1539 – UMA LIÇÃO DE ANO NOVO


Um juiz passava por uma estrada e encontrou um preto-velho enrolando seu cigarro de palha e cumprimentando a todos que por ali passavam: – Deus te abençoe, meu filho! Deus te acompanhe! Deus te guie!! Deus te proteja!

O juiz, um tanto curioso, perguntou-lhe:

– O senhor sabe onde Deus está?

O preto-velho respondeu:

– O senhor sabe onde Ele não está?

O juiz, não satisfeito, retrucou:

– O senhor deve ser muito religioso! Qual a sua religião?

E o preto-velho respondeu-lhe:

– Quando vou levar trigo à cidade, posso ir pela rodovia, pela montanha ou pela estrada do rio, mas quando chego lá, o patrão não quer saber por onde vim. Ele quer saber se o trigo é de boa qualidade!

E o preto-velho concluiu: Não importa o caminho, mas o amor que se pratica!!!

Nesta primeira semana de 2024, saibamos nos perceber sempre uma metamorfose ambulante, a la Raul Seixas, na trilha para a Eternidade, sempre nos percebendo inconclusos, nunca melhores que os outros, reconhecendo a legitimidade dos que sabem fazer a hora sem esperar acontecer.

Neste e nos próximos incontáveis anos, saibamos praticar uma cada vez mais consistente solidariedade social para com os menos favorecidos do mundo, sempre buscando erradicar as diferenciadas escravidões que ainda persistem entre nós, procrastinando soluções humanistas erradicantes.

Nestes primeiros dias de 2024, assimilemos bem a reflexão dita um dia por um dos maiores pensantes da História Humana. Ei-la:

É necessário algum tipo de filosofia para todos, com exceção dos mais insensatos e, na ausência de conhecimento, é quase certo que seja uma filosofia tola. O resultado disso é que a raça humana fica dividida em grupos de fanáticos rivais, cada grupo firmemente convencido de que seu próprio tipo de tolice é a verdade sagrada, enquanto a do outro grupo é uma heresia digna de danação” (Bertrand Russell). Um notável filósofo inglês, que também acreditava piamente que “homens cruéis acreditam num Deus cruel e usam sua crença para desculpar a crueldade. Somente homens bondosos acreditam num Deus bondoso, e serão bondosos de qualquer jeito.

Concordamos com o frade dominicano Dominique Collin: o Cristianismo ainda não existe! Somos radicalmente de acordo que o cristianismo somente principiará a existir quando deixar de pensar no seu futuro e principiar a se preocupar mais efetivamente com o que está faltando ao ser humano contemporâneo desprovido de um mínimo para sobreviver como filho legítimo da Criaçao.

Saibamos, a partir deste ano, combater as exterioridades fingidas, favorecendo a reconstrução de uma interioridade sementeira dignificante, militante por derradeiro em prol de uma mundialização fraterna capaz de erradicar os sectarismos ideológicos, os analfabetismos ruminantes, os oportunismos políticos inescrupulosos, as corrupções das mais variadas espécies, as mais-valias exterminadoras, os racismos, as agressões climáticas, os arremedos de desenvolvimento social e as emissões fatais de gás carbônicos.

Vivamos o 2024 e os anos seguintes, vivendo responsavelmente o agora, alimentando a memória somente de bons passados, estruturando os amanhãs exclusivamente de radiosas esperanças mil, sempre identificando os indivíduos inferiores que somente tentam prejudicar, buscando levar vantagens. E tenhamos cuidados mil com a nossas saúdes, física, mental e espiritual, percebendo cotidianamente que não existe nada mais deplorável que as opiniões dos moralmente incapacitados, que sendo enguias almejam por qualquer dinheiro serem baleias.

E jamais se esqueçam das lições deixadas pela Criança nascida em dezembro 25. Que nos ensinou que a pobreza , a dor e a ambição são sentidas de maneiras diferentes por diferentes pessoas, conforme sua estruturação moral.

E lembremo-nos sempre que conhecimento é liberdade, liberdade frente à ignorância e seu filho, o medo.

Leiamos mais em 2024, para estruturarmos com mais criticidade a nossa cidadania brasileira. Para que possamos enxergar melhor o que nos falta para amanhãs mais felizes, fraternos e menos desiguais.

SEJAMOS CADA VEZ MAIS BRASILEIROS, SOB TODAS AS CRENÇAS ESPIRITUAIS!!!


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social