1568 – NARRAÇÕES, APREENSÕES, SUGESTÕES
Nos últimos dias do semestre passado, num fim de tarde, mostrei à minha atual companheira de caminhada algumas anotações que tinha recolhido de leituras feitas nos últimos tempos que me deixaram com múltiplas apreensões sobre os amanhãs planetários. Eis as que mais me impactaram:
“Um dos principais obstáculos do progresso da humanidade e do conhecimento não é nem a fé nem a ausência de fé, como durante muito tempo se pensou nos séculos anteriores. É a certeza dogmática, de qualquer natureza que seja. Que acaba engendrando a rejeição do outro, a intolerância, o fanatismo, o obscurantismo, quando o importante seria cultivar e promover os valores universais que nos unem e dos quais depende o futuro de toda a humanidade: a justiça, a liberdade e o amor.” (Frédéric Lenoir, pensador francês, romancista e dramaturgo)
“Quando você leva um problema a um professor, é muito provável que ele explique o que você já entende, acrescente uma grande quantidade de informações que você não tinha em mente e nada diga sobre o que o está intrigando.” (C. S. Lewis, 1898-1963, um dos grandes gigantes intelectuais cristãos do século XX, da Universidade de Oxford)
“Em um mundo em crise, no qual a lógica da concorrência que caracteriza a globalização parece alastrar-se cegamente, sem que ninguém – sejam os chefes de Estado mais poderosos ou os dirigentes das multinacionais – consiga mudar seu curso, a filosofia certamente gera crescente interesse e, talvez,
a esperança de reencontrar marcos de referência e sentido para nossa existência.” (Luc Ferry, PhD em Filosofia, ex-Ministro da Educação da França)
“Desde antes do Iluminismo, a ciência e a igreja muitas vezes foram amigas e às veze inimigas. A tensão nem sempre foi culpa da ciência.” (Tony Reinke, jornalista e professor, autor cristão de livros que orientam especialistas na era das mídias).
Diante dos comentários acima, algumas apreensões se agigantaram em meu interior de PSA – Pensador Sempre Aprendiz, explicitadas abaixo para possíveis interessados em prosseguir refletindo:
– Será que há interesse suficiente dos atuais mandatários mundiais em disseminar um juízo crítico cidadão através de uma Educação Fundamental Evolucionária, que muito despertaria corações e mentes para amanhãs mais promissores, ajustados às velocíssimas mutabilidades históricas de uma complexa pós-modernidade?
– Será possível evitar a involução cultural humanística do mundo presente através da IA – Inteligência Artificial, favorecendo uma maior consciência das elites sobre as possibilidades cada vez mais crescentes acerca das suas inviabilidades existenciais?
– Os mandantes atuais dos quatro cantos do mundo já perceberam que a ilusão da certeza já deixou inúmeras ideologias sem mel nem cabaço, sem eira nem beira?
– Como ampliar a consciência de que nós, brasileiros, em algumas regiões, ainda estamos engatinhando como civilização, mesmo sem contar com apoio dos atuais beneficiários da situação?
– Como chegaremos à Passárgada do poeta pernambucano Manuel Bandeira, sem as tensões desnecessárias, sabendo perder algumas vezes para ganhar nos finalmentes, sabendo fazer a hora sem esperar acontecer?
Para todos os brasileiros, seis regras instituídas pelo notável Peter Drucker em seu livro ADMINISTRANDO EM TEMPOS DE GRANDES MUDANÇAS: O que precisa ser feito? Concentre-se, sem se dividir. Nunca aposte numa coisa certa. Não perca tempo administrando detalhes. E se for escolhido, pare de fazer campanha.
E nunca nos esqueçamos de um balizamento de grau ótimo: Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se negativa. Encontrar qualidades, entretanto, é tarefa de talentos.
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social