1547 – LEITURAS DE SEMANA SANTA

Para aqueles que desejam preencher a Semana Santa próxima com leituras analíticas mais apropriadas, alguns textos recentemente editados são excelentes meios para uma oportuna reconstrução cognitiva espiritualista, favorecendo um conhecimento mais contemporâneo sobre os fatos e feitos ocorridos, evitando involuções religiosas que se evidenciam nos tempos presentes, nos quatro cantos do mundo. E fazendo emergir uma postura para lá de muito urgentíssima: uma reinterpretação radical do cristianismo, favorecendo um novo lugar da religião na vida cotidiana de cada um.

As leituras abaixo podem ser ponto de partida para novos entendimentos, potencializando militâncias capazes de promover projetos que engrandeçam pessoas num caminhar bem legitimado para um entendimento dialogal e fraterno entre todas as crenças e destas com os que pensam diferentemente acerca da veracidade do outro lado do muro.

As indicações não possuem qualquer nível de preferências, sendo apenas apresentadas conforme as últimas leituras efetivadas. Ei-las:

– Cosmovisão cristã: como pensar as principais questões da vida à luz das Escrituras, Felipe Amorim, Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2022, 288 p. A cosmovisão mostra como devemos enxergar a vida como parte de uma caminhada que tem por objetivo ter o melhor entendimento sobre as mensagens do Senhor Jesus.

– Ecumenismo: a difícil arte do diálogo entre os cristãos, Volney J. Berkenbrock, Petrópolis RJ, Vozes Editora, 2024, 204 p. Páginas que analisam as raízes do escândalo da desunião cristã, oferecendo o ecumenismo como uma solução eivada de muita fraternidade e compreensão para o testemunho da fé no Senhor Jesus.

– A vida feliz: sabedorias antigas e espiritualidade laica, Luc Ferry, Petrópolis RJ, Editora Vozes, 2023, 293 p. Um texto que nos leva a refletir sobre os princípios fundamentais da vida feliz, desafiando nossas perspectivas e nos encorajando a desvendar nossas próprias escolhas e propósitos incoerentes.

– A religião do futuro, Roberto Mangabeira Unger, São Paulo, LeYa Brasil, 2024, 552 p. Uma leitura que nos afastará dos ídolos de barro, aproximando-nos uns dos outros com fraternidade e solidariedade, desconstruindo a versão de que “a história da fé cristã é uma história de heresias”. Uma provocação do autor: Como reinventar a religião para que ela nos liberte em vez de nos consolar? Páginas que reconstroem a espiritualidade, a partir de ousadas reflexões. Uma pensador brasileiro com análises que congregam três grandes vertentes: a filosofia que reconhece nossa finitude e nossa transcendência, o pensamento social e a reinterpretação do Brasil na direção de um desenvolvimento que favoreça sua emersão a uma liderança mundial.

Na Semana Santa, entendamos de uma vez por todas que Jesus não veio fundar o cristianismo ou a Igreja, mas sim propor um novo projeto político, condensado na expressão Reino de Deus, uma sociedade apoiada em dois gigantescos pilares: nas relações pessoais de fraternidade e amor e a partilha dos bens terrestres supérfluos resultantes do trabalho humano.

Saibamos ser pacíficos, jamais apequenados diante dos autoritários e poderosos, assimilando sempre o que disse o menestrel brasileiro saudoso: “Quam sabe faz a hora, não espera acontecer!”. Boas leituras, muitas meditações e novos comportamentos!

Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social