1457 – SOBRE ALGUNS INQUÉRITOS
Com toda vênia possível, permito-me, neste canto de página, expor algumas reflexões sobre inquéritos desenvolvidos Brasil afora, policiais ou ministeriais. Tais reflexões buscam apenas tentar favorecer o aclaramento de situações quando o delito pode sofrer escamoteações das mais variadas espécies, por omissão deliberada ou ignorancial, por conveniência de parte dos segmentos envolvidos, por incompetência apuratória ou analítica, também por vaidades ou avexamentos, fatores políticos ou patrimoniais, familiares ou de circunstâncias outras. Que cada brasileiro, observador de episódios dolorosos, que muito abalaram familiares e amigos, saiba extrair das reflexões abaixo, todas embasadas em estudos e análises de autores consagrados, as lições de como ampliar a sua cidadania, exigindo um basta numa cultura de fingimento que debilita o todo, comandantes e comandados, vítimas de uma sociedade que celeremente se deteriora pela incapacidade de balizar a solução de seus conflitos na direção do trinômio competência técnica x independência investigatória x ética política. Com a devida licença, explicito-as:
- “O criador de regras não tem necessidade de participar do jogo, de influenciar os participantes ou de lhes dar ordens para exercer seu poder”;
- “A partir do momento em que o sucesso se torna um valor em si, as questões sobre a finalidade e os critérios reais deste sucesso não se colocam mais”;
- “A análise é uma racionalização: permite reconhecer e ordenar os fenômenos: mas ordenando-os tende a ocultar os fenômenos que ainda não foram decifrados”;
- “Quando uma pessoa tem uma convicção forte de que uma idéia é correta, dificilmente ela questiona esta ideia com o mesmo vigor e persistência de um opositor da ideia”;
- “A bajulação se paga”;
- “Você não precisa bater com a cabeça contra uma parede ou cortar uma orelha se o seu talento não for imediatamente reconhecido”;
- “Encontrar uma pessoa para se cavalgar pode ser uma maneira fácil de se cruzar a linha de chegada em primeiro lugar. Mas, provavelmente, é também a corrida que mais truques tem”;
- “A possibilidade de confundir os valores com os fatos aumenta em casos em que a linguagem esconde os aspectos avaliativos de nossas afirmativas”;
- “Não se deve sonhar com derrubar, de um só golpe, as barreiras, mas sim como fendê-las, alargar as brechas precárias e incentivar sua multiplicação”;
- “” Para buscar a verdade, não tem importância saber de onde vem uma ideia”.
Com as minhas novas leituras, programadas a partir de POR UMA FÉ ENCARNADA: UMA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO PROTESTANTISMO NO BRASIL, Wanderley Pereira da Rosa, São Paulo, Recriar/Unida, 2020, 350 p., percebo que o mundo não é só trabalho, mas espaço para ampliar conhecimentos e capacidade de reflexão, reavaliando passos e caminhadas, posturas e compromissos, atos e fatos de pretéritos que jamais voltarão, mas que não deverão ser olvidados, para que não mais se repitam, cada vez mais desapegado das bobajadas de um cotidiano que necessita ser desconstruído para o soerguimento de um Brasil para todos os brasileiros, sem sectarismos nem preconceitos, com melhor distribuição de renda e vacinação para todos.
Considero a leitura o melhor combustível para se seguir adiante, continuando a travar o bom combate, acreditando sempre que o mundo se revolucionará pacificamente através da ação radicalmente solidária dos seres humanos pensantes.
No mais, continuarei peregrinando por onde me der na telha, sempre sob as Graças do Pai. Contemplarei feitos e atos sem remorsos nem arrependimentos. E nunca mais esquecerei que a coragem é a primeira das qualidades humanas, porque é a que garante as demais, frase dita por Aristóteles quatro séculos antes do nascimento da Criança, esse Amor Infinito de quem sou servo muito pecador.
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social