1538 – PARA TODOS OS DOCENTES BRASILEIROS


Tenho uma sólida confiança nos destinos futuros da humanidade, apesar de todos os atuais sinais negativos, inclusive as últimas posturas autoritárias belicistas de alguns metidos a bípedes mandantes. Certa feita, num dos seus pronunciamentos famosos, o inesquecível líder pacifista Martin Luther King afirmou com total convicção:

Hoje, nesta noite do mundo e na esperança da Boa Nova, afirmo com audácia minha fé no futuro da humanidade. Nego-me a concordar com a opinião daqueles que acreditam que o homem é, até certo ponto, cativo da noite sem estrelas, do racismo e da guerra, e que a radiante aurora da paz e da fraternidade jamais será uma realidade. Creio firmemente que, mesmo entre os obuses que atiram e canhões que ressoam, permanece a esperança de um radiante amanhecer. Atrevo-me a acreditar que um dia todos os habitantes da Terra poderão ter três refeições por dia para a vida do seu corpo, educação e cultura para o aprimoramento de seu espírito, igualdade e liberdade para a vida de seu coração. Creio também que um dia toda a humanidade reconhecerá em Deus a fonte do seu amor.”

Nas últimas duas décadas, múltiplas alterações dos cenários econômicos e sociais ocorreram no mundo inteiro. E inúmeras dessas mudanças provocaram mais angústias que esperanças, posto que foram implementadas sem uma atenção devida para com a educação de crianças e adolescentes, sempre voltadas para aspectos financeiro-contábeis, nunca sociais e comunitários.

Solicitaria aos meus colegas docentes de todos os níveis de ensino, uma atenção especial para com as reflexões de uma professora negra norte-americana, especializada em raça, gênero, classe, educação, crítica cultural, que foi admiradora de Paulo Freire, tendo escrito mais de trinta livros, adotando um pseudônimo que homenageava sua bisavó, “uma mulher de língua afiada, que falava o que vinha à cabeça, que não tinha medo de erguer a voz.”

O livro que recomendo com entusiasmo: ENSINANDO PENSAMENTO CRÍTICO: SABEDORIA PRÁTICA, bell hooks, São Paulo, Elefante, 2020, 288 p. Uma leitura reflexiva, com possibilidades para debates múltiplos, que farão todos perceberem a lição de uma poetisa brasileira que não tinha o curso primário completo, mas que era uma cidadã que sabia refletir os anseios dos amanhãs direcionados para a Luz. São versos da Cora Coralina:

O tempo muito me ensinou, ensinou a amar a vida, não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a pensamentos negativos, acreditar nos valores humanos. Ser otimista. Crer numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa. Creio na fraternidade universal, na solidariedade humana. Creio na superação dos erros e angústias do presente. Acredito nos moços. Exalto sua confiança, generosidade e idealismo. Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente. Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil. Antes acreditar do que duvidar.

A construção de uma sociedade moderna, justa e democrática vem se tornando a maior aspiração de milhões de brasileiros. Empresários, trabalhadores, civis, militares e religiosos estão a reconhecer que os atuais mecanismos de desenvolvimento econômico não conseguiram vencer as armadilhas da miséria. O momento que se vivencia não permite apenas meras contemplações. Os mais responsáveis estão incentivando a ampliação da participação de todos. Faz-se necessário isso para que mudanças aconteçam, eliminando-se os sectarismos inconsequentes e as marginalizações espúrias.

PS. Feliz Natal e um 2024 arretado de ótimo para todos. Até janeiro!!


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social