1537 – SOBRE UM JUDEU MUITO AMADO


Recentemente, no 101º. aniversário da minha querida tia Lurdinha, na casa da sua filha Trudinha, prima muito querida, um dos convidados, sabendo que eu tinha uma nazarenoteca (coleção de livros sobre o Homão da Galileia), me perguntou como se podia ser melhor seguidor do Nazareno, dada as inúmeras dúvidas existentes sobre sua figura histórica, embora reconhecendo que o ideário d’Ele foi quem mais reestruturações históricas proporcionou nos últimos dois séculos.

Na bolsa da Rejane, por acaso, havia um livro que me tinha sido devolvido no dia anterior e que caiu como uma luva naquela ocasião, ao tomar conhecimento que o convidado era uma pessoa de nível cultural para lá de bom, engenheiro de uma Empresa Construtora, sem modismos, fundamentalismos e faniquitismos piegas, tendo sido aluno do Colégio Marista do Recife, embora distanciado das práticas religiosas desde quando perdeu um filho único num trágico desastre automobilístico perto de João Pessoa.

O livro que lhe repassei, a título de empréstimo, tinha na primeira orelha a seguinte observação: “Este não é um livro religioso. Antes de mais nada, é uma rigorosa investigação de cunho jornalístico que nos mostra com grande erudição as questões e contradições que rodeiam a figura de Jesus, sua personalidade, sua vida e sua obra.”

O livro emprestado: JESUS ESSE GRANDE DESCONHECIDO, Juan Arias, Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, 231 p.

Alertei o convidado que o livro do Arias é um livro mais de perguntas que de respostas, pois se trata de esclarecer a caminhada de um judeu de Nazaré que ousou desafiar o sábado, a família e o Templo, que não tinha receio de expressar seus sentimentos, de tocar e ser tocado e de ouvir as mulheres, um gigantesco não-costume da época. E disse mais que o livro de Arias nos faz refletir mais sobre algumas perguntas que ainda sobrepairam o cotidiano dos especialistas em lideranças religiosas. Duas delas: Será que o Nazareno intentou estruturar uma nova igreja ou militou em prol da purificação da existente, posto que ele vinculado ao judaísmo? Se sua morte não tivesse sido atribuída aos judeus, os campos de extermínio nazista teriam existido?

Identificando-me como cristão espiritista, mariano, transecumêmnico, helderista, paulino e conscientemente evolucionário, enviei para ele, por e-mail e no dia seguinte, três referências bibliográficas que muito o auxiliarão na compreensão das lições de um Galileu que revolucionou a História da Humanidade há dois mil anos, pregando uma boa-nova de muito amor, caridade, fraternidade e solidariedade social. Ei-las:

– HUMANAMENTE DEUS: UMA INTERPRETAÇÃO DO EVANGELHO E DA PESSOA DE JESUS PARA OS DIAS DE HOJE, Victor Azevedo, São Paulo, Planeta do Brasil, 2023, 144 p. Um pequeno passo em direção a Jesus de Nazaré, um grande salto ao alcance de um verdadeiro caminho espiritual.

– O CRISTIANISMO AINDA NÃO EXISTE: ENTRE PROJETOS INEXISTENTES E A PRÁTICA DO EVANGELHO, Dominique Collin, Petrópolis RJ, Vozes, 2022, 173 p. Páginas que ressaltam a urgência de sair do colapso da transmissão da palavra cristã no mundo de hoje.

– COMO LER O EVANGELHO E NÃO PERDER A FÉ. Alberto Maggi, SPo, Paulus, 2023, 187 p.

Depois de ler as indicações acima, recomendo ao irmão engenheiro a leitura de O ENTARDECER DO CRISTIANISMO- A CORAGEM DE MUDAR, Tomás Halík, Petrópolis RJ, Vozes, 2023, 334 p. Sem jamais confundir Fé em Jesus com Cristianismo Institucional. Leitura indispensável para se ler a partir das conclusões do Sínodo dos Bispos recentemente encerrado.

No mais, é seguir adiante com muita fé, sem perder a ternura jamais! Militando sempre por uma radical fraternidade planetária, aqui, agora e sempre!!


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social