1519 – LIÇÕES DE UMA PARALIMPÍADA


Assisti todos os eventos paralímpicos 2023, realizados em Manchester, na Inglaterra. E apreendi com eles lições memoráveis, inesquecíveis. Permitam-me os leitores que eu mencione algumas delas, com comentários adicionais.
Inicialmente, através das disputas, aprendi a combater mais efetivamente os chiliques, os vitimismos, os fingimentos e os pessimismos fresqueletes de todos aqueles dos meus derredores existenciais, que se imaginam cotidianamente FPS – Flodidos para Sempre. Como dizia a minha avó-madrinha Zefinha, mãe da minha mãe, são geralmente “os que reclamam de barriga cheia”, sempre buscando desculpas esfarrapadas para nada construir, a reclamar de não ter um rosto mais arredondado, uns seios mais pontudos, uma bunda mais empinada, um pinto mais taludo, um maior aparecimento nos noticiários televisivos, maiores salários, mais isso e mais aquilo, sempre ansiando para ter sempre mais, nem que para isso avilte a sua própria ética comportamental.
As Paralimpíadas ressaltaram, na minha observância, uma resiliência permanente diante das deficiências físicas de cada participante, sempre a portarem um sorriso generoso e uma ampla capacidade de superar os obstáculos mais diferenciados, com uma mentalidade ativada para conquistas que pareciam sempre vitoriosas, fato que muita gente desacreditava.
Com as Paralimpíadas, que toda gente brasileira aprenda lições fundamentais, a primeira delas a de sempre perceber-se potencialmente capaz de superar os empecilhos mais significativos de uma caminhada terrestre em direção à Luiz Divina. A segunda, que as autoridades brasileiras, públicas e empresariais, saibam implementar permanentes políticas sociais não assistencialistas em prol das atividades paralímpicas, promovendo uma ampla desvitimização social coletiva, fortalecendo uma Educação Básica Integral Inclusiva para todos, através de propostas pedagógicas cívico-crítico-construtivas, com docentes bem qualificados, criteriosamente selecionados, remunerados com dignidade. Para que seus integrantes, docentes e discentes, se sintam continuadamente uma “metamorfose ambulante”, a fortalecer a imagem de uma Gente Brasileira tri-racial, dotada de um amplo anseio por futuros felizes para todas as regiões e gêneros, sem negacionismos, reacionarismos e preconceitos, com fraternidade cada vez mais solidária, percebendo sempre que “após uma noite bem escura, sempre surge uma radiante madrugada”, como proclamava o saudoso Dom Hélder Câmara, o nunca esquecido Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, um sacerdote diferente como poucos, que vez por outra confidenciava: “O Vaticano é a área do mundo mais anti-evangélica que eu conheço”.
Com as Paralimpíadas 2023, percebi claramente que as depressões, as ansiedades, as vaidades doentias e as egolatrias cretinas são postas de lado, como também deveria fazer o Povo Brasileiro, enviando seus mimimis vitimistas para os aterros sanitários do mundo, restaurando a esperança verde-amarela como bandeira maior dos amanhãs pátrios, olímpicos, paralímpicos, educacionais, econômicos, sociais, de justiça e democracia.
Que as Paralimpíadas futuras ampliem os respeitos humanos de todos para com todos, nas Confederações Esportivas especializadas brasileiras, favorecendo um planejamento que apoie amplamente gregos, troianos, etnias e gêneros. Com um amplo televisionamento, sem faniquitos histéricos irradiados nem mediocridades analíticas que caracterizam ingênuos e ruminantes.
Nas Paralimpíadas 2023, em Manchester, Inglaterra, todos daqui nos sentimos bem mais brasileiros de quatro costados, com a certeza de que Deus nunca abandonou seus amados filhos. Eu sempre continuando com a certeza plena de que ainda é possível encontrar Deus na época atual em que vivemos, numa “sociedade líquida” (Zygmunt Bauman) em busca de uma integral regeneração planetária. Suplantando a secularização e a descristianização do Ocidente atual, através de novos e criativos procedimentos evangelizadores.

Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social