1515 – PARA JOVENS E ADULTOS NÃO RUMINANTES
Questões que muito estão incomodando atualmente gregos e troianos: Estamos sabendo pensar, serena e objetivamente, sobre os problemas cotidianos da vida nossa, do nosso derredor, do nosso país e do mundo como um todo? Ou estamos ficando escravos das notícias sensacionalistas, muitas vezes falsas, marqueteiras ou oportunistas, que surgem diariamente nos diversos meios de comunicação eletrônica? Como estamos lidando com amor, família, empatia, trabalho, dinheiro, lazer, tempo, sentidos, crenças, vivências futuras, empreendimentos, racismos, preconceitos, anseios, sonhos e esperanças?
Muitos dos questionamentos acima nos estão incomodando por causa de desconhecimento nosso sobre como saber bem conduzi-los, contribuindo para que todos nós tenhamos vida e vida em abundância.
Como interpretar as “teias de interdependência” (expressão do Norberto Elias) de uma pós-modernidade cada vez mais comprometida com uma crescente disparidade entre os mais e os menos? Resumindo: Como saber viver com energia, clareza de propósitos e conexões convincentes?
Gostaria de recomendar, aos brasileiros dos quatro quadrantes, algumas leituras que tive ao longo dos últimos anos, que reduziram muito angústias, desânimos, pré-julgamentos, ansiedades e depressões, favorecendo uma enxergância positiva sempre evolucionária, sem vitimismos nem despropósitos, sempre buscando entender para mais abençoadamente pelo Senhor sobreviver. Ei-las, sempre solicitando análises críticas e ampla disseminação das preferidas entre os mais desatentos:
a. A ARTE DE QUESTIONAR: A FILOSOFA DO DIA A DIA, A. C. Grayling, São Paulo, Editora Fundamento Educacional Ltda, 2014, 320 p. O autor é considerado um dos maiores pensadores da Grã-Bretanha contemporânea. Seu livro é composto de uma série de perguntas provocativas sobre questões surgidas durante a vida de qualquer um de nós, ensejando reestruturações comportamentais que rejeitam passivamente “o que dizem por aí”. Três dos seus questionamentos, a título de pequena amostra: 1. O darwinismo é compatível com a crença religiosa? 2. Filosofia deve ser ensinada nas escolas? 3. O que é mais importante: conhecer fatos ou conhecer métodos?
b. SOBRE A ARTE DE VIVER, Roman Krznaric, Rio de Janeiro, Zahar, 2013, 376 p. Páginas que ressaltam como podemos resolver nossos principais problemas, recorrendo à história como guia e inspiração. Toda a reflexão embasada numa definição de Goethe: “Aquele que não sabe tirar partido de 3 mil anos apenas subsiste.” Saibamos abrir a cortina da história e descobrir o que ela nos revela sobre a arte de bem viver na pós-modernidade. E responda com sobriedade se seu trabalho atual é grande o bastante para o seu espírito.
c. BENDITAS SEJAM AS PERDAS DA VIDA: DESAPEGANDO-SE E SEGUINDO EM FRENTE, Joan Guntzelma, Petrópolis RJ, Vozes, 2023, 198 p. Na contracapa: “Um livro maravilhoso que oferece ao leitor a oportunidade de lidar com as perdas da vida de uma maneira que leva a tomar novas resoluções, ampliando sua espiritualidade, buscando novos caminhos, após uma pandemia provocadora de muito luto nas famílias de todos os cantos da Terra.”
d. A BUSCA DA JUSTA MEDIDA: COMO EQUILIBRAR O PLANETA TERRA, Leonardo Boff, Petrópolis RJ, Vozes, 2023, 119 p. Uma crítica severa à nossa atual civilização planetária, ampla e perigosamente desequilibrada, onde uma temperança estratégica se faz urgentemente necessária. Medidas enérgicas que deverão ser tomadas por uma razão intelectual que garanta os amanhãs da nossa Casa Comum, respeitadas suas diversidades. Analise as realizações pessoais e regionais possíveis, percebendo as interconexões de todos.
A sua caminhada de leitura é escolha sua. Efetive-a sem pressa nem açodamentos precipitados. E jamais se esqueça de uma advertência feita pelo inesquecível Dom Hélder Câmara, inesquecível Arcebispo Metropolitano de saudoso Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife:
“Se não crês no homem, / se nele não descobrires / o co-criador / incumbido pelo Pai / de dominar a natureza / e completar a criação, / se desconfias / de tudo e de todos, / e não tens esperança / e te falta amor, / cairás na solidão / e acabarás escutando apenas / o eco de tua própria voz.”
E sempre Dom Hélder Câmara concluía com muita propriedade:
“Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo.”
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social