1574 – PNCM – UMA URGÊNCIA BRASILEIRA


Assistindo, pela televisão, o horário eleitoral gratuito e também ouvindo noticiários, narrativas e comentários esportivos, vez por outra ainda observando eventos de auditório, a impressão que tenho é que o Brasil está a necessitar, urgentemente, de um PNCM – Programa Nacional de Combate à Mediocridade, a ser executado por gente pensante de instituições várias e dos quatro cantos do país. Eis as áreas mais necessitadas:

a. Política – Campanhas eleitorais insultuosas, sem proposições criativas, sem um mínimo de incentivo participativo comunitário, com falas recheadas de proselitismos idióticos demagogias baratas, enfeixando um “embromation system” que nada engrandece a Política, uma atividade nobre da vida de todo um povo.

b. Educação – Um sistema estruturalmente em decadência, com um troglodita ensino fundamental básico, um ensino profissionalizante sem empreendedorismo e um sistema fingidamente universitário, apenas voltado para graduações sem mínimas bases técnico-científicas e filosóficas, destinadas, salvo mínimas exceções, para diplomar manadas que apenas ampliam uma mediocridade que se imagina de nível superior, sem eira nem beira, tampouco conteúdo.

c. Saúde Pública – Atendimentos ultra superados, com inúmeras instituições preocupadas em aplicações de medidas irrelevantes, quase todas com mínimas preocupações com as características sociais e psicossomáticas nos atendimentos feitos.

d. Mídia – Redução dramática de eventos de conteúdos crítico-construtivos, ampliando-se as propagandas lotéricas de ganhos fáceis comprovadamente ilusórios, favorecendo o tráfico de influências negativas, a lavagem de dinheiro e a perpetuação de manadas.

e. Religião – Expansão de denominações sem uma mínima missão espiritual, apenas estruturadas para arrecadações monetárias, amparadas por injustificáveis isenções tributárias.

f. Segurança Pública – Desaparelhamento das Polícias Civis e Militares para estratégias de combate à criminalidade, com um Código de Processo Penal datado de 1940, quando ainda se andava de bonde em muitas regiões do país.

g. Esportes – Uma estrutura esportiva que não estimula a vocação de crianças, jovens e adultos, favorecendo clubes, federações e confederações comandadas por pessoas sem uma mínima visão de liderança, as atividades apenas sendo programadas para ganhos lucrativos para poucos, atualmente algumas delas se constituindo SAFs, para perpetuar SAFadezas e calotes.

h. Sindicatos – Atividade voltada para pelegos e bajuladores, quando deveria ser instituída a não obrigatoriedade da contribuição sindical, favorecendo iniciativas de adesão voluntária.

i. Saneamento – Precariedade dos atuais sistemas de águas e esgotos, favorecendo a multiplicação de doenças há muito erradicadas do mundo civilizado.

j. Iniciativa Privada – Atualmente com mínimas inicitivas empreendedoras, sempre buscando os ombros financeiros do Estado, quase todas repletas de executivos obsoletos, sem uma mínima noção binoculizadora.

k. Ambiente e clima – Desrespeitos constantes sem mínimas punições dos que provocam invasões de terra, queimadas, poluição dos rios, mineração ilegal, edificação ilegais em encostas de morros, enchentes e outras calamidades urbanas e rurais.

Todos os sinais acima são reflexos da alienação política de um eleitorado que, cada vez mais, se distancia dos seus deveres civilizatórios, beneficiando elites irresponsáveis, que não se percebem autofágicas.

O Brasil, como um todo, necessita reaprender a viver com grandeza, possuir uma filosofia comportamental ética para novos tempos, todos se percebendo em permanente evolução existencial, para honra e glória de um país para TODOS os brasileiros, integrantes de uma indispensável refundação generalizada.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social