1461 – PARA OS MAIORES DE 60 ANOS


Multiplicam-se na pós pandemia, as análises demográficas sobre o crescimento etário da população mundial com suas variadas vertentes: da velhice, da espiritualidade, da emocionalidade e da maior longevidade. E outro dia, numa festinha familiar onde se comemorava os 96 anos da dona da casa, um amigo me perguntou o que eu achava da velhice, como eu a interpretava e se dela eu temia.

Fiquei de lhe enviar um e-mail opinando sobre o assunto, o que faço agora publicamente, aproveitando o espaço deste site administrado pela eCliente Informática, de Piracicaba SP, otimamente gerenciado pela Mayra e pela Bruna, duas profissionais de profissionalidade comprovada.

Vamos aos finalmentes, abaixo expostos sequencialmente, sem prioridade:

  1. Considero a velhice como uma excelente oportunidade de regenerar o espírito, favorecendo uma revisão de atos e posturas, positivos e negativos, praticados em ontens que não mais retornarão, embora possibilitem reavaliações, arrependimentos e ratificações. Todo idoso passa por cinco fases de desenvolvimento: o nascimento, o Espírito adapta-se a uma nova estrutura familiar, após um processo de parto, que é, segundo Cairbar Schutel, uma ruptura integral do novo ser humano com o seu antigo ambiente espiritual, sem qualquer visão dos amanhãs que lhe esperam; a adolescência, a etapa existencial entre a vida infantil e a adulta, onde o Espírito se desapega das ingenuidades, alcançando aos 18 anos o livre-arbítrio, iniciando-se numa reforma íntima racional; a meia-idade, com variados níveis de amadurecimento, a depender de seus conhecimentos morais e culturais; a velhice, a partir dos 70 anos, onde o Espírito principia a sofrer de angústia, desesperança e temor, na perspectiva de tornar-se um peso pesado para familiares e amigos. Sem vigor, vê-se esvaziado das esperanças de outrora, quando tudo era sonhado e possível de acontecer; e a decrepitude, vista como caminhada final, onde alguns tendem a desejar inconscientemente retornar ao útero materno, buscando-se isolar de tudo e de todos, causando um gigantesco envenenamento para a alma, facilitando a emersão de gigantescas emoções negativas. A fase penúltima da vida requer alegrias as mais variadas (leitura, lazer, meditação e diálogos ternurais), favorecendo o distanciamento dos naturais obstáculos advindos do enfraquecimento orgânico.
  2. Mais que oportuno é aprimorar sua afetividade, sem vitimismos nem bobices idióticas, favorecendo o fortalecimento de uma espiritualidade promotora de uma vida mais saudável e longeva. Algumas questões necessitam ser respondidas com ampla sinceridade, possibilitando novos redimensionamentos existenciais e propósitos mais apropriados. Ei-los: a. Você se identifica como um ser humano com sinais os mais diversos? b. Tem clareza do que quer e do que não quer para sua vida futura? c. O envelhecimento e a satisfação se imbricam na sua vida atual?; d. Tem lido sobre espiritualidade e autoconhecimento nos últimos três anos?; e. Como está se preparando para os próximos anos?
  3. A gerontóloga Lígia Posser tem um livro que deveria ser lido pelos acima de 60 anos: Idosos & Espiritualidade: o despertar para uma vida saudável, Nova Petrópolis RS, Luz da Serra, 2021, 160 p. É dela duas reflexões que merecem ser aqui transcritas: a. “Você já pensou sobre o quanto é privilegiado aquele que consegue se aposentar de forma planejada, para se manter ativo, saudável e feliz nesta fase em que contamos com mais tempo para realizar sonhos e metas antes postergados?”; b. “Amar não tem limites de idade, e o sexo pode continuar fazendo parte da vida de casais já maduros. Nessa fase da vida, o contato íntimo ganha novo formato, com diferentes maneiras de ser usufruído, exigindo mais diálogo, abertura, leveza e compreensão”.

Na era da Tecnologia XXI, jamais menospreze seu emocional, buscando sempre ler algo mais sobre a nova neurociência dos afetos, cujo livro Emocional, de Leonard Mlodinow.

E nunca se esqueçam do que disse o notável teólogo Martinho Lutero: “Os que amam profundamente jamais envelhecem; podem morrer de velhice, mas morrem jovens.”


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social