e muito meditado.
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social