1529 – UMA HISTORINHA E SUAS CONCLUSÕES
Atentem para o que aconteceu há alguns séculos:
“Vivia nos arredores de Bagdá, em tempos idos, um mendigo a pedir esmolas a quem saísse da cidade ou nela entrasse. Ele fez seu ponto numa encruzilhada à entrada da cidade. Havia uma pedra de bom tamanho no meio desse cruzamento e ele senta-se nela, todos os dias, a mendigar pão.
Transcorreram-se décadas. Os passantes sempre o ajudavam, apiedados de sua condição de penúria. Ele entrou pela velhice sem nunca ter a certeza de que iria comer no dia seguinte.
Quando o mendigo faleceu, o povo custeou o enterro e a prefeitura mandou operários remover a pedra da encruzilhada. Ela atrapalhava a passagem das carroças e só não fora removida antes porque as autoridades não queriam destruir o ‘lar’ do desditoso velhinho.
Mas aí aconteceu o impensável: ao deslocarem a pedra, foi encontrado debaixo dela um imenso tesouro que daria para uma cidade como Bagdá viver na opulência por vários séculos!
O mendigo esteve sentado em cima dessa mina de Golconda a vida inteira e nunca soube disso, contentando-se com as migalhas que os passantes deitavam em suas mãos.”
Para os que ainda não sabem, Golconda é uma cidade e fortaleza em ruínas da região central da Índia, conhecida por seus tesouros, situada a 11 quilômetros de Hyderabad, no estado de Andhra Pradesh. Tanto a cidade quanto a fortaleza estão construídas sobre uma colina de granito de 120 metros de altura. A origem do forte é do ano 1143, aproximadamente, quando a dinastia hindu dos Kakatiya governava a área. O nome deriva do termo telugú Golla Konda, que significa colina do pastor.
Uma conclusão notável, a partir da historinha acima: os homens, em sua gigantesca maioria ainda desconhecem a Lei Divina. A pedra onde o mendigo se assentava era a ignorância humana. E o mendigo representava a Humanidade, hoje envolvida em guerras estúpidas, odiosidades e ideologias sectárias, menosprezando as buscas pela Luz Espiritual. Os passantes representam os anjos da guarda e o próprio Tesouro é o Evangelho do Cristo iluminado, atualmente a exigir das crenças cristãs múltiplas uma reinterpretação despida das contradições neles introduzidas ao longo dos séculos, transcrições incompetentes ou propósitos outros.
Atualmente, o Papa Francisco, chefe da maior instituição crista da atualidade, tenta buscar, através do Sínodo dos Bispos, ultrapassar as ortodoxias dogmáticas implementadas desde os primórdios tempos do Cristianismo, gerando discordâncias, desesperanças, odiosidades e desistências, ateísmos, agnosticismos, alienações e desamores e rejeição da reencarnação, posto que, segundo Joanna de Ângelis, orientadora do médium baiano Divaldo Franco, “a reencarnação é Lei da Vida, impositiva, inevitável, recurso de superior qualidade para o desenvolvimento do Espírito, esse arquiteto de si mesmo e do seu destino.”
E é a própria Joanna de Ângelis quem alerta, diante dos descalabros sociais que estão acontecendo nos quatro cantos do planeta: “As ilusões da prosperidade econômica e social, cultural e política, induzem o insensato ao ofuscamento, por permitirem sua crença na superioridade aos demais, inacessível ao próximo, colocando barreiras no relacionamento com as outras pessoas que lhe pareçam de menor status, como se estas ameaçassem a sua situação de destaque. Anestesia a consciência para não pensar nas ocorrências do insucesso, da mudança de situação, das surpresas do cotidiano.”
Somente através de uma Educação Universal de Qualidade poderemos buscar a superação dos atuais problemas planetários, edificando para todos uma vida plena e abundante, sem conflitos cretinos, nem estupidezes terroristas, que apenas favorecem a lucratividade das indústrias de armas de guerra.
Parodiemos Descartes: “Penso, existo, também hesito, sempre insisto, nunca desisto e jamais dou por visto.”
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social