1427 – A KOISA DO SILVINO


No portão principal da UNICAP, sobraçando Arruando pelo Recife do Leonardo Dantas, nova edição atualizada, um livro competente e com um prefácio gota serena de arretado do Gustavo Krause, esbarro com o João Silvino da Conceição de olhos grudados numa reportagem que falava da descoberta científica apelidada de A Coisa, a ser revelada nos próximos meses, em reportagem mundializada.

Tornado ao mundo dos vivos por um tapa meu nas costas e um forte Ôi João, o Silvino logo perguntou pela Rejane e pela minha neta Maria, estudando em São Paulo. Falando alto, excitado e meio, disse que estava intrigado com essa Coisa afarofada por um tampa de foguete, posto que, no Brasil, todo mundo já sabe qual será a “coisa” de 2022. No próximo ano, muita água passará por debaixo das pontes e das urnas. E também pela área do futebol pernambucano, com os três clubes principais em situação vexatória, seus torcedores integrando aquele bloco carnavalesco Seguraoku.

Em 2022, na visão silvínica, a coisa vai ser bem quente em todo o território pátrio, sob a égide do Superior Tribunal Eleitoral. Onde do lado positivo estarão aqueles que nutrem o sonho de ver o Brasil agigantar-se como nação soberana, com suas atividades econômicas saneadas, com seu Congresso Nacional e suas Assembleias Legislativas travando bons combate, os anseios por emprego, capacitação, vacina e renda tornados bandeiras maiores de uma revolução tríbia, utilizando o jargão freyreano. Uma revolução ao mesmo tempo ética, técnica e politicamente compatível com as premências exigidas pelos novos contextos sociais pós pandemia.

Nos até-outro-dia, o João Silvino me revelou uma ideia sua, por ele mesmo apelidada de A Koisa. Uma prerrogativa do eleitor brasileiro que muito ajudaria o aprimoramento da administração pública. A bolação é a seguinte: em 2022, quando da eleição, seria incluída no sistema eletrônico uma avaliação de cada administração municipal vigente. Se houvesse uma rejeição maior que 50%, a data do segundo turno seria utilizada para também eleger um novo gestor municipal, cabendo a este um mandato de dois anos, podendo ele novamente se candidatar em 2024, sendo novamente avaliado dois anos após. E assim sucessivamente. Uma Koisa que seguramente ensejaria uma atenção maior para com os serviços municipais, evitando-se escabrosas embomações marqueteiras. Uma alteração no sistema eleitoral que oneraria quase nada os orçamentos, favorecendo a defenestração de salafrários e incompetentes, bem antes da desgraceira geral, no final dos mandatos.

Confesso que gostei muitíssimo da Koisa do Silvino. Fortaleceria a Democracia, ampliaria a cidadanização do eleitorado, reduziria o tempo de empulhamento das iniciativas tabajaras do pastelão televisivo, assegurando ao Ministério Público uma maior agilidade na comprovação e punição das irresponsabilidades por ventura praticadas.

Vale a pena refletir um pouco sobre a eficácia da Koisa do João Silvino, por demais facilitada diante das apurações vapt-vupts dos atuais e seguros modernos sistemas eletrônicos.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social