1571 – RESILIÊNCIA, ALTIVEZ E DISCIPLINA


Nas Paralimpíadas de Paris 2024, uma atleta brasileira deu um notável exemplo para todos aqueles que se vitimizam com extrema facilidade, murmurando sempre um “deus quis” que nada tem a ver com o Criador de todas as coisas.

Quando ela tinha apenas 6 meses de idade infeccionou um braço após uma injeção aplicada erroneamente num braço, que foi amputado pouco tempo depois.

Passados os primeiros tempos de angústias e sofrimentos, eis que a menina principiou a se reestruturar existencialmente com os apoios dos seus familiares, que sempre a ensinaram a viver sem a utilização de um braço, incentivando-a em múltiplas atividades infantis, permanentemente fortalecendo sua vontade de continuar vivendo com alegria e disposição, exatamente como as demais crianças da comunidade.

O nome da hoje atleta, com 29 anos? BRUNA ALEXANDRE, atleta da modalidade Ping-Pong nas atuais Paralimpíadas de Paris! Uma medalhista que já concorreu em inúmeras competições nos quatro cantos do mundo. Sempre alegre e muito bonita.

Quando muitos se tornam desesperançados por motivos nada relevantes, num país onde se melhora com plástica os perfis das bundas e dos seios, sem ligar a mínima importância para o aprimoramento da mente e dos planos futuros, o exemplo da Bruna deveria estar presente em todas as unidades de ensino brasileiro. Despertando desejos de resiliências múltiplas, ensejando superações múltiplas e proporcionando um fortalecimento do interior de todos, dotando-os de altivez e disciplina férrea, sem um mínimo receio de medos e desilusões, complexos e desesperanças.

Nos tempos atuais, preocupantes por derradeiro, com trágicas alterações climáticas, conflitos bélicos irracionais, terremotos, elevação do nível dos oceanos, pandemias e deseducação generalizada, urge ressaltar muito o exemplo de Bruna Alexandre, favorecendo um novo CRC – Código Resiliente Comportamental em todos os continentes, ensejando um mundo mais construtivo, sem consumismos autofágicos, sem novelostas e eventostas televisivos, de induções amorais. Um CRC multiplicando os níveis de esperanças por um planeta mais digno e solidário.

Permitam-me recomendar, em função da notável caminhada da atleta catarinense Bruna Alexandre, a leitura de um livro recentemente editado pela Editora Vozes, que muito reestruturará interiores, possibilitando um caminhar resiliente, com altivez e disciplina, sem perder a ternura jamais: O ESPÍRITO DA ESPERANÇA: CONTRA A A SOCIEDADE DO MEDO, Byung-Chul Han, Petrópolis RJ, Editora Vozes, 2024, 132 p. O autor, um coreano, é PhD na Alemanha, atualmente professor de Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Berlim.

E se você tem receio de tudo que encontra pela frente, sentindo-se o ó-do-borogodó-todofu, busque se reconstiotuir individual ou clinicamente, com a máxima urgência. Principalmente, em épocas eleitorais, quando muita gente influencia com promessas descabidas e sonhos alucinantes, elaborados por candidatos que não possuem racionalidade, somente buscando introduzi-lo na manada.

Para principiar a vivenciar novos ares, encareço também a leitura de umoutro livro notável, que me fez um bem muito arretado de ótimo: VOCÊ É ANSIOSO? REFLEXÕES CONTRA O MEDO, Luiz Felipe Pondé, 2ª, edição, São Paulo, Planeta do Brasil, 2020, 160 p. O autor, um pensante brasileiro de nível muito acima do ótimo e diretor do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC-SP, reproduz o pensar de um psiquiatra britânico, nestes tempos brasileiros de campanha eleitoral: “O ressentimento é um efeito triste que pode durar a vida todas com outras formas, como raiva, rancor, incapacidade de empatia e ódio.”

Por fim, sugiro a todos adotar um balizamento cotidiano, ao acordar todas as manhãs:

LEVANTAR-SE, SACUDIR A POEIRA E DAR A VOLTA POR CIMA!


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social