1447 – RESSURGÊNCIAS POSITIVAS


Os sintomas são auspiciosos: os brasileiros, após uma pandemia assassina de condução incompetente,  principiam saber, independentemente dos resultados da Copa 2022, como defenestrar, nas eleições próximas, os dilapidadores do erário público, os administradores incompetentes e os fingidos e amacacados metidos a moralizadores, sepulcros caiados da denúncia histórica do Homão da Galileia, nosso Irmão Libertador. Alguns fatos e feitos recentes ressaltam a ampliação da cidadania nacional, apesar das desilusões sentidas pelos que ainda não estão “enxergando” os novos amanhãs. Atentemos para alguns deles:

  1. Os questionamentos acerca do populismo do governo brasileiro. Já se compreende melhor por que a dívida  pública interna do país cresceu tanto. Por que a inflação agigantou-se e o desemprego e a fome se ampliaram. As explicações apontam para uma estratégia de governo “ encalacradora”, dessas que deixam o pepino nas mãos de quem for eleito presidente em 2022. Pouco importando quem seja, sucederá o estilo majestático-embromatório  do nosso capita, um metido a salvador da pátria. A própria classe média e os senhores empresários já se conscientizando estão sobre as possíveis tragédias anunciadas, em caso de reeleição.
  2. Significativa a indignação gerl explicitada nas “redes sociais” mais diferenciadas,  diante das protelações dos inquéritos que nunca terminam, das obras que jamais foram iniciadas, dos arquivamentos dos pedidos de cassação de um presidente genocida, já denunciado no Tribunal de Haia.  Além dos assassinatos que ainda não foram elucidados, por envolverem gente graúda, muito graúda mesmo.
  3. Os posicionamentos de alguns cronistas brasileiros emulam e engrandecem a cidadania pátria. As palavras de um deles: “Os índices sociais que melhoraram teriam melhorado de qualquer maneira. Mas basta olhar em volta para ver não o que foi feito, mas o que não foi feito pelo modelo econômico perverso que o governo escolheu – ou ao qual se submeteu”. O modelo do capitalismo selvagem, com desmatamentos sucessivos e estradas de ferro ao deus-dará. Para não falar da tragédia da educação brasileira em todos os níveis. E das tragédias urbanas por ausência de saneamento e prevenção.
  4. O carrancudismo está em franca decadência. Nos meus tempos de menino dizia-se “muito riso é sinal de pouco siso”. Um ditado que campeava nas famílias ditas sérias. Para gáudio dos bem-humorados, a grande idiotice se encontra com os dias contados. Na TV, viva os comerciais inteligentes, na lata do lixo os reclames narcísicos que maculam a criatividade. E viva  a alegria transmitida na campanha da vacinação infantil dos quatro cantosdo país, apesar das incompetêmncias de um ministro descuecado.
  5. Alerta de Leila Navarro para os executivos bundões de todos quadrantes brasileiros: “Enquanto você acredita que está se economizando, se poupando, tirando vantagens da situação de ir empurrando com a barriga, você está, na realidade, desperdiçando a si mesmo, perdendo grandes oportunidades para aprender, se conhecer e viver plenamente”.
  6. No Brasil ocorrem milhares de assassinatos por ano. A guerra social aqui é uma guerra verdadeira. Perguntar não ofende: por que o Brasil, que possui quadros técnicos talentosos e um STF e TSE de notáveis desempenhos no cenário jurídico, não investiu pesado para tirar milhões de pessoas da fome diária, preferindo ser mero ventríloquo do capitalismo financeiro? O questionamento é de Emir Sader, um jornalista de muita credibilidade.
  7. Muito apreciaria se os líderes políticos sérios de todos os naipes lessem um livro danado de bom chamado A CORROSÃO DO CARÁTER, de Richard Sennett, sociólogo da London School of Economics. O livro mostra porque “homens baratos precisam de gabaritos caros”. Ele explica o que é “capital impaciente” e como, nas organizações modernas, se está praticando uma concentração sem dinamismo decisório. Páginas bem escritas e sem compliquês algum.
  8. Aplausos solidários integrais as vítimas do banditismo organizado, ressurgências negativas que tentam reviver Al Capone, anos 30. E congratulações às forças policiais que estão combatendo as milícias criminosas que atuam em todos os níveis sociais, algumas delas compostas de granfinos proprietários de mansões espetaculares e aviões de grande porte, que se imaginavam impunes até bem pouco tempo.

Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social