1556 – CONCEITOS DE UMA PENSANTE NOTÁVEL


Na atual conjuntura mundial, com guerras, mudanças climáticas, enchentes e outros fatos e feitos que indicam uma pós-modernidade muito complexa, embora recheada de alvoreceres cravejados de esperanças mil, chamo a atenção de pais, mães, professores e responsáveis pela formação dos mais novos, do hoje e dos amanhãs, para orientações sempre cada vez mais luzidias e balizadoras.

Se fosse possível, todas as capacitações pedagógicas brasileiras deveriam conter uma disciplina chamada Elucidações Psicológicas, onde os futuros docentes pudessem ter um porto seguro para uma convivialidade sadia e empreendedora com seus alunos e demais orientandos.

Se me perguntassem por onde eles, docentes, deveriam ter por alicerce básico de transmissão, eu seguramente indicaria um manual que tem beneficiado inúmeros companheiros de magistério, independente de suas posturas religiosas: ELUCIDAÇÕES PSICOLÓGICAS À LUZ DO ESPIRITISMO, Divaldo Franco (pelo Espírito Joanna de Ângelis, organizado por Geraldo Campetti e Paulo Pedrosa, 3ª. edição, Salvador BA, Editora LEAL, 2020, 472 p.

O manual tem o propósito de orientar mentes e comportamentos, segundo a própria Joanna de Ângelis, que viveu uma das suas existências em Salvador, Bahia, de 1761 a 1822, quando se tornou Mártir da Independência, sob nome de Sóror Joana Angélica de Jesus, tornando-se posteriormente autora de 60 obras psicografas pelo notável médium baiano Divaldo Franco, 31 delas já traduzidas para oito idiomas, e cinco transcritas em Braille.

No livro acima, Joanna de Ângelis ainda proclama que o seu propósito “jamais teve qualquer veleidade pedante. Pelo contrário, a nossa Psicologia Espírita tem uma linguagem simples, desprovida de atavios, que tem por meta ser entendidas por todas as pessoas que se interessem pelo conhecimento do Espiritismo nos seus múltiplos aspectos.” E complementa: “o Espiritismo é uma doutrina que ilumina e esclarece, que instrui e dulcifica, não podendo as suas lições ser apresentadas em formulações simplistas e popularescas, muito do agrado daqueles que não têm o hábito de estudar.”

Algumas das suas notáveis orientações, eu as explicito abaixo, favorecendo a curiosidade de pais, mães e responsáveis por crianças e adolescentes que necessitam introduzir seus pimpolhos numa crescentemente salutar binoculização existencial. Ei-las, como pequena amostra:

a. “São muitos os mecanismos que levam à autodestruição, entre os quais a fadiga pelo adquirir e poder acompanhar tudo; estar envolvido nas armadilhas criadas pelo mercado devorador, que desencadeia inquietação; a quantidade de propostas perturbadoras pela mídia, que aturde; o excesso de ruídos em toda parte, que desorienta; e a super poluição nos centros urbanos, que desenvolve os instintos violentos e agressivos, eliminando quase as possibilidades para a aquisição da beleza, do entesouramento da paz, de ensanchas (possibilidades) de autorrealização.”

b. Os litígios são reminiscências do passado, sinais de identificação do atraso em que permanece grande número de membros da sociedade humana.”

c. “Os preconceitos são frutos espúrios da crise moral que atormenta o indivíduo insatisfeito com a própria conduta, exigindo privilégios para si, em face da insegurança psicológica no trato relacional com o seu próximo.”

d. “A medida mais eficaz para que se evite o agravamento dos distúrbios psicológicos, encontra-se na constante autoavaliação da conduta, em exame frequente da atitude pessoal em relação ao grupo social no qual se encontra, não se deixando alienar por expressões extravagantes, mediante a própria supervalorização ou a presunção de imbatibilidade.”

Mostrando os itens acima ao meu amigo João Silvino da Conceição, ele gostou muito e fez o seguinte comentário:

– Nando, creio que o que está faltando à muita gente é uma simancalidade permanente, onde todos se percebam uma metamorfose ambulante sempre em evolução, percebendo a cada amanhecer que “sem cultural nem educação, a gente se torna um ser nunca cidadão.”


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social