1575 – BALIZAMENTOS RECONSTRUTORES
Pronunciamentos recentes de pensantes, de vertentes ideacionais diferentes e consistentes, parecem consolidar um sentimento coletivo de que a atual degradação político partidária brasileira, com os insultos e impropérios, falácias e mil e uma cretinices demagógicas proferidas no Horário de Propaganda Eleitoral Gratuita das rádios e televisões, está a merecer uma inadiável desmediocrização, favorecendo a emersão de propostas e iniciativas, públicas, empresárias e comunitárias que retirem o todo nacional de um lodaçal que o está impedindo o todo pátrio de ser mais respeitado no cenário mundial.
Torna-se cada vez mais urgente uma campanha nacional, pública e privada, em prol de uma ampla reconstrução do ambiente social brasileiro, hoje subordinado a iniciativas que multiplicam manadas apenas ruminantes, favorecendo nossa caminhada para amanhãs quiçá irreversíveis.
Para tanto, algumas leituras alertadoras se fazem necessárias, ensejando a emersão de propostas concretas para salutares horizontes. Encareço a permissão dos prováveis leitores deste site para recomendar alguns textos efetivados por gente que entende do assunto degradação societária. Leituras que suscitarão debates nas esferas sociais, nas universidades, nas principais empresas privadas, no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, nas Câmaras Municipais, nps Sindicatos, nas ONGs, nos segmentos militares e nas instituições religiosas de todos os naipes.
O passo primeiro seria conhecer como se amplia uma manada de não-pensantes, sempre acomodada, sem objetividade existencial, cada integrante popularmente classificado como maria-vai-com-as-outras, sem eira nem beira enxergante, se postando sempre sob um inconsequente deus-quis e se-deus-quiser, olvidando sempre o com a Graças de Deus, esperançando obsessivamente ganhar milhões numa das loterias de probabilidade de ganho quase zero, propagandeadas pelos meios televisivos e sendo enriquecidas por milhões de pix enviados dos auxílios recebidos através do Bolsa Família do Governo Federal. Uma primeira leitura alicerce: A CONSTRUÇÃO DO IDIOTA: O PROCESSO DE IDIOSSUBJETIVAÇÃO, Rubem Casara, Rio de Janeiro, Da Vinci Livros, 2024, 343 p. Idiota é uma palavra de origem grega que significa “sem compromisso com a vida pública”, “fechado em si”, “pessoas incapazes de um trabalho coletivo”. O idiota é alheio ao conjuntural, politicamente sempre fingindo detestar política, proclamando ignorar a essência dos balizamentos políticos, com um comportamento humano submetido ao binômio utilidade-interesse.
Uma segunda recomendação é a leitura de um estudo notável que explicita como se processou a desigualdade em nosso país: A SOCIEDADE PERFEITA: AS ORIGENS DA DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL, João Fragoso, São Paulo, Editora Contexto, 2024, 352 p. Páginas que descrevem um panorama bastante diferenciado daquele que enxerga o capitalismo comercial atuando em nosso território. Texto fartamente documentado, compondo um livro tornado referência.
Finalmente, um estudo fascinante de como o mundo chegou até o atual momento histórico das conexões humanas: NEXUS: UMA BREVE HISTÓRIA DAS REDES DE INFORMAÇÃO, DA IDADE DA PEDRA À INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, Yuval Noah Harari, São Paulo, Companhia das Letras, 2024, 497 p. Entendamos como os livros propagam ideias, como a internet nos promete conhecimentos infinitos e como o algoritmo aprendeu nossos segredos e nos está incitando uns contra os outros, favorecendo uma pequena elite e alienando o resto do mundo. Um alerta feito na orelha primeira do livro: “Nos últimos 100 mil anos, nós, sapiens, acumulamos muito poder. Mas, apesar de todas as nossas descobertas, invenções e conquistas, enfrentamos uma crise existencial sem precedentes, com o mundo à beira do colapso ecológico, tensões politicas crescentes e desinformação por todos os cantos.”
Três leitura que cidadanizam e convocam para amanhãs reconstrutores com Tecnologia IA, Fé no Altíssimo e muita Fraternidade Solidária, defenestrando os projetos babélicos.
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social