1448 – HORA DE MUDAR
Com a turbulência mundial atual, bombardeios criminosos, omissões e covardias idem, pandemia ainda em vigência e negativismos pululam pelos quatro cantos do planeta, com racismos, antissemitismos, machismos etc e tal. Para não falar na ânsia idiótica de alguns pela volta de regimes autoritários, sectários de ambos os lados. Uma poesia da Clarice Lispector bem que poderia servir de lema balizador nas eleições brasileiras próximas.
Intitulada MUDE!, os versos revelam: “a direção é mais importante que a velocidade”. E que cada um de nós deve ver o mundo com outras perspectivas. E vai além: “Lembre-se que a Vida é uma só… Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as… Só o que está morto não muda.”
Nas últimas semanas, percebe-se com nitidez a emersão de múltiplas esperanças, de solidariedades ampliadas, de posturas éticas revigoradas e de fingimentos mil desmascarados, por excesso de demagogia. Breve, as urnas deverão indicar um presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais, todos eleitos por uma gente disposta a não mais servir de exemplo negativo para as demais regiões do planeta.
Reproduzo um escrito de 1989, de Potiguar Mattos, saudoso companheiro, amigo e reitor sempre lembrado da UNICAP, quando declarava publicamente seu voto para um pernambucano candidato à Presidente da República: “Acredito que chegou a hora de todos nós assumirmos as nossas responsabilidades… Ninguém tem o direito de ignorar o que nos custou, em sangue, tortura e humilhação, o grande ato que nos espera: depositar a cédula na urna, participar da vida comunitária, opinar sobre a política nacional, sentirmo-nos gente e não bicho de rebanho, tocado pelo ferrão dos ditadores, o peso de suas botas e de suas ambições”. E foi mais além, o historiador e ensaísta já eternizado: “Como falar em voto branco ou nulo, num instante desses? Como recusar a participação no que se constitui o grande troféu na luta contra o obscurantismo, o liberticídio, o privilégio, a reação? Não votar é decidir pela menoridade do povo, sua incapacidade de escolher, a necessidade de retornar a lhe dar a graça de ser tutelado pelos homens fortes e infalíveis”.
E o meu entusiasmo se reacendeu ainda mais quando reli, recentemente, a declaração pública de voto do empresário Antoninho Marmo Trevisan, consultor de nomeada, explicitada numa revista de circulação nacional. No artigo, Trevisan declara seu voto pensando nos seus filhos e netos, também na grande maioria do Povo Brasileiro. E num país que precisa voltar a crescer, saindo de uma tartarugal caminhada de alguns anos, com um Sistema de Saúde que necessita ser ampliado e uma Educação Brasileira voltada para amanhãs progressistas, humanitistas e tecnológicos em contínua integração.
Apesar de algumas melhorias acontecidas, nossas estatísticas sociais são alarmantes, com Indices de Desenvolvimento Humano vergonhoso.
Daqui mais alguns meses, as urnas eletrônicas estarão à disposição de milhões de brasileiros. E o futuro nacional está a exigir, como Clarice Lispector já proclamava, “o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida”. Que os grotões sejam definitivamente escanteados, favorecendo um amanhã pátrio distante de um sistema financeiro internacional sugador, que se imagina tal e qual um Golias arroteiro metido a gota serena.
Reverencio saudosamente Potiguar Mattos e Antoninho Marno Trevisan. Pela lucidez explicitada nos textos. A soberania nacional exige posições nunca dúbias, ainda que sem pressa alguma, porque “a direção é mais importante que a velocidade”. E o futuro aponta para uma estratégia que viabilize a inclusão social de milhões. Um projeto que não pode ser só de um dia, mas de todos os dias, os domingos servindo para retemperar forças na direção de um novo Brasil, que está a necessitar de uma nova era desenvolvimentista, sepultando definitivamente os ontens, que não mais retornarão, apenas constando dos manuais de História do Brasil.
PS: Você sabe como reformular sua caminhada eleitoral em prol de um Basil para todos os irmãos brasileiros? Leia mais, discuta mais, identifique mais os fakenews e os negativismos dos incompetentes, incultos, oportunistas e sectários de todas as vertentes partidárias !!
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social